Dr. José Marques Neto

Graduado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP) e em cinesiologia, Magna Cum Laude, pela

Graduado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP) e em cinesiologia, Magna Cum Laude, pela Texas Christian University, nos Estados Unidos. Médico especialista em Medicina do Esporte pela SBME e em Ortopedia e Traumatologia pela SBOT, pós-graduado em Fisiologia do Exercício pelo Instituto de Ciências Biológicas-USP e em Biomecânica da Saúde e Atividade Física pela Universidade Gama Filho. Consultor em Medicina do Esporte das revistas Contra Relógio e Women's Health, e do site Webrun. Médico do Esporte do Instituto VITA em São Paulo.

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A suplementação com caseína pode ser uma boa opção

A caseína é uma proteína extraída do soro do leite que possui lenta absorção pelo corpo humano. É um suplemento que ganha cada vez mais adeptos e espaço entre os praticantes de modalidades esportivas, que treinam e desejam alcançar melhores resultados em seu desempenho.

A proteína dominante no leite de vaca, geralmente é indicada para ser consumida antes de dormir, pois é capaz de fornecer suporte proteico adequado durante o sono, evitando o catabolismo noturno e mantendo a aminoacidemia na circulação, contribuindo para o crescimento muscular.

A caseína é uma proteína de absorção lenta e pode ser utilizada como suplemento proteico em períodos de jejum, por exemplo à noite, mas que são marcados pela maior ressíntese proteica muscular, devido ao estado de repouso e pela presença do pulso de secreção do hormônio de crescimento. Esta proteína fornece aminoácidos essenciais para a musculatura esquelética por até 5 horas.

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Sensível ao pH do ambiente ácido do estômago, sua absorção é gradativa, prolongando a liberação destes aminoácidos na corrente sanguínea. O sono marca um período prolongado de jejum, o que pode prejudicar o ganho de massa muscular.

Ela pode ajudar o tempo de trânsito de moléculas proteicas pelo intestino durante a digestão, pois é formado uma espécie de "gel" que torna mais lento esta passagem e consequentemente aumenta a capacidade de absorção da parede intestinal. Desta forma, atletas e praticantes de atividade física, conseguem suprir satisfatoriamente sua necessidade proteica diária.

A caseína também possui níveis elevados de aminoácidos glicogênicos, aqueles utilizados na síntese do glicogênio. O glicogênio muscular representa um combustível importante para a contração dos músculos esqueléticos durante exercícios prolongados e extenuantes, e sua depleção tem implicação no desenvolvimento da fadiga muscular. Da mesma forma, esta proteína afeta uma série de processos metabólicos e celulares, como por exemplo a baixa concentração de glicogênio muscular, que pode levar ao aumento da degradação da proteína muscular.

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Esta proteína possui alta concentração do aminoácido glutamina, característica que auxilia praticantes de atividade física durante treinamentos intensos e indivíduos que estão submetidos a programas de reeducação alimentar, para perda e controle ponderal. Além disso, apresenta altas concentrações de tirosina, aminoácido que estimula os neurotransmissores excitatórios do cérebro, e baixa concentração de triptofano, aminoácido relacionado ao relaxamento.

Muito versátil, pode ser consumida antes de dormir, durante as refeições nas quais o aporte proteico não é suficiente, ou após os treinos, com doses que variam entre 10 a 60 g, sendo que 30 g diluídos em água atende boa parte dos casos.

Suplementação · 03 maio, 2021


Conheça a síndrome dos isquiotibiais, na região posterior da coxa

Síndrome dos isquiotibiais. Esta condição ortopédica de nome complicado vem afetando um número cada vez maior de corredores, tanto amadores quanto profissionais. Trata-se de um conjunto de sinais e sintomas caracterizado principalmente pela dor na região da tuberosidade isquiática, que é exatamente aquela protuberância óssea que podemos palpar exatamente no ponto que pressionamos quando estamos sentados.

Região posterior da coxa- Este relevo ósseo é o local de onde se originam os tendões dos músculos isquiotibiais (semimembranoso, semitendíneo e bíceps femural), e quando existe uma sobrecarga muito intensa nesta região estes tendões sofrem um desgaste, desenvolvem inicialmente um processo inflamatório no local e o quadro clínico evolui com dor, diminuição da força muscular local, desconforto ao sentar por longos períodos e dificuldade para treinar com intensidade alta.

