Pessoas ativas durante a vida têm menos chance de se tornarem obesas

O colunista Newton Nunes dá as dicas para maior preservação de massa magra e consequentemente perda de gordura segura

Newton Nunes | Saúde · 08 fev, 2021

O aumento no número de pessoas obesas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, resulta da combinação de fatores genéticos e ambientais. Apesar das evidências de que a genética tem grande importância, o ambiente vem sendo considerado o principal determinante da epidemia, já que não foi tempo suficiente para um fator genético se estabelecer, observando principalmente a mudança de hábito no estilo de vida.

Pessoas que se mantêm ativas ao longo da vida, têm menores chances de se tornar obesas e possuem melhor distribuição corporal, com menores depósitos de gordura intra-abdominal.

Há evidências de que incluir exercícios para controlar o peso, pode minimizar a redução da taxa metabólica de repouso, que ocorre como causa das dietas hipocalóricas. No entanto, a interferência do exercício físico no metabolismo de repouso é ainda controverso, em razão de diferenças quanto ao tipo, intensidade e duração do programa de treinamento.

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É possível que a preservação de massa magra, provocada pelo exercício físico, auxilie na manutenção do metabolismo de repouso, uma vez que a musculatura esquelética é um dos componentes corporais que mais contribuem para o metabolismo energético.

Pessoas ativas durante a vida têm menos chance de se tornarem obesas

Há evidências de que incluir exercícios para controlar o peso, pode minimizar a redução da taxa metabólica de repouso Foto: Iassedesignen/Fotolia

A inclusão do treinamento físico em programas de emagrecimento, pode diminuir a redução de massa magra e minimizar a diminuição do metabolismo de repouso, ocasionadas pela perda de peso. A prática de exercício físico apresenta aspectos relacionados ao efeito agudo e também crônico sobre a mobilização e a utilização de gordura, que influenciam o emagrecimento. Isso significa dizer que, mesmo após o exercício, a mobilização e a oxidação de lípides permanece aumentada.

Dietas muito restritivas e a prática do jejum são procedimentos que diminuem o metabolismo do organismo, dificultando a perda de peso através de massa de gordura. Já as ricas em carboidratos estimulam o malonil CoA, o qual inibe a carnitina palmitoil transferase.

Dietas com baixo teor de carboidratos diminuem a produção de insulina e, com isso estimulam a produção do hormônio de crescimento (GH), o qual é responsável pela aumento da síntese proteica. Contudo, restringir os carboidratos da dieta é outro erro, pois o metabolismo oxidativo da lipólise (Beta Oxidação) é dependente de carboidratos.

O treinamento físico aeróbio realizado entre os limiares ventilatórios (intensidade moderadas, alternando com intensidades mais elevadas, próximas ao segundo limiar ventilatório) promovem elevação da biogênese mitocondrial e aumento na quantidade e ativação de enzimas oxidativas. Promovem o aumento da ativação da lipase hormônio sensível e da carnitina palmitoil transferase, responsável pela lipólise.

Porém os principais efeitos do treinamento físico no controle do peso corporal são obtidos cronicamente. Alguns efeitos de grande importância são referentes ao aumento da atividade da enzima lipase hormônio-sensível (enzima responsável pela maior mobilização de lipídeos no tecido adiposo) e da densidade mitocondrial, potencializando a oxidação de lipídeos, favorecendo assim o emagrecimento.

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Pessoas ativas durante a vida têm menos chance de se tornarem obesas

Dietas com baixo teor de carboidratos diminuem a produção de insulina e, com isso estimulam a produção do hormônio de crescimento Foto: Fotolia

Na célula adiposa, o exercício físico aumenta a sensibilidade β-adrenérgica o que sugere uma maior modulação do sistema nervoso simpático no tecido adiposo. Além disso, o treinamento físico acelera a perda de massa gorda, devido ao aumento da capacidade de oxidação de ácidos graxos livres nas células musculares

A prescrição de treinamento físico para alunos obesos, pode ser realizada por meio do exame ergoespirométrico, ou seja, realizando o treinamento entre os limiares ventilatórios para obter-se benefícios cardiorrespiratórios e metabólicos. Ela também pode ser feita por meio do teste ergométrico, utilizando-se a fórmula da frequência cardíaca de reserva ou Karvonen. Nessa população, recomenda-se treinar entre 50% e 70% para alunos obesos sedentários e 60% e 80% para condicionados.

Conclusões

A perda de peso alcançada pela dieta isoladamente leva à melhoria de todo o quadro patológico associado à obesidade, porém os benefícios adicionais obtidos com a inclusão de um programa de exercícios podem favorecer o controle metabólico, facilitando a manutenção da perda de peso. Mesmo assim, nunca realize atividade física em jejum, pois a perda de peso corporal pode vir de perda da massa magra.

*Texto originalmente publicado em 2017. 

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Newton Nunes

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Formado em Educação Física pela Universidade de São Paulo (USP) em 1992. Servidor Público pelo Hospital das Clínicas (HC FMUSP) e Professor pelo Instituto do Coração (InCor) desde Março de 1994. Especialista em Reabilitação Cardiovascular pelo Instituto do Coração (1993 a 1994). MESTRADO pela USP em 2000. DOUTORADO pela USP em 2005. Professor da Universidade Gama Filho, UNIFMU e FEFISA desde 2002. Professor da Universidade Estácio de Sá.