superacao

Ciência e prática

Como quase tudo nestes tempos modernos, as mudanças tem se mostrado profundas e velozes. Não é diferente no esporte. Comecei a correr em 1970, em São Caetano do Sul, da forma mais amadora possível. Participava de corridas de rua quando o tempo permitia.

Dedicava-se realmente por amor a atividade física. Sempre adorei correr. Até 1379, competi e treinei nos intervalos do trabalho. A partir daí, minha vida mudou, quando bons resultados renderam um convite para integrar a equipe do Sesi, em Santo André.

Foi uma mudança radical. Entrei para uma das melhores, senão a melhor equipe de atletismo da época. Passei a receber uma ajuda financeira para me dedicar aos treinamentos e competições. Pode-se dizer que passei da água para o vinho. Os resultados vieram e, ao longo dos anos, obtive conquistas como o bicampeonato pan-americano nos 3 mil metros com obstáculos, sete títulos brasileiros consecutivos nos 3 mil e três medalhas de ouro em sul-americanos, além de uma semifinal olímpica. Mesmo assim, olhando para trás, percebo o quanto o trabalho era empírico.

Éramos atletas de ponta, mas não contávamos com nutricionista, testes fisiológicos e outros avanços científicos que vieram com o tempo. Costumo dizer que tudo era na base do achômetro. Felizmente, estávamos no caminho certo e eu, particularmente, tive um salto de qualidade para construir uma carreira de resultados nacionais e internacionais. Não posso deixar de dar méritos ao trabalho de meu ex-treinador, Asdrúbal Ferreira Batista.

Passados os anos, vivi o período de transição para as primeiras aplicações científicas do treinamento. Era a década de 80, quando deixamos de ser totalmente amadores na forma de trabalhar rumo ao profissionalismo. Os atletas passaram a ter acompanhamento nutricional, fisioterápico, além de serem submetidos a testes de avaliação, como de VO2 máximo, por exemplo. É verdade que eu estava próximo da aposentadoria como atleta, mas foi uma experiência de vida.

Quando chegou o momento da transição, de passar para o lado de fora da pista, toda a experiência como atleta, aliadado a estudos técnicos e científicos, me ajudaram a indicar aos jovens talentos os melhores caminhos rumo aos resultados positivos.

Hoje, no meu trabalho como técnico, percebo o quanto a evolução tecnológica no esporte. E a tendência é melhorar cada vez mais. Com a globalização, estamos mais próximos do resto do mundo e os avanços não demoram tanto a chegar por aqui.

Trabalho com alguns dos melhores corredores do Brasil, como o Marílson Gomes dos Santos, Clodoaldo Gomes da Silva, Juliana Azevedo, entre outros. E ajudei outros, como Hudson Santos de Souza. Tenho grandes talentos nas mãos e trabalhamos com o objetivo de chegar, e bem, aos Jogos Olímpicos. E é impressionante como a análise de dados pode nortear os rumos do treinamento rumo ás vitórias. Mas é importante dizer que não fiquei somente com minha experiência como atleta. Fui estudar. Me formei em Educação Física e fiz outros cursos técnicos. Vale lembrar que é preciso ter equilíbrio. Não dá para ser apenas o teórico, sem feeling, nem o prático, sem conhecimento científico. O equilíbrio é fundamental para o sucesso em qualquer atividade, Não é diferente no esporte.

(*) Bicampeão pan-americano, hexacampeão brasileiro e tri sul-americano, trabalha como técnico na equipe da ONG Silvio de Magalhães Padilha.

Texto reproduzido com autorização da revista SuperAção


Ciência e prática

Atletismo · 29 jun, 2003

Como quase tudo nestes tempos modernos, as mudanças tem se mostrado profundas e velozes. Não é diferente no esporte. Comecei a correr em 1970, em São Caetano do Sul, da forma mais amadora possível. Participava de corridas de rua quando o tempo permitia.

Dedicava-se realmente por amor a atividade física. Sempre adorei correr. Até 1379, competi e treinei nos intervalos do trabalho. A partir daí, minha vida mudou, quando bons resultados renderam um convite para integrar a equipe do Sesi, em Santo André.

Foi uma mudança radical. Entrei para uma das melhores, senão a melhor equipe de atletismo da época. Passei a receber uma ajuda financeira para me dedicar aos treinamentos e competições. Pode-se dizer que passei da água para o vinho. Os resultados vieram e, ao longo dos anos, obtive conquistas como o bicampeonato pan-americano nos 3 mil metros com obstáculos, sete títulos brasileiros consecutivos nos 3 mil e três medalhas de ouro em sul-americanos, além de uma semifinal olímpica. Mesmo assim, olhando para trás, percebo o quanto o trabalho era empírico.

Éramos atletas de ponta, mas não contávamos com nutricionista, testes fisiológicos e outros avanços científicos que vieram com o tempo. Costumo dizer que tudo era na base do achômetro. Felizmente, estávamos no caminho certo e eu, particularmente, tive um salto de qualidade para construir uma carreira de resultados nacionais e internacionais. Não posso deixar de dar méritos ao trabalho de meu ex-treinador, Asdrúbal Ferreira Batista.

Passados os anos, vivi o período de transição para as primeiras aplicações científicas do treinamento. Era a década de 80, quando deixamos de ser totalmente amadores na forma de trabalhar rumo ao profissionalismo. Os atletas passaram a ter acompanhamento nutricional, fisioterápico, além de serem submetidos a testes de avaliação, como de VO2 máximo, por exemplo. É verdade que eu estava próximo da aposentadoria como atleta, mas foi uma experiência de vida.

Quando chegou o momento da transição, de passar para o lado de fora da pista, toda a experiência como atleta, aliadado a estudos técnicos e científicos, me ajudaram a indicar aos jovens talentos os melhores caminhos rumo aos resultados positivos.

Hoje, no meu trabalho como técnico, percebo o quanto a evolução tecnológica no esporte. E a tendência é melhorar cada vez mais. Com a globalização, estamos mais próximos do resto do mundo e os avanços não demoram tanto a chegar por aqui.

Trabalho com alguns dos melhores corredores do Brasil, como o Marílson Gomes dos Santos, Clodoaldo Gomes da Silva, Juliana Azevedo, entre outros. E ajudei outros, como Hudson Santos de Souza. Tenho grandes talentos nas mãos e trabalhamos com o objetivo de chegar, e bem, aos Jogos Olímpicos. E é impressionante como a análise de dados pode nortear os rumos do treinamento rumo ás vitórias. Mas é importante dizer que não fiquei somente com minha experiência como atleta. Fui estudar. Me formei em Educação Física e fiz outros cursos técnicos. Vale lembrar que é preciso ter equilíbrio. Não dá para ser apenas o teórico, sem feeling, nem o prático, sem conhecimento científico. O equilíbrio é fundamental para o sucesso em qualquer atividade, Não é diferente no esporte.

(*) Bicampeão pan-americano, hexacampeão brasileiro e tri sul-americano, trabalha como técnico na equipe da ONG Silvio de Magalhães Padilha.

Texto reproduzido com autorização da revista SuperAção

Entre dois mundos: competitivos X amadores

Entenda o limite entre o amador que corre por prazer e quem batalha para cruzar a linha de chegada na frente

Correr é perseguir objetivos, sempre. Muitos treinam apenas visando qualidade de vida. Outros querem ser cada vez mais competitivos. Brigar passada a passada pelo pódio. Mesmo com objetivos diferentes, o senso comum é a paixão e o prazer pela corrida. Todos têm metas e melhorar a performance é o destino inevitável de quem pratica atividade física. Difícil é, muitas vezes, distinguir esses dois tipos de amadores que invadem pistas e ruas de todo o Brasil. Afinal, qual a diferença entre o atleta ‘light’ e o competidor? SuperAção foi buscar a resposta.

Cada perfil tem um estilo de vida. Treinamento, postura e alterações na vida pessoal são diferenciais básicos. Para aquele que busca performance, treinamento e competição passam a ser um compromisso. Dedicação é a palavra de ordem. A pessoa que corre pela saúde encara treinos de intensidade mais baixas, nos quais não há tanta exigência e quase nenhum sofrimento. Para esse tipo de amador, a atividade física se encaixa ao estilo de vida habitual, sem radicalismo em nome do esporte.

O diretor administrativo Antonio Carlos Fiore, 52 anos, pratica corrida há 21 anos e sempre teve como grande meta disputar maratonas. Hoje, depois de 21 provas de 42.195 km, continua treinando disciplinadamente, mas seu grande adversário é o atleta do outro lado do espelho. “Comecei a correr porque parei de fumar e comecei a engordar. No início achava maluco quem corria uma maratona, mas, com os treinos, fui vendo que era possível. Iniciei nas provas de bairro até chegar a maratona. Sempre estabeleço novos objetivos, este ano quero voltar a Maratona de Chicago para baixar o meu tempo. Treino com disciplina para fazer uma prova tranqüila e chegar inteiro, se possível baixando minha marca pessoal, explica, lembrando que o esporte não altera seus hábitos. “Tento manter hábitos saudáveis, mas não deixo de ter uma vida social, tomar minha cervejinha. Três meses antes da competição, levo uma vida mais restrita com respeito à alimentação, descanso. Desde que comecei a correr não tive mais problemas com o peso e encaro as dificuldades com mais tranqüilidade.”

Para amadores como Fiore, as competições têm a função de manter a motivação. A freqüência pode variar de uma por mês, dependendo das características do evento, até uma a cada dois meses. A variação depende do interesse e objetivo do corredor.

O técnico Nelson Evêncio indica prudência. “Acho ideal para o corredor que visa qualidade de vida fazer uma prova por mês ou uma a cada dois meses. Sempre para servir de incentivo. Após esta prova, ele terá uma semana de recuperação (treinos leves) e tempo para reflexão sobre o que aconteceu durante a competição. Depois, mais outras três para treinar um pouco mais forte para uma outra competição.”

