Corredoras são mais propensas a lesões no LCA do que homens

Ana Paula Simões | Mulheres · 29 jan, 2020

As mulheres cada vez mais nos surpreendem e se superam no meio esportivo. A dedicação e força são características da determinação e capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Mas existem diferenças fisiológicas entre homens e mulheres:

– As mulheres têm uma taxa de gordura corporal mais elevada;
– Menor consumo máximo de oxigênio e hemoglobina;
– Débito cardíaco inferior;
– Diminuição da massa muscular e força.

E infelizmente não é só isso. Nas estatísticas de lesões atléticas, a mulher tem uma maior incidência de distúrbios patelo-femurais, fraturas por estresse e lesões no LCA (ligamento cruzado anterior).

Corredoras são mais propensas a lesão no LCA do que homens

Foto: Adobe Stock

Lesões no LCA

O risco de lesão é duas vez maior do que nos homens, especialmente nos esportes que tem rotação do joelho. A lesão do LCA é mais comum em mulheres devido à biomecânica da marcha e corrida e diferenças de controle neuromuscular. O condicionamento e a força desempenham também fatores importantes, pois as mulheres pousam com os joelhos em maior extensão e valgo devido à rotação interna do quadril (mulheres têm quadris mais largos). Além disso, existem fatores como:

– Articulações menores;
– Ligamento de menor tamanho;
– Níveis hormonais cíclicos (o LCA tem maior risco de lesão durante a primeira metade – fase pré-ovulatória – do ciclo menstrual);
– Alinhamento dos pés;
– Predisposição genética.

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Existem trabalhos que mostram predisposição genética: uma sub-representação do genótipo CC de uma sequência de genes COL5A1 em fêmeas com lesões no LCA. E como as mulheres podem lidar com essas diferenças que desfavorecem e contribuem para o aumento de lesões? A incidência pode ser reduzida com o treinamento neuromuscular e fortalecimento funcional. A prevenção de lesões é fundamental através do reforço muscular. Ter cuidado com a tríade da mulher atleta, que é uma condição observada e consiste em fatores apresentados a seguir.

Amenorreia: ausência de menstruação ou diminuição

A incidência de amenorreia em corredores de elite é quase 50%. Resulta de desequilíbrio energético, baixa gordura corporal e alterações do eixo hipotálamo-hipófise. A  amenorreia e outras irregularidades menstruais aumentam o risco de fraturas ósseas.

Baixo peso corporal por si só não é suficiente para explicar a perda de períodos menstruais. Mas parece que a amenorreia acontece quando se consome menos calorias. Então, você está recebendo muito pouca nutrição para a quantidade de exercício que você está fazendo.

O peso influencia a densidade óssea. O risco de perda óssea aumenta quando você tem uma baixa porcentagem de gordura corporal. A amenorreia pode ser secundária (cessação da menstruação durante seis meses após pelo menos um ciclo normal), sendo muitas vezes causada por distúrbios hormonais e está associada à desmineralização óssea e fraturas por estresse.

Desordens alimentares: ingestão de calorias insuficiente

Caracterizado pelo medo mórbido do ganho de peso, certos distúrbios alimentares levam a restrição severa da ingestão de alimentos. Isso resulta em perda de peso extremo ou mesmo fome. A maioria das atletas do sexo feminino está preocupada com seu peso corporal e forma, e pode seguir uma dieta rigorosa. Evitam nutrientes-chave que pode levar a quantidades inadequadas de proteína, ferro, cálcio e zinco na dieta.

Mulheres que na dieta eliminam produtos lácteos perdem uma fonte primária de cálcio, que é vital para a resistência óssea. Alguns estudos dizem que menos de 25% das adolescentes recebem o cálcio necessário todos os dias através de alimentos ou suplementos.

Osteoporose : enfraquecimento dos ossos deixando-os propensos à lesões

As mulheres atletas estão em risco para fraturas por estresse. Na verdade, um osso quebrado pode ser o primeiro alerta médico de que há um problema. Até 30% dos dançarinos de balé sofrem de fraturas por estresse repetidas, o que aponta para problemas de obter ossos minerais suficientes e baixo peso corporal.

Tratamento

Se você é uma atleta do sexo feminino, é importante minimizar seus riscos o tanto quanto você pode. Por exemplo, ser vigilante dos efeitos do treinamento sobre o corpo. Tomar medidas se você perde períodos menstruais ou se sua gordura corporal diminui significativamente.

Corredoras são mais propensas a lesão no LCA do que homens

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Atletas com distúrbios menstruais têm menores níveis de estrogênio, o que muitas vezes leva a menor massa óssea. Os achados mostram que uma jovem que não menstruou em quatro anos pode ter a densidade óssea de uma mulher de 50 anos de idade. Certifique-se de aumentar o cálcio em sua dieta (ou através de suplementos), e comer calorias suficientes para manter sua gordura corporal ou peso ideais.

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Pessoas que são muito magras – com uma gordura corporal abaixo de 12% para a atleta adolescente – não vai manter os ossos fortes. Além disso, uma abordagem multidisciplinar deve incluir aconselhamento psicológico, reeducação alimentar e reedução funcional.

Ana Paula Simões

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Professora Instrutora e mestre em Ortopedia e Traumatologia do Esporte da Santa Casa de SP. Membro internacional e nacional da Sociedade de medicina e cirurgia da Perna, Tornozelo e Pé. Vice presidente da sociedade paulista de medicina esportiva. Comissão da prova de título da Sociedade Brasileira de medicina do esporte. Membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade de Traumatologia Esportiva. E também é corredora e nadadora.