Entenda como a falta de treinos afeta o corpo de atletas

Ana Paula Simões | Treinamento · 30 dez, 2022

Você costuma passar alguns períodos sem treinar?  Imagine que atletas de elite, incluindo jogadores profissionais, podem ser descondicionados em um período muito curto de tempo, agora pense o que não acontece conosco, pobres mortais amadores e que gostamos de fazer nossas provas nos fins de semana. Como ficamos com essa falta de treinos?

É certo que dois dos poucos aspectos positivos da paralisação são os jogadores e atletas que recebem algum alívio da rotina de uma longa temporada e tempo suficiente para se recuperar de lesões, podendo usar o tempo de inatividade para tratar as dores e fortalecer desequilíbrios.

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Mas, tendo trabalhado há muitos anos com atletas nos hospitais e consultório e na minha época de médica da seleção brasileira de futebol feminino, descobri que mesmo uma semana de ausência no treinamento resulta em perdas mensuráveis no condicionamento dos praticantes esportivos.

Entenda como a falta de treinos afeta o corpo de atletas

Foto: Adobe Stock

Isso pode não ser um problema para LeBron James e outros jogadores da NBA que moram em mansões equipadas com enormes ginásios, e outros da nossa seleção brasileira de futebol e, lógico, outros esportes de elite. Mas e os jogadores com baixos salários e atletas amadores de quarentena, obrigatória ou autoimposta, quando ir a uma academia comercial está fora de questão? O que nos resta é seguir virtualmente nossos professores e nos estimular para minimizar a perda.

Todos sabemos que precisamos treinar de forma consistente, treinar duro e “nos recuperarmos mais” para obter o desempenho ideal. Um exemplo dessa determinação são os triatletas, que são ótimos para treinar mais e mais. Ouvimos muito sobre o verdadeiro desafio de obter uma recuperação adequada. Mas o que acontece quando fazemos uma pausa prolongada do treinamento, voluntária ou involuntariamente? Quanto tempo de inatividade é suficiente e quanto é demais?

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Reversibilidade do treinamento: “use ou perca”

O princípio da reversibilidade do treinamento afirma que, embora o treinamento físico regular resulte em melhor desempenho atlético, a falta de treinos, ou reduzir substancialmente o treinamento causa uma reversão parcial ou completa das adaptações físicas, comprometendo o desempenho atlético. No mais simples dos termos: use-o ou perca-o (traduzi do inglês “Use it or Lose it”)

Quando os triatletas param de treinar por um longo período de tempo, seus ganhos de condicionamento físico, conquistados duramente, deterioram-se e eventualmente desaparecem completamente, geralmente mais rapidamente do que foram obtidos. É necessário manter estímulo de treinamento suficiente para manter as adaptações induzidas pelo treinamento.

Em um estudo, um remador olímpico atingiu o pico de condicionamento físico durante os Jogos e depois tirou férias de 8 semanas do treinamento. Ele levou 20 semanas para retornar ao seu nível de condicionamento físico anterior!

Já em outros artigos, vemos que:

– Até 10 dias, você começa a perder resistência, aumentar a gordura corporal;
– Em cerca de 14 dias, a densidade mitocondrial e a atividade enzimática diminuem;
– De 4 a 6 semanas sem treinamento, perdemos 10% de força e potência muscular;
– Em mais que 6 semanas perdemos 6% da resistência.

A força é retida por mais tempo do que a resistência quando os atletas fazem uma pausa nos treinos. E, francamente, exercícios de fortalecimento eficazes podem ser feitos em qualquer lugar. Durante a quarentena, é o que a maioria consegue fazer e atletas provaram que isso é verdade nos artigos citados. Com relação à resistência, depois de atingir a marca de seis semanas com a falta de treinos, você começa a perder um valor considerável de “fôlego”.

Como muitas vezes é necessário muito mais tempo para recuperar o condicionamento perdido do que é preciso para a sua aquisição, entrar no modo de playoff intenso e parar por tempo prolongado de pouco exercício seria um desastre para os atletas e jogadores. Portanto, vale a pena tentar permanecer no pico do condicionamento na medida do possível, mesmo em casa. Faça um esforço e mantenha uma rotina.

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Ana Paula Simões

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Professora Instrutora e mestre em Ortopedia e Traumatologia do Esporte da Santa Casa de SP. Membro internacional e nacional da Sociedade de medicina e cirurgia da Perna, Tornozelo e Pé. Vice presidente da sociedade paulista de medicina esportiva. Comissão da prova de título da Sociedade Brasileira de medicina do esporte. Membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade de Traumatologia Esportiva. E também é corredora e nadadora.