Quero mais - O momento em que o esportista começa a confrontar seus treinos anteriores ou comparar-se com os outros corredores é um forte indício de que está querendo mais que uma simples prática esportiva. Muitos corredores ficam mais competitivos à medida que percebem a evolução individual em resposta ao programa de treinamento. O caminho natural é que o iniciante evolua e trace objetivos mais desafiadores, o que estimula a dedicação a uma meta competitiva. Além disso, após um período de atividade, os benefícios para a saúde passam a ser percebidos como básicos e inerentes à prática da corrida, o que leva o corredor a alçar vôos maiores.

Quando percebe estar disposto a encarar a corrida como um esporte competitivo, o comportamento em relação à preparação se modifica. “O indivíduo começa a ter preocupação em empenhar-se para fazer os treinos em tempos menores, mesmo que isso custe um pouco mais de esforço. Presta atenção nos treinos dos outros corredores e não somente no seu. Fica chateado quando não consegue fazer o mesmo percurso no tempo que fez anteriormente, quando não o faz em tempo melhor ou quando alguém do grupo termina mais rápido”, conta o técnico Nelson Evêncio.

Sucesso no mundo competitivo implica mudanças no estilo de vida. Enquanto o amador ‘comum’ deve apenas preocupar-se em ter hábitos saudáveis, o corredor competitivo precisa cuidar ao máximo da alimentação, descanso, vida social e até mesmo da rotina profissional. O treinador Renato Dutra, pós-graduado em treinamento, confirma que é necessário disposição para encarar as dificuldades. “Quanto maior o nível de ambição, maior deverá ser a dedicação, até o ponto em que o próprio indivíduo deverá questionar se valerá a pena ou não sacrificar-se na busca por resultados.” Quem busca melhorar marcas deverá seguir o programa de treinamento religiosamente e se exercitar independente das condições climáticas. A disciplina passará a ser algo indispensável.

A administradora de empresas Fabiana Rodrigues Pereira, 24 anos, que no ano passado foi segunda colocada no ranking da Corpore (categoria 20-24 anos feminino) confirma que sem sacrifícios não há resultados. “Não diria que a corrida é a minha prioridade, pois tenho outros interesses e também não sobrevivo do esporte, mas está quase lá. Se tenho que abrir mão de algumas coisas, atividades, pelo meu treino, faço. A minha vida noturna, por exemplo, mudou a partir do momento que comecei a ter o objetivo competitivo. Nunca gostei muito de sair à noite, fazer madrugada, mas hoje não faço de forma alguma, pois sei que estarei mal no treino do dia seguinte. Gosto de vinho, mas restringi o uso, somente no fim de semana e em poucas doses.”

Perigos - Segundo os técnicos, os cuidados que o corredor deve ter nesta fase são principalmente com relação à prevenção de lesões e o exagero. Afirmam que a progressão da carga de treinamento deve ser feita gradualmente, e sempre em ritmo menor do que o atleta suportaria. Como ensina a sabedoria popular: ‘É melhor prevenir do que remediar’. Cuidado em não exceder os limites, não treinar sem estar bem alimentado, aquecido e alongado, além de não exigir acima das possibilidades naturais e não estabelecer metas irreais.

Outro ponto que precisa de atenção especial é a preparação psicológica. O competidor pode apresentar dificuldades para lidar com a ansiedade, motivação e todos os fatores mentais que permeiam a vida de um atleta. A prática esportiva relaxa e alivia as tensões diárias que a sociedade está sujeita, mas quando o esporte se torna uma meta desafiadora, o que antes era um aliado na luta contra o estresse, pode tornar-se um fator de estresse.

O grau de exigência que um indivíduo se impõe é um ponto que influencia demasiadamente a ansiedade. Aconselha-se que o processo de estabelecimento de metas seja supervisionado pelo técnico, que vai controlar físico e dar orientação a mente. O presidente da ATC São Paulo (Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo), Cláudio Roberto de Castilho, afirma que o fator psicológico pode ao mesmo tempo ajudar ou atrapalhar a evolução do atleta. “Este é o fator que pode potencializar ou estragar a performance esportiva. Por esse motivo, durante os treinos, é importante situar o corredor na realidade e conter sua ansiedade. Evitar fazer previsões muito otimistas de tempo de prova e sempre usar margens de segurança para não causar desânimo ou desapontamento.”

É muito importante que o treinador ajude o corredor a estabelecer metas realistas e saiba conter seus excessos sem desmotivá-lo. A atenção do profissional é redobrada, pois a partir desta fase os riscos de lesão ou frustração começam aumentar. “O treinador respeita, orienta e busca disponibilizar o maior número de informações para que o atleta não exceda e acabe não atingindo sua meta. O que seria um desastre nesta fase, já que estamos falando de um iniciante no universo competitivo”, destaca Castilho.

Fabiana, que nesta temporada prioriza provas mais longas, como duas meia maratonas (entre elas a de Buenos Aires), o Revezamento Pão de Açúcar (em dupla) e a Volta da Pampulha, confirma que o treinamento orientado foi fundamental para sua evolução. “Comecei em 2000, quando morava na Itália, para ter uma atividade física. Corria sozinha, sem nenhuma orientação. Então, quando cansava, parava. Quando voltei ao Brasil, depois de seis meses, conheci o pessoal da Ação Total e iniciei um treinamento adequado. A partir do momento que comecei a verificar minha evolução, com preparação adequada a cada nova realidade da minha performance, fui me entusiasmando. Como sempre fui uma pessoa competitiva, resolvi me dedicar mais para alcançar resultados.” Atualmente, a atleta de São Paulo que disputa provas de 6 a 21 km, treina cinco vezes por semana e faz três sessões de musculação (fortalecimento muscular para prevenir lesões), além de seguir um cardápio balanceado, sem ingestão de frituras e evita doces.

O exemplo de Fabiana mostra que para o atleta competitivo os treinos passam a ser mais intensos, com mais freqüência na semana. Como a cobrança por uma performance cresce nesta fase, a sensação de prazer durante o exercício diminui em alguns treinos, substituída pelo esforço intenso. O prazer passa a ser conseguir correr mais rápido e terminar em melhores condições. O técnico Renato Dutra ressalta que as caraterísticas individuais são mantidas para a elaboração do programa de preparação. “O treinamento vai tornando-se mais específico e agressivo para aqueles que passam a pensar mais em performance. Cada atleta será tratado de forma individual, mas geralmente o corredor vai acrescentando mais sessões de treino durante a semana e pode haver também a inclusão de treinos de ritmo, intervalados, etc.”

Tanto esforço visa um objetivo, a linha de chegada. Nessa fase, as competições começam a ser divididas em grau de importância. Depois que a principal é escolhida, as demais passam a fazer parte do processo de treinamento, avaliação e verificação da resposta dos períodos de treino e preparação psicológica. A freqüência de provas depende muito do nível, especialidade e distância que o corredor pratica, mas é consenso entre treinadores que o amador que inicia a busca por performance deve fazer no máximo uma ou duas provas por mês, de preferência com intervalo entre 15 a 20 dias entre elas. Normalmente a primeira prova será de menor importância e servirá como um bom treino para a seguinte, mais importante.”

Praticante:

Busca os benefícios ocasionados pela prática esportiva

Encara a rotina de treinos de maneira informal, conciliando de forma tranqüila vida social e necessidades de treino. Grau de ansiedade normal pelas novas situações que irá vivenciar

  • Treino de intensidade baixa a média, de duas a quatros vezes por semana
  • Mantém hábitos saudáveis
  • Conhece os conceitos básicos da corrida
  • Uma prova por mês ou uma a cada dois meses para servir de incentivo.

Competitivo:

Visa a performance. O importante é o resultado, a evolução e o contínuo aperfeiçoamento técnico:

  • Encara o treinamento de maneira sistemática e vital para alcançar e satisfazer os anseios competitivos
  • Vida pessoal sofre alterações em função da corrida
  • Grau de ansiedade aumenta em razão da busca de resultados
  • Treinos de maior intensidade e com maior freqüência
  • Aumenta o risco de lesão
  • Segue uma dieta balanceada e valoriza o descanso
  • Aumenta o grau de informação sobre a técnica de corrida
  • No máximo duas provas por mês, de preferência com intervalo entre 15 dias e 20 dias entre elas.

Dicas do técnico Nelson Evêncio:

  • Evite o auto-treinameto. Contrate um profissional de educação física com registro no CREF, e especializado em corridas para elaborar seu treinamento e ajudá-lo a estabelecer metas realistas.
  • Se você não é profissional, não coloque a corrida como a prioridade de sua vida.
  • Respeite seus limites de biotipo e disponibilidade de tempo para treinar para não ser mais um frustado ou lesionado.
  • Compare-se primeiro com você para depois comparar-se com os outros corredores.
  • Não queira competir com pessoas que já treinam a mais tempo que você.
  • Não queira colher antes do tempo, pois ninguém vira campeão da noite para o dia.
  • Não faça provas em excesso. Corra no máximo duas provas por mês e somente duas maratona por ano, com intervalo de no mínimo cinco meses entre elas.
  • Treino é treino e prova é prova. Não faça de seus treinos competições para não entrar nas provas exausto.
  • Invista em equipamentos, utilize-os, não os deixe em casa como enfeite, mas lembre-se: se você não treinar não adiantará nada tê-los, pois eles não poderão correr por você.
  • Faça muitos amigos no mundo da corrida, respeite os outros corredores e treine sempre com disposição.


Entre dois mundos: competitivos X amadores

Corridas de Rua · 27 jun, 2003

Entenda o limite entre o amador que corre por prazer e quem batalha para cruzar a linha de chegada na frente

Correr é perseguir objetivos, sempre. Muitos treinam apenas visando qualidade de vida. Outros querem ser cada vez mais competitivos. Brigar passada a passada pelo pódio. Mesmo com objetivos diferentes, o senso comum é a paixão e o prazer pela corrida. Todos têm metas e melhorar a performance é o destino inevitável de quem pratica atividade física. Difícil é, muitas vezes, distinguir esses dois tipos de amadores que invadem pistas e ruas de todo o Brasil. Afinal, qual a diferença entre o atleta ‘light’ e o competidor? SuperAção foi buscar a resposta.

