O envelhecimento não precisa ser sinônimo de sedentarismo. Muito pelo contrário: manter-se ativo ao longo dos anos é um dos pilares para uma vida longa e saudável. A corrida, além de ser uma das atividades físicas mais acessíveis, pode trazer benefícios para o coração, a musculatura e até a mente.
Mas quais são os impactos da corrida no organismo de quem já passou dos 50 ou 60 anos? Existe uma idade limite para praticar esse esporte? E quais cuidados são essenciais para correr com segurança na maturidade? Para responder a essas questões, conversamos com Dr. Natan Chehter, clínico geral e geriatra, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Ele explica que a corrida pode ser uma grande aliada do envelhecimento saudável, desde que praticada com os devidos cuidados.
Os benefícios da corrida para um envelhecimento saudável
De acordo com o Dr. Natan, a corrida, assim como outras atividades aeróbicas, contribui para o controle da pressão arterial, da glicemia e do colesterol, além de melhorar a capacidade respiratória e a resistência cardiovascular. “Ela pode ser uma excelente alternativa para a perda de peso e para o controle de doenças crônicas. É uma das recomendações que costumamos fazer para pacientes que precisam mudar o estilo de vida”, afirma o geriatra.
Além disso, a corrida estimula a produção de endorfinas, hormônios responsáveis pelo bem-estar, ajudando a combater sintomas de ansiedade e depressão. No entanto, a prática não pode ser isolada de outros fatores fundamentais para a saúde. “Se a pessoa tem hábitos de vida ruins, como uma alimentação inadequada, isso pode afetar diretamente o desempenho da corrida. Uma baixa ingestão de proteínas, por exemplo, pode comprometer a saúde muscular e levar à perda de massa magra”, alerta. Por isso, o acompanhamento nutricional é um complemento essencial para quem deseja continuar correndo com qualidade ao longo dos anos.
Existe uma idade limite para correr?
Essa é uma dúvida comum entre aqueles que desejam iniciar ou continuar na corrida após uma certa idade. Mas a resposta do Dr. Natan é direta: não há uma idade limite para correr. “A pessoa pode correr a vida inteira, desde que não tenha nenhuma contraindicação médica. Casos como fraturas recentes, infartos ou AVCs podem exigir um período de repouso, mas, fora isso, com supervisão médica e liberação adequada, não existe uma ‘data de vencimento’ para a corrida”, explica.
Ou seja, o importante não é a idade, mas sim o estado de saúde e a preparação do corpo para a prática esportiva.
Mudanças no corpo com o envelhecimento e os impactos na corrida
Com o passar dos anos, o organismo sofre algumas alterações naturais que podem influenciar o desempenho na corrida. Dr. Natan destaca que uma das principais mudanças ocorre nas articulações. “O envelhecimento leva à redução de alguns espaços articulares, o que pode causar uma sobrecarga e, com o tempo, levar a problemas como artrose, principalmente no joelho. No entanto, isso não significa que correr seja prejudicial, pois existem formas de diagnóstico precoce e tratamentos adequados para minimizar esses impactos”, esclarece.
Outro ponto importante é a capacidade cardíaca. “No idoso, as frequências cardíacas máximas costumam ser mais baixas do que no jovem, porque o músculo do coração responde de forma diferente ao esforço. Para quem já corre há anos e tem um bom condicionamento, isso não chega a ser um problema, mas aqueles que querem começar na maturidade podem ter mais dificuldade para atingir um nível de desempenho satisfatório rapidamente. Ainda assim, isso não é um impeditivo”, destaca o médico.
Cuidados essenciais para correr com segurança
Para quem deseja manter-se ativo e correndo por muitos anos, alguns cuidados são fundamentais. Dr. Natan reforça a importância do controle de outras condições de saúde que possam interferir no desempenho. “Se a pessoa tem diabetes, hipertensão ou problemas cardíacos, é essencial que essas doenças estejam bem controladas. O acompanhamento médico regular é indispensável para garantir que o exercício não traga riscos”, alerta.
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Além disso, antes de iniciar um programa de corrida, é necessário avaliar possíveis limitações articulares. “Se a pessoa tem problemas no joelho, tornozelo ou quadril, é fundamental passar por uma avaliação médica para verificar se há alguma contraindicação. Se houver, é possível reabilitar a articulação com fisioterapia e depois retomar a corrida com segurança”, explica.
A recuperação e o fortalecimento muscular também não devem ser negligenciados. “A corrida é um exercício de impacto, e a musculatura precisa estar preparada para suportar essa carga. O fortalecimento muscular, aliado a uma boa alimentação e um descanso adequado, é essencial para evitar lesões e garantir longevidade na prática esportiva”, recomenda.
Nunca é tarde para correr
O envelhecimento não deve ser encarado como um obstáculo para a prática da corrida. Pelo contrário: com os cuidados certos, esse esporte pode ser um grande aliado na busca por um envelhecimento saudável e ativo. “O mais importante é que a pessoa esteja bem acompanhada, com suas condições de saúde controladas e um planejamento adequado. Assim, é possível correr a vida inteira e aproveitar todos os benefícios que esse esporte oferece”, finaliza Dr. Natan Chehter.
Se você já corre, continue ouvindo o seu corpo e ajustando os treinos conforme a necessidade. Se ainda não começou, nunca é tarde para dar o primeiro passo e colher os benefícios de uma vida em movimento.