Os músculos isquiotibiais, ou apenas ísquios, trabalham predominantemente de forma excêntrica no ciclo da marcha e da corrida, ou seja, estão realizando força enquanto estão sendo alongados. Como a contração excêntrica é mais lesiva ao tecido muscular se comparada à contração concêntrica (que faz força com o músculo sendo contraído) e como este tipo de exercício não é comumente treinado em salas de musculação pela grande maioria dos corredores, os músculos se tornam pouco preparados para suportar estas contrações e acabam por desenvolver esta lesão.

Tratamento- Exames de imagem como a ressonância magnética podem auxiliar o médico na definição do diagnóstico. De tratamento difícil e muito longo, esta condição requer inicialmente o controle dos sintomas de dor e posteriormente um treinamento muscular para a região, baseado exclusivamente em exercícios excêntricos.

Drogas anti-inflamatórias devem ser prescritas apenas para o alívio dos sintomas de dor e somente por alguns dias. Compressas de gelo também podem ser usadas no local da dor. A corrida deve ser diminuída significativamente, de acordo com os sintomas, ou até mesmo substituída por outra atividade aeróbica.

Lesão · 03 abr, 2020


Tendinite é o mesmo que tendinopatia? Entenda as diferenças

Muitas pessoas têm dúvida sobre tendinite e tendinopatia. Normalmente a pergunta mais freqüente é se os dois são a mesma coisa. Vamos por partes. Os tendões do corpo humano são faixas de tecido conjuntivo compostas por colágeno em sua maior parte, com baixo suprimento sangüíneo e difícil cicatrização, que fazem a conexão entre os músculos e os ossos, responsáveis pelo movimento de nossos membros. A conexão tendão-osso recebe o nome de entésio, e as doenças que afetam esta região são denominadas de entesopatias.

O tendão é o componente principal do conjunto músculo-tendão-osso, sendo um tecido freqüentemente acometido por um grupo de sinais e sintomas que envolvem dor crônica (mais de três semanas) com piora progressiva, inchaço, aumento de espessura, redução da mobilidade, que melhora após o aquecimento, diminuição da força de impulso, calcificações e eventualmente ruptura tendínea. Esta síndrome é chamada de tendinopatia pela literatura médica atual, ao invés de “tendinite”, termo tradicionalmente utilizado de forma errônea na prática clínica para diagnosticar a dor crônica no tendão.

O termo “tendinite” implica na formação de um processo inflamatório responsável pelo surgimento da dor, porém, as evidências do estudo microscópico e bioquímico do tendão apontam para a presença de uma lesão no corpo do tendão descrita como “tendinose”.

Não podemos excluir a ocorrência da inflamação durante os estágios iniciais desta doença, porém, a literatura atual reserva o termo “tendinite” para processos inflamatórios agudos envolvendo a bainha tendínea (membrana que envolve o tendão), enquanto que tendinopatia é o termo mais adequado para descrever quadros de dor crônica nos tendões, acompanhada dos sinais e sintomas já descritos anteriormente.

Principais causas -Todos os seres humanos começam a apresentar uma redução de elasticidade de seus tecidos a partir dos 25 anos de idade, porém, esta perda começa a se acentuar durante a quarta década de vida (31 a 40 anos). Portanto exercícios de alongamento realizados diariamente auxiliam na manutenção da flexibilidade do sistema músculo-esquelético e na prevenção de tendinopatias.

Diversos fatores são predisponentes a esta condição, incluindo os fatores intrínsecos (relacionados ao atleta) como alterações biomecânicas (ex.: pés cavos ou planos), desalinhamento e/ou discrepância do comprimento de membros inferiores, hipermobilidade articular e déficit de alongamento e/ou fortalecimento muscular. Os fatores extrínsecos (relacionados ao meio ambiente) envolvem erros de treinamento (aumento indevido de volume, frequência, intensidade), deficiências técnicas, uso de tênis inadequado e superfície desfavorável para a corrida.

O diagnóstico das tendinopatias é fundamentalmente clínico, pois os exames de imagem podem detectar alterações anatômicas proporcionais às suas condições técnicas, mas que muitas vezes apresentam apenas limitada correlação com o quadro clínico do paciente.

Seu tratamento envolve diversos aspectos e pode ser bastante trabalhoso e demorado: repouso relativo com ênfase em atividades aeróbicas alternativas à corrida, medicação analgésica e/ou antiinflamatória, medidas fisioterápicas para redução da dor e ganho de amplitude de movimento do local, exercícios de alongamento e programas de fortalecimento muscular normalmente são recomendados.

Lesão · 03 mar, 2020