Quando o assunto é treino, as desculpas para esconder a preguiça são muitas. Nessas horas, tudo parece ser mais importante do que sair de casa para se exercitar. Para entender em quais situações temos que ouvir nosso corpo e ceder ao descanso ou quando precisamos exigir mais dele, entrevistamos treinadores de três atletas de alta performance.
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Com dicas e conselhos, Rafael “Palito” Cruz, treinador do triatleta Igor Amorelli; Cida Lisboa, mãe e ex-treinadora da jogadora de vôlei de praia Duda Lisboa; e Diego Martins dos Santos, treinador do jogador de futevôlei Bruno Barros mostram como dar um ‘tchau’ para a preguiça e se jogar no esporte.
Se você é um desses preguiçosos de carteirinha e quer mudar esse cenário, vale conferir as dicas:
Qual é a diferença entre preguiça e cansaço?
Rafael “Palito” Cruz: A diferença entre preguiça e cansaço é simples. Cansaço é algo normal, especialmente em um período em que se está treinando forte. Já a preguiça é visível. Com o tempo, o técnico começa a distinguir. Mas antes mesmo de acontecer algum problema, é ótimo ter um acompanhamento médico para entender seu corpo.
Cida Lisboa: A preguiça é quando o atleta pensa muito e age pouco. Ele não realiza as obrigações que tem de realizar. O cansaço é o esgotamento das atividades físicas. O corpo não vai corresponder mais e o atleta começa a baixar o desempenho por conta das atividades físicas mesmo.
Quando você percebe que o atleta está com preguiça? E como faz para motivá-lo?
Rafael “Palito” Cruz: Geralmente, quando ele não tem nenhum objetivo específico, quando está treinando apenas por treinar. A dica é ter um calendário fixo com as provas e focar no que vem pela frente.
Cida Lisboa: Quando ele fica desanimado, fica toda hora perguntando quando o treino vai acabar, quantas repetições vai ter de fazer. Nessas horas, dou exemplos de outros atletas, pois alguns se perderam no meio do caminho por conta da preguiça. Muitos tinham potencial e não conseguiram chegar onde deveriam por conta disso. E também digo a eles quantos outros gostariam de estar nesse lugar e não tiveram chance.
Quais dicas você daria para quem costuma sentir muita preguiça?
Diego Martins dos Santos: A minha dica é que o preguiçoso tente seguir uma rotina de boa alimentação e treinos em uma frequência alta semanal. Por exemplo, se esse “indivíduo preguiçoso” começa a realizar 20 minutos diários de atividade física por quatro semanas e depois passa a 30 minutos por mais quatro semanas e continua assim gradativamente, com o tempo consegue conquistar a sonhada uma hora de treino em boa intensidade.
Quais são as principais características de um atleta (amador ou profissional) preguiçoso?
Diego Martins dos Santos: A falta de dedicação. O atleta começa a fazer corpo mole nos treinos, nos jogos não vai nas bolas mais difíceis. No futevôlei, a gente chama preguiça de ‘nhaca’ e costuma dizer que o preguiçoso joga e sai limpo, sem se sujar de areia (risos).
Cida Lisboa: A principal característica de um atleta preguiçoso é que ele sempre faz as coisas pela metade. Ele perde a motivação de fazer os exercícios, começa a faltar e a dar desculpas.
Por que tem dias que estamos mais preguiçosos? Isso é algo mais físico ou psicológico?
Rafael “Palito” Cruz: Seja um atleta profissional ou amador é comum ter dias bons e ruins. É normal você se sentir com o corpo relaxado, mas o grande atleta supera isso muito fácil. A mente dele é mais forte do que a mente de descanso. O atleta amador é um pouco mais complicado, pois não é profissão dele. O profissional precisa fazer aquilo todos os dias, pois é o trabalho dele.
Diego Martins dos Santos: Eu acho que a preguiça é algo psicológico. É a falta de vontade, o indivíduo tem energia, mas não quer usar, vamos dizer assim. Alguns fatores influenciam a preguiça, como por exemplo, dias de chuva, frio, prática de atividades monótonas e a falta de uma companhia para as atividades.
Ter preguiça na hora de praticar um esporte pode significar que é melhor buscar uma outra opção de atividade física?
Cida Lisboa: Às vezes, a pessoa não se identifica com aquele tipo de esporte. E se ela encontrar outro, pode encontrar essa coragem, essa força de vontade, para praticar a atividade.
Tem pessoas que já testaram diversos esportes, mas seguem sendo preguiçosos convictos. Que conselho você daria para esses amigos sedentários?
Diego Martins dos Santos: Aconselho a continuar buscando uma atividade que se identifique, mesmo que já tenha procurado bastante. E o lance de começar com pequenas tarefas diárias e a rotina também ajudará com toda certeza.
Cida Lisboa: Eu acho que nesses casos, vale procurar um médico e pedir ajuda, para entender o que está acontecendo. A preguiça é uma doença, a pessoa vai ter de se cuidar. Não dá para viver a vida toda assim, pois não vai render em nada, nem na vida dela, nem na dos outros.
É preciso sempre se lembrar de aproveitar as coisas boas enquanto houver tempo, porque quando tiverem mais velhos, as coisas vão ficar muito mais difíceis e aí a preguiça vai tomar conta. Enquanto forem jovens, têm de aproveitar tudo, procurar um meio de conquistar algo, uma motivação a mais.
Algum truque rápido para espantar a preguiça?
Cida Lisboa: Acordar, saber que está vivo, falar pouco, agir mais, ser mais ativo e pedir orientação a alguém. O truque é trabalhar.
Rafael “Palito” Cruz: Pensar quantas pessoas queriam ter a chance de estar fazendo uma atividade física naquele momento e não podem por limitações, sejam médicas, de doença, e trocariam tudo para ter saúde e disposição. A pessoa que tem tudo isso já tem que agradecer e levantar e fazer uma atividade, pois a saúde é o maior bem.
Diego Martins dos Santos: Acompanhar pessoas bem-sucedidas na atividade que você prática ajuda bastante. Se você joga futebol, veja os treinos dos melhores atletas do mundo. Se você quer praticar Crossfit, acompanhe as melhores competições, e por aí vai. Se quer jogar futevôlei em grande nível, veja os treinos e jogos do Bruninho (risos). Isso com certeza mexe com a parte psicológica e vai espantar essa preguiça.