Cada perfil tem um estilo de vida. Treinamento, postura e alterações na vida pessoal são diferenciais básicos. Para aquele que busca performance, treinamento e competição passam a ser um compromisso. Dedicação é a palavra de ordem. A pessoa que corre pela saúde encara treinos de intensidade mais baixas, nos quais não há tanta exigência e quase nenhum sofrimento. Para esse tipo de amador, a atividade física se encaixa ao estilo de vida habitual, sem radicalismo em nome do esporte.

O diretor administrativo Antonio Carlos Fiore, 52 anos, pratica corrida há 21 anos e sempre teve como grande meta disputar maratonas. Hoje, depois de 21 provas de 42.195 km, continua treinando disciplinadamente, mas seu grande adversário é o atleta do outro lado do espelho. “Comecei a correr porque parei de fumar e comecei a engordar. No início achava maluco quem corria uma maratona, mas, com os treinos, fui vendo que era possível. Iniciei nas provas de bairro até chegar a maratona. Sempre estabeleço novos objetivos, este ano quero voltar a Maratona de Chicago para baixar o meu tempo. Treino com disciplina para fazer uma prova tranqüila e chegar inteiro, se possível baixando minha marca pessoal, explica, lembrando que o esporte não altera seus hábitos. “Tento manter hábitos saudáveis, mas não deixo de ter uma vida social, tomar minha cervejinha. Três meses antes da competição, levo uma vida mais restrita com respeito à alimentação, descanso. Desde que comecei a correr não tive mais problemas com o peso e encaro as dificuldades com mais tranqüilidade.”

Para amadores como Fiore, as competições têm a função de manter a motivação. A freqüência pode variar de uma por mês, dependendo das características do evento, até uma a cada dois meses. A variação depende do interesse e objetivo do corredor.

O técnico Nelson Evêncio indica prudência. “Acho ideal para o corredor que visa qualidade de vida fazer uma prova por mês ou uma a cada dois meses. Sempre para servir de incentivo. Após esta prova, ele terá uma semana de recuperação (treinos leves) e tempo para reflexão sobre o que aconteceu durante a competição. Depois, mais outras três para treinar um pouco mais forte para uma outra competição.”

Quero mais - O momento em que o esportista começa a confrontar seus treinos anteriores ou comparar-se com os outros corredores é um forte indício de que está querendo mais que uma simples prática esportiva. Muitos corredores ficam mais competitivos à medida que percebem a evolução individual em resposta ao programa de treinamento. O caminho natural é que o iniciante evolua e trace objetivos mais desafiadores, o que estimula a dedicação a uma meta competitiva. Além disso, após um período de atividade, os benefícios para a saúde passam a ser percebidos como básicos e inerentes à prática da corrida, o que leva o corredor a alçar vôos maiores.

Quando percebe estar disposto a encarar a corrida como um esporte competitivo, o comportamento em relação à preparação se modifica. “O indivíduo começa a ter preocupação em empenhar-se para fazer os treinos em tempos menores, mesmo que isso custe um pouco mais de esforço. Presta atenção nos treinos dos outros corredores e não somente no seu. Fica chateado quando não consegue fazer o mesmo percurso no tempo que fez anteriormente, quando não o faz em tempo melhor ou quando alguém do grupo termina mais rápido”, conta o técnico Nelson Evêncio.

Sucesso no mundo competitivo implica mudanças no estilo de vida. Enquanto o amador ‘comum’ deve apenas preocupar-se em ter hábitos saudáveis, o corredor competitivo precisa cuidar ao máximo da alimentação, descanso, vida social e até mesmo da rotina profissional. O treinador Renato Dutra, pós-graduado em treinamento, confirma que é necessário disposição para encarar as dificuldades. “Quanto maior o nível de ambição, maior deverá ser a dedicação, até o ponto em que o próprio indivíduo deverá questionar se valerá a pena ou não sacrificar-se na busca por resultados.” Quem busca melhorar marcas deverá seguir o programa de treinamento religiosamente e se exercitar independente das condições climáticas. A disciplina passará a ser algo indispensável.

A administradora de empresas Fabiana Rodrigues Pereira, 24 anos, que no ano passado foi segunda colocada no ranking da Corpore (categoria 20-24 anos feminino) confirma que sem sacrifícios não há resultados. “Não diria que a corrida é a minha prioridade, pois tenho outros interesses e também não sobrevivo do esporte, mas está quase lá. Se tenho que abrir mão de algumas coisas, atividades, pelo meu treino, faço. A minha vida noturna, por exemplo, mudou a partir do momento que comecei a ter o objetivo competitivo. Nunca gostei muito de sair à noite, fazer madrugada, mas hoje não faço de forma alguma, pois sei que estarei mal no treino do dia seguinte. Gosto de vinho, mas restringi o uso, somente no fim de semana e em poucas doses.”

Perigos - Segundo os técnicos, os cuidados que o corredor deve ter nesta fase são principalmente com relação à prevenção de lesões e o exagero. Afirmam que a progressão da carga de treinamento deve ser feita gradualmente, e sempre em ritmo menor do que o atleta suportaria. Como ensina a sabedoria popular: ‘É melhor prevenir do que remediar’. Cuidado em não exceder os limites, não treinar sem estar bem alimentado, aquecido e alongado, além de não exigir acima das possibilidades naturais e não estabelecer metas irreais.

Outro ponto que precisa de atenção especial é a preparação psicológica. O competidor pode apresentar dificuldades para lidar com a ansiedade, motivação e todos os fatores mentais que permeiam a vida de um atleta. A prática esportiva relaxa e alivia as tensões diárias que a sociedade está sujeita, mas quando o esporte se torna uma meta desafiadora, o que antes era um aliado na luta contra o estresse, pode tornar-se um fator de estresse.

O grau de exigência que um indivíduo se impõe é um ponto que influencia demasiadamente a ansiedade. Aconselha-se que o processo de estabelecimento de metas seja supervisionado pelo técnico, que vai controlar físico e dar orientação a mente. O presidente da ATC São Paulo (Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo), Cláudio Roberto de Castilho, afirma que o fator psicológico pode ao mesmo tempo ajudar ou atrapalhar a evolução do atleta. “Este é o fator que pode potencializar ou estragar a performance esportiva. Por esse motivo, durante os treinos, é importante situar o corredor na realidade e conter sua ansiedade. Evitar fazer previsões muito otimistas de tempo de prova e sempre usar margens de segurança para não causar desânimo ou desapontamento.”

É muito importante que o treinador ajude o corredor a estabelecer metas realistas e saiba conter seus excessos sem desmotivá-lo. A atenção do profissional é redobrada, pois a partir desta fase os riscos de lesão ou frustração começam aumentar. “O treinador respeita, orienta e busca disponibilizar o maior número de informações para que o atleta não exceda e acabe não atingindo sua meta. O que seria um desastre nesta fase, já que estamos falando de um iniciante no universo competitivo”, destaca Castilho.

Fabiana, que nesta temporada prioriza provas mais longas, como duas meia maratonas (entre elas a de Buenos Aires), o Revezamento Pão de Açúcar (em dupla) e a Volta da Pampulha, confirma que o treinamento orientado foi fundamental para sua evolução. “Comecei em 2000, quando morava na Itália, para ter uma atividade física. Corria sozinha, sem nenhuma orientação. Então, quando cansava, parava. Quando voltei ao Brasil, depois de seis meses, conheci o pessoal da Ação Total e iniciei um treinamento adequado. A partir do momento que comecei a verificar minha evolução, com preparação adequada a cada nova realidade da minha performance, fui me entusiasmando. Como sempre fui uma pessoa competitiva, resolvi me dedicar mais para alcançar resultados.” Atualmente, a atleta de São Paulo que disputa provas de 6 a 21 km, treina cinco vezes por semana e faz três sessões de musculação (fortalecimento muscular para prevenir lesões), além de seguir um cardápio balanceado, sem ingestão de frituras e evita doces.

O exemplo de Fabiana mostra que para o atleta competitivo os treinos passam a ser mais intensos, com mais freqüência na semana. Como a cobrança por uma performance cresce nesta fase, a sensação de prazer durante o exercício diminui em alguns treinos, substituída pelo esforço intenso. O prazer passa a ser conseguir correr mais rápido e terminar em melhores condições. O técnico Renato Dutra ressalta que as caraterísticas individuais são mantidas para a elaboração do programa de preparação. “O treinamento vai tornando-se mais específico e agressivo para aqueles que passam a pensar mais em performance. Cada atleta será tratado de forma individual, mas geralmente o corredor vai acrescentando mais sessões de treino durante a semana e pode haver também a inclusão de treinos de ritmo, intervalados, etc.”

Tanto esforço visa um objetivo, a linha de chegada. Nessa fase, as competições começam a ser divididas em grau de importância. Depois que a principal é escolhida, as demais passam a fazer parte do processo de treinamento, avaliação e verificação da resposta dos períodos de treino e preparação psicológica. A freqüência de provas depende muito do nível, especialidade e distância que o corredor pratica, mas é consenso entre treinadores que o amador que inicia a busca por performance deve fazer no máximo uma ou duas provas por mês, de preferência com intervalo entre 15 a 20 dias entre elas. Normalmente a primeira prova será de menor importância e servirá como um bom treino para a seguinte, mais importante.”

Praticante:

Busca os benefícios ocasionados pela prática esportiva

Encara a rotina de treinos de maneira informal, conciliando de forma tranqüila vida social e necessidades de treino. Grau de ansiedade normal pelas novas situações que irá vivenciar

  • Treino de intensidade baixa a média, de duas a quatros vezes por semana
  • Mantém hábitos saudáveis
  • Conhece os conceitos básicos da corrida
  • Uma prova por mês ou uma a cada dois meses para servir de incentivo.

Competitivo:

Visa a performance. O importante é o resultado, a evolução e o contínuo aperfeiçoamento técnico:

  • Encara o treinamento de maneira sistemática e vital para alcançar e satisfazer os anseios competitivos
  • Vida pessoal sofre alterações em função da corrida
  • Grau de ansiedade aumenta em razão da busca de resultados
  • Treinos de maior intensidade e com maior freqüência
  • Aumenta o risco de lesão
  • Segue uma dieta balanceada e valoriza o descanso
  • Aumenta o grau de informação sobre a técnica de corrida
  • No máximo duas provas por mês, de preferência com intervalo entre 15 dias e 20 dias entre elas.

