Envelhecimento saudável: como a corrida pode ser sua aliada

Leonardo Selvaggio | Saúde · 01 abr, 2025

O envelhecimento não precisa ser sinônimo de sedentarismo. Muito pelo contrário: manter-se ativo ao longo dos anos é um dos pilares para uma vida longa e saudável. A corrida, além de ser uma das atividades físicas mais acessíveis, pode trazer benefícios para o coração, a musculatura e até a mente.

Envelhecimento saudável: como a corrida pode ser sua aliada

Mas quais são os impactos da corrida no organismo de quem já passou dos 50 ou 60 anos? Existe uma idade limite para praticar esse esporte? E quais cuidados são essenciais para correr com segurança na maturidade? Para responder a essas questões, conversamos com Dr. Natan Chehter, clínico geral e geriatra, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Ele explica que a corrida pode ser uma grande aliada do envelhecimento saudável, desde que praticada com os devidos cuidados.

Os benefícios da corrida para um envelhecimento saudável

De acordo com o Dr. Natan, a corrida, assim como outras atividades aeróbicas, contribui para o controle da pressão arterial, da glicemia e do colesterol, além de melhorar a capacidade respiratória e a resistência cardiovascular. “Ela pode ser uma excelente alternativa para a perda de peso e para o controle de doenças crônicas. É uma das recomendações que costumamos fazer para pacientes que precisam mudar o estilo de vida”, afirma o geriatra.

Além disso, a corrida estimula a produção de endorfinas, hormônios responsáveis pelo bem-estar, ajudando a combater sintomas de ansiedade e depressão. No entanto, a prática não pode ser isolada de outros fatores fundamentais para a saúde. “Se a pessoa tem hábitos de vida ruins, como uma alimentação inadequada, isso pode afetar diretamente o desempenho da corrida. Uma baixa ingestão de proteínas, por exemplo, pode comprometer a saúde muscular e levar à perda de massa magra”, alerta. Por isso, o acompanhamento nutricional é um complemento essencial para quem deseja continuar correndo com qualidade ao longo dos anos.

Existe uma idade limite para correr?

Essa é uma dúvida comum entre aqueles que desejam iniciar ou continuar na corrida após uma certa idade. Mas a resposta do Dr. Natan é direta: não há uma idade limite para correr. “A pessoa pode correr a vida inteira, desde que não tenha nenhuma contraindicação médica. Casos como fraturas recentes, infartos ou AVCs podem exigir um período de repouso, mas, fora isso, com supervisão médica e liberação adequada, não existe uma ‘data de vencimento’ para a corrida”, explica.

Ou seja, o importante não é a idade, mas sim o estado de saúde e a preparação do corpo para a prática esportiva.

Mudanças no corpo com o envelhecimento e os impactos na corrida

Com o passar dos anos, o organismo sofre algumas alterações naturais que podem influenciar o desempenho na corrida. Dr. Natan destaca que uma das principais mudanças ocorre nas articulações. “O envelhecimento leva à redução de alguns espaços articulares, o que pode causar uma sobrecarga e, com o tempo, levar a problemas como artrose, principalmente no joelho. No entanto, isso não significa que correr seja prejudicial, pois existem formas de diagnóstico precoce e tratamentos adequados para minimizar esses impactos”, esclarece.

Outro ponto importante é a capacidade cardíaca. “No idoso, as frequências cardíacas máximas costumam ser mais baixas do que no jovem, porque o músculo do coração responde de forma diferente ao esforço. Para quem já corre há anos e tem um bom condicionamento, isso não chega a ser um problema, mas aqueles que querem começar na maturidade podem ter mais dificuldade para atingir um nível de desempenho satisfatório rapidamente. Ainda assim, isso não é um impeditivo”, destaca o médico.

Cuidados essenciais para correr com segurança

Para quem deseja manter-se ativo e correndo por muitos anos, alguns cuidados são fundamentais. Dr. Natan reforça a importância do controle de outras condições de saúde que possam interferir no desempenho. “Se a pessoa tem diabetes, hipertensão ou problemas cardíacos, é essencial que essas doenças estejam bem controladas. O acompanhamento médico regular é indispensável para garantir que o exercício não traga riscos”, alerta.

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Além disso, antes de iniciar um programa de corrida, é necessário avaliar possíveis limitações articulares. “Se a pessoa tem problemas no joelho, tornozelo ou quadril, é fundamental passar por uma avaliação médica para verificar se há alguma contraindicação. Se houver, é possível reabilitar a articulação com fisioterapia e depois retomar a corrida com segurança”, explica.

A recuperação e o fortalecimento muscular também não devem ser negligenciados. “A corrida é um exercício de impacto, e a musculatura precisa estar preparada para suportar essa carga. O fortalecimento muscular, aliado a uma boa alimentação e um descanso adequado, é essencial para evitar lesões e garantir longevidade na prática esportiva”, recomenda.

Nunca é tarde para correr

O envelhecimento não deve ser encarado como um obstáculo para a prática da corrida. Pelo contrário: com os cuidados certos, esse esporte pode ser um grande aliado na busca por um envelhecimento saudável e ativo. “O mais importante é que a pessoa esteja bem acompanhada, com suas condições de saúde controladas e um planejamento adequado. Assim, é possível correr a vida inteira e aproveitar todos os benefícios que esse esporte oferece”, finaliza Dr. Natan Chehter.

Se você já corre, continue ouvindo o seu corpo e ajustando os treinos conforme a necessidade. Se ainda não começou, nunca é tarde para dar o primeiro passo e colher os benefícios de uma vida em movimento.

Leonardo Selvaggio

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Um jornalista em formação apaixonado por esportes. Até o momento, aluno da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).