Dicas do técnico Nelson Evêncio:

  • Evite o auto-treinameto. Contrate um profissional de educação física com registro no CREF, e especializado em corridas para elaborar seu treinamento e ajudá-lo a estabelecer metas realistas.
  • Se você não é profissional, não coloque a corrida como a prioridade de sua vida.
  • Respeite seus limites de biotipo e disponibilidade de tempo para treinar para não ser mais um frustado ou lesionado.
  • Compare-se primeiro com você para depois comparar-se com os outros corredores.
  • Não queira competir com pessoas que já treinam a mais tempo que você.
  • Não queira colher antes do tempo, pois ninguém vira campeão da noite para o dia.
  • Não faça provas em excesso. Corra no máximo duas provas por mês e somente duas maratona por ano, com intervalo de no mínimo cinco meses entre elas.
  • Treino é treino e prova é prova. Não faça de seus treinos competições para não entrar nas provas exausto.
  • Invista em equipamentos, utilize-os, não os deixe em casa como enfeite, mas lembre-se: se você não treinar não adiantará nada tê-los, pois eles não poderão correr por você.
  • Faça muitos amigos no mundo da corrida, respeite os outros corredores e treine sempre com disposição.

Revista SuperAção será mensal à partir de maio

Corridas de Rua · 18 mar, 2003

A revista SuperAção especializada em Corridas de Rua e Triathlon chega a sua quarta edição (março/abril), ampliando seu conteúdo editorial, bem como, a sua base de assinantes e distribuição em bancas de jornais.

A boa novidade divulgada por Sergio Coutinho Nogueira, presidente da Editora Multiesportes - que edita a publicação - é que à partir do próximo número (#5 - maio) a revista passa a ser mensal - atualmente sua periodicidade é bimestral. Atualmente a SuperAção pode ser adquirida em bancas de jornais em 23 cidades do Brasil.

Confira onde encontrar a SuperAção em bancas de jornal:

  • São Paulo
  • Rio de Janeiro
  • Belo Horizonte
  • Curitiba
  • Porto Alegre
  • Brasília
  • Vitória
  • Florianópolis
  • Campinas
  • Santos
  • Salvador
  • Recife
  • Sorocaba
  • Maceió
  • Manaus
  • Teresina
  • João Pessoa
  • Fortaleza
  • Goiânia
  • São Luiz
  • Campo Grande
  • Cuiabá
  • Belém
  • São José dos Campos
  • Blumenau
  • Ribeirão Preto
  • São José do Rio Preto
  • Presidente Prudente
Segundo Coutinho, a distribuição vai gradativamente crescendo: "Aos poucos estamos aumentando o número de cidades que recebem a SuperAção nas bancas. Para as cidades que não são atendidas os interessados podem optar por assinarem a revista, basta acessar o menú Revista do WebRun e fazer seu pedido "on line".

Luis Antônio dos Santos: longe da aposentadoria

Férias para os pés? Nem pensar... Aos 38 anos, Luiz Antonio dos Santos passa longe da aposentadoria. Superou problemas físicos e treina forte em busca de títulos.

A história é conhecida. Atleta de origem humilde que alcança o sucesso. Mas este personagem tem um capítulo diferente. Estreou tarde no mundo das corridas e depois de 13 anos de carreira nem pensa em aposentadoria. Aos 38 anos, o maratonista Luiz Antonio dos Santos sonha em conquistar uma medalha olímpica e espera virar mais uma página de sua história em 2003.

“Não penso em aposentadoria porque ainda sinto que posso vencer maratonas. Quando começar a perceber que os meus tempos já não são mais competitivos, vou procurar outras categorias. Esta história de aposentadoria me incomoda, porque estou com 38 anos tenho que parar? Acho que não tem que avaliar número e sim a performance. Muitos começam cedo e param mais cedo. Tive um início tardio para a média e, portanto, vou passar a idade esperada. Tem que se avaliar o treinamento e os cuidados do atleta e não simplesmente a idade. Tenho condições de me manter na elite.”

Como a maioria dos garotos brasileiros, Luiz Antonio sonhava ser um grande jogador de futebol. De vez em quando ‘brincava’ de correr em provas na cidade natal, Volta Redonda, e se saia bem. Estava sempre entre os 10 primeiros. Aos 22 anos conheceu um corredor da equipe de Barra Mansa (RJ) e pediu para ir competir em uma prova no Rio de Janeiro. “Naquela época ir conhecer o Rio de Janeiro era um sonho, pois a situação era difícil e não tinha dinheiro para nada. Então, ele me disse que se eu estivesse às 2h da manhã na rodoviária de Volta Redonda, podia ir junto. Saí a meia noite de casa, a pé, percorri uma distância de 6km e fui disputar a minha primeira prova (10 km - Volta do Maracanã). Da equipe de Barra Mansa eu fui o melhor (16º). Então comecei a treinar com este pessoal, mas continuei trabalhando na CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), depois fui garçom, mas nunca deixei de competir.”

Somente aos 25 anos, Luiz Antonio começou a treinar com orientação profissional e a buscar resultados no atletismo. “Disputei uma prova de 5 mil, pista, no Rio, na qual fui 8º colocado, com 14min26. Lá conheci o técnico Henrique Viana e comecei a treinar em Petrópolis. E neste primeiro ano trabalhando juntos já fui 20º na São Silvestre”.

Após quatros anos de treino, Luiz Antonio estreou em maratonas vencendo a prova de Blumenau, em 93, com o tempo de 2h12min15. “Cheguei na maratona como uma conseqüência dos treinos. Eu via que tinha mais facilidade nas provas longas, tinha resistência e ritmo.” Naquele mesmo ano, o brasileiro foi disputar uma das mais importantes competições internacionais, a Maratona de Chicago. E somou mais uma vitória. Estava certo, tinha facilidade nas provas longas e muitas outras conquistas vieram. Em 13 anos de carreira, o corredor considera o ano de 95 o melhor de sua história. “Naquele ano fiz quatro maratonas, sendo que venci duas (São Paulo e Fukuoka) e fiquei em terceiro nas outras (Boston e Suécia), conquistando uma medalha de bronze no mundial.”

O passado é glorioso, mas Luiz Antonio dos Santos prefere olhar para o futuro e trabalhar em busca de novas conquistas. “Eu sempre assistia a São Silvestre e dizia que um dia ia correr aquela prova, mas nunca achei que ia chegar tão longe. Mesmo jogando futebol gostava de corrida e as coisas foram crescendo. Com certeza foi mais do que sonhei. Mas agora quero mais. Não digo que sou um atleta totalmente realizado. Ainda falta uma medalha olímpica e um pódio de São Silvestre.” O maratonista participou da Olimpíada de Atlanta/96, na qual foi 10º colocado na maratona. É veterano na São Silvestre. Ele disputou mais de dez vezes a prova e tem como melhor resultado o sexto lugar.

Nos últimos dois anos, Luiz Antonio enfrentou problemas como a falta de patrocínio e lesões. Em 2000 teve uma pubalgia, que o deixou afastado do esporte por 7 meses. Depois ficou mais de um ano e meio sem apoio, treinando sozinho. “Este é o momento de virada, vou deixar as tristezas dos últimos anos para trás e mostrar que posso buscar resultados. Com os problemas que passei, algumas pessoas chegaram a achar que eu tinha morrido, pois quando você não está bem as pessoas desaparecem, não tem mais aqueles tapinhas nas costas. Fui abandonado. Mesmo com as dificuldades nunca pensei em parar. Mesmo sem apoio, paguei meu tratamento, continuei mantendo a forma, treinando e disputei algumas provas, conseguindo bons resultados. Isso me motivava a continuar, pois sabia que tinha condições de dar a voltar por cima.”

Desde julho de 2002 competindo pela equipe BM&F/Pão de Açúcar, Luiz Antonio vem reformulando sua preparação e agora conta com o treinamento de Ricardo D’Angelo. O maratonista divide sua preparação entre Campinas (SP) e Taubaté (SP), na qual está programada uma maratona em abril. A prova ainda não está definida. Poderá ser na Holanda, Inglaterra ou EUA. O objetivo para 2003 é buscar índice para o Pan-Americano ou Mundial, para isto terá que correr abaixo de 2min12. Para D’Angelo, o aspecto físico, o início tardio e a experiência contribuem para o prolongamento da carreira de Luiz Antonio. “O ápice de um maratonista se dá entre os 32 e 36 anos e o Luiz, por ter começado mais tarde e apresentar um bom rendimento, tem chances de uma sobrevida no esporte.”

E para garantir esta continuação, até a alimentação tem recebido atenção especial. O atleta está sob a orientação de uma nutricionista. “Antes eu tinha uma alimentação saudável, mas não era muito preocupado com isso. Comia pouco. Agora faço quatro refeições diárias, tomo um café da manhã adequado, antes era só um cafezinho preto e ia treinar. Não é porque você tem conquistas que tem que se achar o melhor. Tem que estar sempre aprendendo e melhorando.” Mesmo com tantas metas e dedicação à vida esportiva, o corredor ainda encontra tempo para relaxar. Nas horas livres gosta de visitar os pais em Volta Redonda, dançar e ouvir pagode.

Conselho - Para quem está começando no atletismo, o maratonista aconselha muita dedicação, não visar apenas o ganho financeiro e nunca desistir, pois o sacrifício um dia será recompensado. O corredor de 38 anos, que considera seus pontos fortes a disciplina e a persistência, afirma que o atletismo transformou sua vida. “Eu vivia mal ou bem com um salário mínimo, não conhecia nada no mundo, ir para o Rio de Janeiro era um sonho. Hoje tenho melhores condições, posso proporcionar qualidade de vida aos meus filhos (quatro) e ainda ajudar a minha família”. Por meio do esporte Luiz Antonio comprou três apartamentos, duas casas e um sítio. Até o ano passado tinha uma padaria, negócio que encerrou para se dedicar exclusivamente ao atletismo. Mesmo tendo a oportunidade de conhecer vários países, o cidadão de Volta Redonda sempre preferiu se manter concentrado nos hotéis. Então, como ele mesmo afirma, esteve em muitos locais, mas não os conheceu.

O atleta da BM&F/Pão de Açúcar acredita que o nível do atletismo brasileiro vem melhorando. No entanto, alerta para o prejuízo dos casos de doping. “Temos que ter cuidado com o doping, pois acaba manchando a imagem dos corredores brasileiros. Mesmo aqueles que ganham com esforço, treino e preparação acabam sendo vistos como dopados. O atleta brasileiro tem muita qualidade e grande potencial, só precisa de mais apoio para se preparar”. E o corredor é pessimista quanto ao futuro dos brasileiros nas provas de pista. Para ele a falta de estrutura e incentivo acarretará na diminuição de atletas nas pistas, já que acabam migrando para as ruas em função da remuneração e das melhores condições de treino.

Luiz Antonio alerta para a ganância da organização brasileira. “No Brasil corrida virou um negócio, quanto mais dinheiro melhor. O atleta de elite acaba sem reconhecimento, se ele vai correr ou não, não faz tanta diferença. O que vale são os 15, 20 mil corredores pagando inscrição.”

Luiz Antonio dos Santos:

  • 38 anos
  • Cidade de Nascimento: Volta Redonda. Atualmente mora em Taubaté
  • Equipe BM&F/Pão de Açúcar

Principais Títulos:
  • 93 Campeão da Maratona de Blumenau 2h12min15
  • Bicampeão da Maratona de Chicago (93 – 2h13min15 e 94 – 2h11min15)
  • 95 Campeão Maratona de São Paulo 2h17min17
  • 95 Campeão da Maratona Fukuoka - Japão 2h09min30
  • 95 Medalha de bronze no Mundial da Suécia (Gotemburgo) 2h12min49
  • 97 Integrante da Seleção Brasileira na Copa do Mundo - Brasil 3º lugar
  • 99 Campeão Meia Maratona do Rio de Janeiro 1h03min40


Luis Antônio dos Santos: longe da aposentadoria

Corridas de Rua · 12 fev, 2003

Férias para os pés? Nem pensar... Aos 38 anos, Luiz Antonio dos Santos passa longe da aposentadoria. Superou problemas físicos e treina forte em busca de títulos.

A história é conhecida. Atleta de origem humilde que alcança o sucesso. Mas este personagem tem um capítulo diferente. Estreou tarde no mundo das corridas e depois de 13 anos de carreira nem pensa em aposentadoria. Aos 38 anos, o maratonista Luiz Antonio dos Santos sonha em conquistar uma medalha olímpica e espera virar mais uma página de sua história em 2003.

“Não penso em aposentadoria porque ainda sinto que posso vencer maratonas. Quando começar a perceber que os meus tempos já não são mais competitivos, vou procurar outras categorias. Esta história de aposentadoria me incomoda, porque estou com 38 anos tenho que parar? Acho que não tem que avaliar número e sim a performance. Muitos começam cedo e param mais cedo. Tive um início tardio para a média e, portanto, vou passar a idade esperada. Tem que se avaliar o treinamento e os cuidados do atleta e não simplesmente a idade. Tenho condições de me manter na elite.”

Como a maioria dos garotos brasileiros, Luiz Antonio sonhava ser um grande jogador de futebol. De vez em quando ‘brincava’ de correr em provas na cidade natal, Volta Redonda, e se saia bem. Estava sempre entre os 10 primeiros. Aos 22 anos conheceu um corredor da equipe de Barra Mansa (RJ) e pediu para ir competir em uma prova no Rio de Janeiro. “Naquela época ir conhecer o Rio de Janeiro era um sonho, pois a situação era difícil e não tinha dinheiro para nada. Então, ele me disse que se eu estivesse às 2h da manhã na rodoviária de Volta Redonda, podia ir junto. Saí a meia noite de casa, a pé, percorri uma distância de 6km e fui disputar a minha primeira prova (10 km - Volta do Maracanã). Da equipe de Barra Mansa eu fui o melhor (16º). Então comecei a treinar com este pessoal, mas continuei trabalhando na CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), depois fui garçom, mas nunca deixei de competir.”

Somente aos 25 anos, Luiz Antonio começou a treinar com orientação profissional e a buscar resultados no atletismo. “Disputei uma prova de 5 mil, pista, no Rio, na qual fui 8º colocado, com 14min26. Lá conheci o técnico Henrique Viana e comecei a treinar em Petrópolis. E neste primeiro ano trabalhando juntos já fui 20º na São Silvestre”.

Após quatros anos de treino, Luiz Antonio estreou em maratonas vencendo a prova de Blumenau, em 93, com o tempo de 2h12min15. “Cheguei na maratona como uma conseqüência dos treinos. Eu via que tinha mais facilidade nas provas longas, tinha resistência e ritmo.” Naquele mesmo ano, o brasileiro foi disputar uma das mais importantes competições internacionais, a Maratona de Chicago. E somou mais uma vitória. Estava certo, tinha facilidade nas provas longas e muitas outras conquistas vieram. Em 13 anos de carreira, o corredor considera o ano de 95 o melhor de sua história. “Naquele ano fiz quatro maratonas, sendo que venci duas (São Paulo e Fukuoka) e fiquei em terceiro nas outras (Boston e Suécia), conquistando uma medalha de bronze no mundial.”

O passado é glorioso, mas Luiz Antonio dos Santos prefere olhar para o futuro e trabalhar em busca de novas conquistas. “Eu sempre assistia a São Silvestre e dizia que um dia ia correr aquela prova, mas nunca achei que ia chegar tão longe. Mesmo jogando futebol gostava de corrida e as coisas foram crescendo. Com certeza foi mais do que sonhei. Mas agora quero mais. Não digo que sou um atleta totalmente realizado. Ainda falta uma medalha olímpica e um pódio de São Silvestre.” O maratonista participou da Olimpíada de Atlanta/96, na qual foi 10º colocado na maratona. É veterano na São Silvestre. Ele disputou mais de dez vezes a prova e tem como melhor resultado o sexto lugar.

Nos últimos dois anos, Luiz Antonio enfrentou problemas como a falta de patrocínio e lesões. Em 2000 teve uma pubalgia, que o deixou afastado do esporte por 7 meses. Depois ficou mais de um ano e meio sem apoio, treinando sozinho. “Este é o momento de virada, vou deixar as tristezas dos últimos anos para trás e mostrar que posso buscar resultados. Com os problemas que passei, algumas pessoas chegaram a achar que eu tinha morrido, pois quando você não está bem as pessoas desaparecem, não tem mais aqueles tapinhas nas costas. Fui abandonado. Mesmo com as dificuldades nunca pensei em parar. Mesmo sem apoio, paguei meu tratamento, continuei mantendo a forma, treinando e disputei algumas provas, conseguindo bons resultados. Isso me motivava a continuar, pois sabia que tinha condições de dar a voltar por cima.”

Desde julho de 2002 competindo pela equipe BM&F/Pão de Açúcar, Luiz Antonio vem reformulando sua preparação e agora conta com o treinamento de Ricardo D’Angelo. O maratonista divide sua preparação entre Campinas (SP) e Taubaté (SP), na qual está programada uma maratona em abril. A prova ainda não está definida. Poderá ser na Holanda, Inglaterra ou EUA. O objetivo para 2003 é buscar índice para o Pan-Americano ou Mundial, para isto terá que correr abaixo de 2min12. Para D’Angelo, o aspecto físico, o início tardio e a experiência contribuem para o prolongamento da carreira de Luiz Antonio. “O ápice de um maratonista se dá entre os 32 e 36 anos e o Luiz, por ter começado mais tarde e apresentar um bom rendimento, tem chances de uma sobrevida no esporte.”

E para garantir esta continuação, até a alimentação tem recebido atenção especial. O atleta está sob a orientação de uma nutricionista. “Antes eu tinha uma alimentação saudável, mas não era muito preocupado com isso. Comia pouco. Agora faço quatro refeições diárias, tomo um café da manhã adequado, antes era só um cafezinho preto e ia treinar. Não é porque você tem conquistas que tem que se achar o melhor. Tem que estar sempre aprendendo e melhorando.” Mesmo com tantas metas e dedicação à vida esportiva, o corredor ainda encontra tempo para relaxar. Nas horas livres gosta de visitar os pais em Volta Redonda, dançar e ouvir pagode.

Conselho - Para quem está começando no atletismo, o maratonista aconselha muita dedicação, não visar apenas o ganho financeiro e nunca desistir, pois o sacrifício um dia será recompensado. O corredor de 38 anos, que considera seus pontos fortes a disciplina e a persistência, afirma que o atletismo transformou sua vida. “Eu vivia mal ou bem com um salário mínimo, não conhecia nada no mundo, ir para o Rio de Janeiro era um sonho. Hoje tenho melhores condições, posso proporcionar qualidade de vida aos meus filhos (quatro) e ainda ajudar a minha família”. Por meio do esporte Luiz Antonio comprou três apartamentos, duas casas e um sítio. Até o ano passado tinha uma padaria, negócio que encerrou para se dedicar exclusivamente ao atletismo. Mesmo tendo a oportunidade de conhecer vários países, o cidadão de Volta Redonda sempre preferiu se manter concentrado nos hotéis. Então, como ele mesmo afirma, esteve em muitos locais, mas não os conheceu.

O atleta da BM&F/Pão de Açúcar acredita que o nível do atletismo brasileiro vem melhorando. No entanto, alerta para o prejuízo dos casos de doping. “Temos que ter cuidado com o doping, pois acaba manchando a imagem dos corredores brasileiros. Mesmo aqueles que ganham com esforço, treino e preparação acabam sendo vistos como dopados. O atleta brasileiro tem muita qualidade e grande potencial, só precisa de mais apoio para se preparar”. E o corredor é pessimista quanto ao futuro dos brasileiros nas provas de pista. Para ele a falta de estrutura e incentivo acarretará na diminuição de atletas nas pistas, já que acabam migrando para as ruas em função da remuneração e das melhores condições de treino.

Luiz Antonio alerta para a ganância da organização brasileira. “No Brasil corrida virou um negócio, quanto mais dinheiro melhor. O atleta de elite acaba sem reconhecimento, se ele vai correr ou não, não faz tanta diferença. O que vale são os 15, 20 mil corredores pagando inscrição.”

Luiz Antonio dos Santos:

  • 38 anos
  • Cidade de Nascimento: Volta Redonda. Atualmente mora em Taubaté
  • Equipe BM&F/Pão de Açúcar

Principais Títulos:
  • 93 Campeão da Maratona de Blumenau 2h12min15
  • Bicampeão da Maratona de Chicago (93 – 2h13min15 e 94 – 2h11min15)
  • 95 Campeão Maratona de São Paulo 2h17min17
  • 95 Campeão da Maratona Fukuoka - Japão 2h09min30
  • 95 Medalha de bronze no Mundial da Suécia (Gotemburgo) 2h12min49
  • 97 Integrante da Seleção Brasileira na Copa do Mundo - Brasil 3º lugar
  • 99 Campeão Meia Maratona do Rio de Janeiro 1h03min40

Sandra Soldan: triathleta cabeça

Única latina com título mundial, Sandra Soldan faz da força mental um diferencial na modalidade

Sandra Soldan terminou 2002 como a única latino-americana com um título mundial reconhecido pela ITU (International Triathlon Union )– no aquathlon – e melhor sul-americana no Mundial de Triathlon, com o nono lugar. Quem conhece a garra, talento, dedicação e disciplina dessa carioca prevê mais um ano de conquistas internacional em 2003, com os Jogos Pan-Americanos e o Mundial da Nova Zelândia. Se tudo correr de acordo com os planos de Sandra, estará no auge em 2004. Não por acaso, ano olímpico. O segredo para o sucesso em uma modalidade tão física quanto o triathlon? Além das qualidades citadas acima: cabeça. Ela sabe, como poucas, manter a concentração e a calma em momentos de grande tensão, comuns em disputas de alto nível. Se fosse preciso escolher uma palavra para definir Sandra Soldan, esta seria determinação.

Como é ser a única latina com título mundial?
Sandra Soldan: Fiquei muito feliz com resultado, pois mostrou que o trabalho que eu e meu técnico – e marido, Carlos Eugênio Ferraro, o Nenem - estamos fazendo está no caminho certo. E espero que isso sirva de incentivo para outras meninas verem que não é impossível, basta treinar com dedicação.

O ano de 2002 foi das provas internacionais. O que te marcou?
SS: Bem, aconteceram coisa boas e ruins. Na Europa tive um pneu furado em Nice, um tombo em Portugal, além da minha bicicleta roubada em Nice. Tudo de bom veio no México (Puerto Vallarta), onde fiz uma prova impecável, conquistando a vitória, além do Mundial de Aquathlon e de Triathlon ,ambos em Cancun, onde fui campeã e nona colocada.

Quais as diferenças em competir no Brasil e no exterior?
SS: No Brasil encontramos poucas meninas, porém de grande qualidade. O triathlon feminino brasileiro está entre os 5 melhores do mundo. Nas provas internacionais uma das maiores dificuldades é a quantidade de mulheres largando junto, emparelhadas, lutando nos primeiros minutos por um espaço dentro da água. A dificuldade a seguir fica em fazer uma transição rápida para poder pegar um pelotão bom no ciclismo.

Você está perto da vaga olímpica. Quais são seus planos e projetos para 2003?
SS: Na verdade a busca pela vaga para 2004 começou em 2001 e seguiu com as provas internacionais do ano passado. Em 2003 os meus objetivos continuam sendo as provas internacionais, com maior foco nos Jogos Pan-Americanos, em agosto. Será uma temporada longa, que começa em janeiro e terminará em dezembro, com o Mundial na Nova Zelândia. Pessoalmente, meu objetivo continua sendo melhorar minha corrida para que consiga disputar de igual para igual com as melhores do mundo. Isso vem acontecendo gradualmente com um trabalho progressivo de treinamento visando o pico em 2004.

Como foi a conquista no Aquathlon e a participação no mundial de Triathlon?
SS: A conquista deste título foi muito comemorada, mas depois do mundial de triathlon! Escutar o hino nacional em um campeonato mundial foi muito emocionante. A prova de triathlon também foi muito boa, na qual fiz o quinto melhor tempo na corrida, com grandes adversárias. Na natação, tive um pequeno contratempo, pois recebi um "caldo" de uma australiana logo na primeira bóia, quando me encontrava no primeiro grupo. Isso certamente interferiu no meu resultado final, pois depois disso nadei os 1.200m que faltavam sozinha, entre o primeiro e o segundo pelotão. Mas isso faz parte. Por isso, o mais importante em uma prova de alto nível é a concentração, para que não haja erros em detalhes, e a determinação em dar o melhor de si até o último segundo, pois a prova só termina quando se cruza a linha de chegada.

Você terminou 2002 como a 15ª do ranking mundial. Dá para sonhar com o primeiro lugar?
SS: Isso é questão de tempo e determinação. A disciplina é minha maior virtude. Com isso e um pouco de sorte nas provas, para que não existam erros, e a continuação desta infra-estrutura de patrocinadores e CBTri (ela integra a equipe permanente formada pela entidade), chegamos lá.

Você vai fazer parte da Equipe Médica da ITU em 2003. Como será sua atuação?
SS: O meu maior interesse nisso é adquirir conhecimento. Falta informação para o triatleta brasileiro na área de medicina esportiva, principalmente em relação às drogas proibidas e suas doses máximas aceitáveis. Fora outros assuntos desta especialidade. E isso também faz parte de um aprendizado para minha futura carreira como médica esportiva (ela é formada em medicina pela UFRJ desde 1997).

Descreva sua rotina de treinamento.
SS: Acordo cedo todos os dias, às 6h30. O ciclismo é pela manhã, das 7h às 9h, mais ou menos. A natação é das 12h às 13h30. E a corrida é a tarde. Faço 5 sessões por semana de ciclismo, 5 de natação e 5 a 6 de corrida. Às segundas e quintas são os treinos de pista de corrida, mais intensos. Às quartas e sábados são os treinos mais duros de ciclismo.

Descreva como é sua alimentação
SS: Minha alimentação não segue nenhuma dieta xiita. Procuro evitar doces e frituras e dar prioridade às frutas, verduras, legumes e carboidratos. Como carne bovina pelo menos uma vez por semana, e procuro dar maior atenção à hidratação, pois é fundamental para o rendimento. Sempre carrego barras energéticas comigo, power bar de proteína ou de cereal, para os horários entre refeições. Sigo uma suplementação alimentar orientada por uma nutróloga, baseada em vitaminas, aminoácidos e minerais.

O que falta para o Brasil ser uma potência no triathlon?
SS: Agora não falta mais nada. A CBTri tem verba e estrutura para manter a equipe permanente, fora outros projetos para as categorias de base. Isso está nas mãos competentes do presidente Carlos Froes, que leva isso com muita responsabilidade. Agora é questão de tempo.

Quais seus pontos fortes e fracos no triathlon?
SS: Meu ponto forte é a natação, pois nadei pelo Flamengo por 15 anos. Ainda preciso melhorar o meu tempo nos 10 km de corrida.

Como você define Sandra Soldan?
SS: Uma pessoa movida por muita determinação e disciplina. A calma e a concentração nas provas de alto nível são minhas principais virtudes. Meu técnico e marido é o meu principal incentivador. O triathlon, hoje, é a minha vida. Sou uma pessoa feliz com o que eu faço. Tento aproveitar ao máximo cada momento.

O maior sonho esportivo é a medalha olímpica?
SS: Com certeza. Como é o sonho de todo atleta.

Como é sua vida fora do esporte. O que gosta de fazer para relaxar?
SS: Gosto de ir ao cinema, sair para comer em qualquer lugar, e praia. A música também se faz presente em qualquer lugar. Nos treinos longos, sempre levo um walkman. Leio principalmente nas viagens, que não são poucas. No dia-a-dia é jornal e tv.

Qual o segredo para se manter concentrado?
SS: Quanto maior o nível da prova, mais importante o preparo mental. A visualização da prova na semana que antecede, ou até mesmo na véspera, é de extrema importância. Desde o que se vai comer no café da manhã, a hora que vai acordar, o aquecimento, onde vai largar... tudo. Durante a prova procuro esvaziar a minha mente e ter uma única palavra nela: atitude. O resto é fazer força e estar concentrada na prova em toda a sua duração.


Sandra Soldan: triathleta cabeça

Triathlon · 03 fev, 2003

Única latina com título mundial, Sandra Soldan faz da força mental um diferencial na modalidade

Sandra Soldan terminou 2002 como a única latino-americana com um título mundial reconhecido pela ITU (International Triathlon Union )– no aquathlon – e melhor sul-americana no Mundial de Triathlon, com o nono lugar. Quem conhece a garra, talento, dedicação e disciplina dessa carioca prevê mais um ano de conquistas internacional em 2003, com os Jogos Pan-Americanos e o Mundial da Nova Zelândia. Se tudo correr de acordo com os planos de Sandra, estará no auge em 2004. Não por acaso, ano olímpico. O segredo para o sucesso em uma modalidade tão física quanto o triathlon? Além das qualidades citadas acima: cabeça. Ela sabe, como poucas, manter a concentração e a calma em momentos de grande tensão, comuns em disputas de alto nível. Se fosse preciso escolher uma palavra para definir Sandra Soldan, esta seria determinação.

Como é ser a única latina com título mundial?
Sandra Soldan: Fiquei muito feliz com resultado, pois mostrou que o trabalho que eu e meu técnico – e marido, Carlos Eugênio Ferraro, o Nenem - estamos fazendo está no caminho certo. E espero que isso sirva de incentivo para outras meninas verem que não é impossível, basta treinar com dedicação.

O ano de 2002 foi das provas internacionais. O que te marcou?
SS: Bem, aconteceram coisa boas e ruins. Na Europa tive um pneu furado em Nice, um tombo em Portugal, além da minha bicicleta roubada em Nice. Tudo de bom veio no México (Puerto Vallarta), onde fiz uma prova impecável, conquistando a vitória, além do Mundial de Aquathlon e de Triathlon ,ambos em Cancun, onde fui campeã e nona colocada.

Quais as diferenças em competir no Brasil e no exterior?
SS: No Brasil encontramos poucas meninas, porém de grande qualidade. O triathlon feminino brasileiro está entre os 5 melhores do mundo. Nas provas internacionais uma das maiores dificuldades é a quantidade de mulheres largando junto, emparelhadas, lutando nos primeiros minutos por um espaço dentro da água. A dificuldade a seguir fica em fazer uma transição rápida para poder pegar um pelotão bom no ciclismo.

Você está perto da vaga olímpica. Quais são seus planos e projetos para 2003?
SS: Na verdade a busca pela vaga para 2004 começou em 2001 e seguiu com as provas internacionais do ano passado. Em 2003 os meus objetivos continuam sendo as provas internacionais, com maior foco nos Jogos Pan-Americanos, em agosto. Será uma temporada longa, que começa em janeiro e terminará em dezembro, com o Mundial na Nova Zelândia. Pessoalmente, meu objetivo continua sendo melhorar minha corrida para que consiga disputar de igual para igual com as melhores do mundo. Isso vem acontecendo gradualmente com um trabalho progressivo de treinamento visando o pico em 2004.

Como foi a conquista no Aquathlon e a participação no mundial de Triathlon?
SS: A conquista deste título foi muito comemorada, mas depois do mundial de triathlon! Escutar o hino nacional em um campeonato mundial foi muito emocionante. A prova de triathlon também foi muito boa, na qual fiz o quinto melhor tempo na corrida, com grandes adversárias. Na natação, tive um pequeno contratempo, pois recebi um "caldo" de uma australiana logo na primeira bóia, quando me encontrava no primeiro grupo. Isso certamente interferiu no meu resultado final, pois depois disso nadei os 1.200m que faltavam sozinha, entre o primeiro e o segundo pelotão. Mas isso faz parte. Por isso, o mais importante em uma prova de alto nível é a concentração, para que não haja erros em detalhes, e a determinação em dar o melhor de si até o último segundo, pois a prova só termina quando se cruza a linha de chegada.

Você terminou 2002 como a 15ª do ranking mundial. Dá para sonhar com o primeiro lugar?
SS: Isso é questão de tempo e determinação. A disciplina é minha maior virtude. Com isso e um pouco de sorte nas provas, para que não existam erros, e a continuação desta infra-estrutura de patrocinadores e CBTri (ela integra a equipe permanente formada pela entidade), chegamos lá.

Você vai fazer parte da Equipe Médica da ITU em 2003. Como será sua atuação?
SS: O meu maior interesse nisso é adquirir conhecimento. Falta informação para o triatleta brasileiro na área de medicina esportiva, principalmente em relação às drogas proibidas e suas doses máximas aceitáveis. Fora outros assuntos desta especialidade. E isso também faz parte de um aprendizado para minha futura carreira como médica esportiva (ela é formada em medicina pela UFRJ desde 1997).

Descreva sua rotina de treinamento.
SS: Acordo cedo todos os dias, às 6h30. O ciclismo é pela manhã, das 7h às 9h, mais ou menos. A natação é das 12h às 13h30. E a corrida é a tarde. Faço 5 sessões por semana de ciclismo, 5 de natação e 5 a 6 de corrida. Às segundas e quintas são os treinos de pista de corrida, mais intensos. Às quartas e sábados são os treinos mais duros de ciclismo.

Descreva como é sua alimentação
SS: Minha alimentação não segue nenhuma dieta xiita. Procuro evitar doces e frituras e dar prioridade às frutas, verduras, legumes e carboidratos. Como carne bovina pelo menos uma vez por semana, e procuro dar maior atenção à hidratação, pois é fundamental para o rendimento. Sempre carrego barras energéticas comigo, power bar de proteína ou de cereal, para os horários entre refeições. Sigo uma suplementação alimentar orientada por uma nutróloga, baseada em vitaminas, aminoácidos e minerais.

O que falta para o Brasil ser uma potência no triathlon?
SS: Agora não falta mais nada. A CBTri tem verba e estrutura para manter a equipe permanente, fora outros projetos para as categorias de base. Isso está nas mãos competentes do presidente Carlos Froes, que leva isso com muita responsabilidade. Agora é questão de tempo.

Quais seus pontos fortes e fracos no triathlon?
SS: Meu ponto forte é a natação, pois nadei pelo Flamengo por 15 anos. Ainda preciso melhorar o meu tempo nos 10 km de corrida.

Como você define Sandra Soldan?
SS: Uma pessoa movida por muita determinação e disciplina. A calma e a concentração nas provas de alto nível são minhas principais virtudes. Meu técnico e marido é o meu principal incentivador. O triathlon, hoje, é a minha vida. Sou uma pessoa feliz com o que eu faço. Tento aproveitar ao máximo cada momento.

O maior sonho esportivo é a medalha olímpica?
SS: Com certeza. Como é o sonho de todo atleta.

Como é sua vida fora do esporte. O que gosta de fazer para relaxar?
SS: Gosto de ir ao cinema, sair para comer em qualquer lugar, e praia. A música também se faz presente em qualquer lugar. Nos treinos longos, sempre levo um walkman. Leio principalmente nas viagens, que não são poucas. No dia-a-dia é jornal e tv.

Qual o segredo para se manter concentrado?
SS: Quanto maior o nível da prova, mais importante o preparo mental. A visualização da prova na semana que antecede, ou até mesmo na véspera, é de extrema importância. Desde o que se vai comer no café da manhã, a hora que vai acordar, o aquecimento, onde vai largar... tudo. Durante a prova procuro esvaziar a minha mente e ter uma única palavra nela: atitude. O resto é fazer força e estar concentrada na prova em toda a sua duração.

Amanhã nas bancas a edição nº 3 SuperAção

Corridas de Rua · 14 jan, 2003

Quarta-feira, dia 15, estará nas bancas a edição nº 3 da revista SuperAção, publicação voltada as corridas de rua e triathlon e que é editada pela editora Multiesporte.

Entre as matérias de destaque está a Corrida Internacional de São Silvestre, e com os corredores Ednalva Lauriano (5ª colocada na última São Silvestre) e Luis Antônio dos Santos (único brasileiro a ganhar medalha em mundiais na maratona)

A cidade de Brasília também terá seu espaço na publicação com a matéria: Brasilia - A Capital dos Fundistas. E ainda: São Silvestrinha e São Paulo Classic.

O triathlon terá destaque nesta edição com a triathleta Sandra Soldan, além, de um artigo abordando bicicletas, cuja escolha certa é peça importante para o sucesso na modalidade.

Além dessas matérias as seções mensais como: Passo a Passo, Limite, Linha de chegada, Calendário, Recordar é Correr, Alto Rendimento, entre outras, trazem muita informação.

O exemplar avulso da SuperAção custa R$ 4,90 nas bancas, e as assinaturas podem ser feitas on line pela seção Revistas do portal WebRun.

Campeão em pele de Cordeiro

Campeão da Maratona de São Paulo, Vanderlei Cordeiro de Lima se prepara para buscar o título da São Silvestre em 2002, o bi pan-americano em 2003 e a medalha olímpica em 2004

Acidental. Assim pode ser definida a entrada de Vanderlei Cordeiro de Lima no mundo das maratonas. E, apesar do acaso, foi uma estréia com o pé direito. Disputando a temporada de provas de 10 mil metros e meia maratona na França, em 1994, o brasileiro foi convidado para ser coelho na maratona de Reims. O combinado era que puxasse o ritmo até o 22º quilômetro. Quando chegou ao trecho determinado, sentia-se tão bem que tomou uma decisão que mudaria sua vida. Resolveu seguir correndo para ver até onde chegaria. Resultado: venceu com o tempo de 2h11min06, sem nunca ter se preparado para competir nessa distância O surpreendente resultado o colocou em 46º lugar no ranking mundial daquele ano. Nascia um dos maiores maratonistas do mundo.

O que veio depois daquele tarde, em Reims, é uma sucessão de vitórias e resultados expressivos. O mais recente, o título da Maratona Internacional de São Paulo, em julho, foi especial por várias razões. Entre as mais expressivas, estão o fato de vencer sua primeira prova da modalidade disputada em solo brasileiro (calendário e premiações melhores no exterior adiaram essa estréia), fazendo o recorde da prova e melhor marca do ano no País, 2h11min19, e a superação de duas contusões na fase de preparação.

A história da conquista da Maratona de São Paulo começou com uma decepção. A decisão de correr na capital paulista veio dia 17 de março, depois da Maratona de Dong-A, em Seul, na qual Vanderlei abandonou no km 30 por cansaço generalizado. Após a recuperação, o técnico Ricardo D’Angelo fez as contas e programou o treinamento para 15 semanas, começando em 1º de abril. Tempo mais que suficiente para a preparação, normalmente planejada pelo treinador para 14 semanas, subdivididos em ciclos menores (introdutório, preparatório, específico e competição). Os problemas começaram na segunda semana. No dia 8 de abril, o atleta sofreu uma profunda perfuração no terço superior do músculo gastrocnêmio direito, em um acidente doméstico. Foram necessários 20 dias de inatividade para a recuperação.

Era preciso mudar o cronograma de treinamento. Assim, Vanderlei retomou a preparação dia 28 de abril trabalhando em menor intensidade e com maior volume. Tudo correu bem até 12 de maio, quando uma contratura no posterior da coxa direita passou a impedir que o atleta treinasse no ritmo necessário. Em uma verdadeira corrida contra o tempo, o treinador reavaliou a situação e concluiu que poderia deixar Vanderlei apto para disputar a Maratona de São Paulo com chances de vitória desde que tivesse oito semanas de treino ininterrupto. Livre de lesões e com o novo programa, ele iniciou novo ciclo, que durou de 20 de maio a 14 de julho. “Retornei com rodagem de 40 minutos a uma hora. O que ajuda é que meu organismo se recupera rápido. Em 45 dias de treino me recupero de 70% a 80% da performance. Normalmente, rodo de 180 a 200 quilômetros por semana, com média de 30 a 35 km por dia, em dois períodos”, explicou o atleta.

Todo o esforço, tanto do atleta como de sua equipe, foi recompensado com a bela vitória na capital paulista. Entre a largada e a linha de chegada, Vanderlei teve mais que uma preparação cuidadosamente planejada, talento e condicionamento. Contou ainda com uma estratégia de prova perfeita.

Figura mais que conhecida em corridas de rua, especialmente nas maratonas, o coelho foi imprescindível para o plano de corrida de Vanderlei. Habituado a correr sem marcar tempo “porque o relógio prende o atleta ao tempo”, Vanderlei contou com as passadas firmes de Daniel Lopes Ferreira, contratado especialmente para completar a meia maratona em 1h05min40, deixando o caminho livre para Vanderlei seguir no ritmo estabelecido nos treinamentos para fechar a prova entre os líderes.

Quem explica é D’Angelo. “Pelo histórico da Maratona de São Paulo, sabíamos que sempre a segunda metade do percurso era cumprida pelo menos 3 a 4 minutos mais lenta que a primeira. Assim, o objetivo foi minimizar essa diferença por meio de um ritmo mais uniforme para todo o percurso, pois o Vanderlei apresentava indicadores positivos nos treinos para esta estratégia. Com isso, a tarefa do coelho era garantir sua concentração nessa primeira metade para que ele pudesse sustentar a segunda praticamente no mesmo ritmo. Planejamos com o Daniel, e seu técnico Marcão, a passagem da meia maratona em 1h05min40, pois projetávamos um tempo final próximo de 2h12min. O resultado foi excelente: o Daniel foi perfeito passando em 1h05min45, com o Vanderlei fechando a segunda parte em 1h05min34, tempo final de 2h11min19.”

Passada a euforia pela conquista inédita, Vanderlei prepara-se para vencer novos desafios. A curto prazo, o objetivo é outra façanha, o título da São Silvestre. “Quero muito vencer esta prova, pois é a de maior visibilidade na mídia nacional e a melhor oportunidade para ser reconhecido no País”, garante o atleta que tem como melhor colocação na tradicional prova de 31 de dezembro um terceiro lugar, em 1996.

Antes, vai em busca do índice para os Jogos Pan-Americanos de 2003 e Campeonato Mundial. Para isso, vai correr nova maratona em outubro, provavelmente em Chicago, nos Estados Unidos, ou Amsterdã, na Holanda. Se conseguir, deve estar entre os 20 primeiros do ranking mundial de 2002. O planejamento para a carreira do atleta é mais abrangente. A médio prazo, vai lutar pelo bi no Pan de 2003, o índice para os Jogos Olímpicos de Atenas/2004 e se manter entre os 20 primeiros do mundo. A longo prazo, Vanderlei quer concretizar o sonho de uma medalha olímpica na Grécia. “Se conseguir, terei a satisfação total em minha carreira.”

A luta pelo bicampeonato Pan-Americano promete um sabor especial. Para o atleta, a medalha de ouro conquistada em 1999, em Winnipeg, no Canadá, é a conquista que mais marcou na carreira. “Com certeza essa conquista repercutiu bastante no Brasil. Conquistar uma medalha representando diretamente o Brasil é uma honra, ainda mais a de ouro”.


Disciplina e concentração são dois poderosos alicerces para as conquistas do maratonista. “O Vanderlei possui uma capacidade enorme para não se deixar influenciar por problemas extra pista. Eu diria que sua concentração nas sessões de treino são próximas de 100%, gerando possibilidades de alcançarmos níveis altíssimos de exigência de esforço. Evidentemente, este comportamento foi desenvolvido e trabalhado ao longo de sua carreira, já que ele é considerado um atleta bastante experiente”, explica o técnico. A “experiência” a que se refere o treinador são os 33 anos de idade e os 14 de atletismo de alto rendimento, fato que não pesa sobre os ombros do corredor. “Acredito que ainda terei vida longa no esporte. Vejo o exemplo de alguns atletas que têm conquistado bons resultados com mais idade, mais experientes, como o Carlos Lopes, campeão olímpico aos 38 anos, na Olimpíada de 1984”, explica Vanderlei, que conta com os avanços tecnológicos e científicos nas áreas de treinamento, nutrição e equipamento para atingir a longevidade esperada.

Construir uma carreira de sucesso exige dedicação e talento. Despende ainda uma fonte de energia diferente da usada para impulsionar passadas ritmadas e velozes, mas quase tão importante quanto. É o dinheiro da equipe e patrocinadores que permite montar uma equipe de tão alto nível quanto o atleta. No caso de Vanderlei, o apoio sempre veio da Funilense e seus investidores. Atualmente, o patrocínio vem do Pão de Açúcar, BM&F, Olympikus e Prefeitura de São Caetano do Sul. O investimento dessas empresas permite a manutenção de um time multidisciplinar composta pelo médico Paulo Zogaib, o fisioterapeuta Wilson Pereira Bueno e o agente Jos Hermens, além do técnico Ricardo D’Angelo, que está ao lado do atleta há 10 anos.

A rotina de treinos de Vanderlei se divide entre duas cidades. Em Campinas, no interior paulista, são feitas as avaliações iniciais do ciclo de treinamento planejado, bem como o controle e verificação dos indicadores funcionais. Os ciclos específicos de suas preparações são em Maringá, no Paraná, que atualmente conta com recursos materiais (pista sintética, principalmente) de primeira qualidade. Os dois municípios são locais de trabalho e convivência familiar. No Paraná está a maioria dos parentes. “Considero muito importante sua proximidade com os familiares. Temos informações de estudos científicos dizendo que grande parte do resultado final do atleta se deve ao seu estado mental. Para se obter o máximo, seja no treinamento ou na competição, precisamos de perfeito equilíbrio entre seu estado mental e físico. É importante que sua vida fora da pista esteja em harmonia de maneira a não interferir em seu desempenho atlético. Família, trabalho, amigos, vitória e derrota são aspectos que devem ser bem trabalhados pelo treinador e atleta”, explica D’Angelo. “Sempre tive o apoio da família”, completa o corredor.


Apesar do tempo no atletismo e dos resultados expressivos, Vanderlei Cordeiro de Lima não passa nem perto de ser um recordista em número de participações. Até hoje, correu apenas 17 maratonas. Se não opta pela quantidade, faz da qualidade seu cartão de visitas. Terminou entre os três primeiros colocados em nove corridas. “Faço, no máximo, duas maratonas por ano. No meio da preparação, disputo, em média, três provas, podendo ser de 10 mil, 15 mil ou meia maratona. No total, não chego a fazer 20 corridas por ano. Prefiro optar pela qualidade, as que ajudarão minha preparação”, analisa o atleta.

Respeitar os limites do corpo maximiza os resultados em corridas e ajuda no combate a um dos maiores monstros na carreira de qualquer esportista. As lesões obrigam a inatividade e podem causar danos ainda mais profundos na auto-estima, muitas vezes mais perigosos que a própria contusão. Depois dos problemas mais recentes, especialmente no tendão, Vanderlei passou a fazer trabalho de fortalecimento muscular nas áreas mais exigidas. Alternar o treinamento com pista e trabalhar com musculação são outras ações que aliam rendimento e prevenção de “acidentes de trabalho”.

Para Vanderlei, as piores lesões na carreira vieram antes dos Jogos de Sydney e na Maratona do Japão, em 2001. “Antes da Olimpíada sofri uma lesão na articulação do pé esquerdo. Corri no sacrifício porque já estava inscrito e não podia ser substituído (terminou em 75º lugar e foi criticado por quem nem sabia do problema).

No ano seguinte, tive um estiramento na coxa esquerda durante a Maratona do Japão quando faltavam apenas 3 mil metros para terminar. Ainda cheguei em segundo lugar”, conta. Classificando esses momentos como os piores na vida de qualquer atleta, ele ensina como superar a pressão. “É preciso paciência para se recuperar com tranqüilidade e contar com a compreensão do técnico e dos patrocinadores. Eu prefiro me isolar um pouco na fase de recuperação.”

Modelo para quem sonha vencer distâncias, o campeão da Maratona de São Paulo ensina que não existe segredos ou fórmula mágica para o sucesso no atletismo. Tem que gastar muita sola de tênis. “O mais importante é gostar do que está fazendo, assim, haverá mais chance do atleta ter uma performance melhor. O esporte não é feito só de vitórias, por isso tem que gostar para enfrentar as derrotas e não se abater com os maus momentos. Procurar um centro de treinamento e ter o apoio de profissionais especializados para ter a orientação correta é fundamental para obter bons resultados.”

Vanderlei Cordeiro de Lima
Nascimento: 11/08/1969.
Peso: 53kg.
Altura: 1,64m.
Provas: 10.000m, Meia Maratona e Maratona.
Treinador: Ricardo Antonio D'Angelo (há 10 anos)
Equipe Multidisciplinar:
Médico: Paulo Zogaib.
Fisioterapeuta: Wilson Pereira Bueno.
Agente: Jos Hermens (GSC).

Melhores Marcas Pessoais
Pista
1.500m – 3min47s32, Curitiba, 1993
3.000m – 8min02s65, Rio, 1998
3.000m c/obstáculos – 9min03s29, SP, 1993
5.000m – 13min55s43, SP, 1997
10.000m – 28min08s03, Hengelo (HOL), 1997

Rua
10km – 28min01, Santos, 1997 (recorde do percurso e melhor resultado em solo brasileiro)
15km – 43min15, Tóquio (JAP), 1994
10 Milhas – 47min21, Vitória, 1995
Meia Maratona – 61min24, Lisboa (POR), 1995
25km – 1h15min12, Tóquio (JAP), 1996
30km – 1h30min08, Tóquio (JAP), 1996
Maratona – 2h08min31, Tóquio (JAP), 1998

São Silvestre:
1992 - 4º lugar
1993 - 13º lugar
1994 - 4º lugar
1995 - 5º lugar
1996 - 3º lugar
1997 - 6º lugar
1999 - 7º lugar
2000 - 4º lugar
2001 - 5º lugar


  • Único atleta sul-americana a correr a maratona por quatro vezes abaixo de 2h09.
  • Fez 6min10s para os últimos 2,195m na Maratona de Dong-A, Coréia, 1997.
  • Melhor tempo de um sul-americano em Nova Iorque, 2h10min42, 1998.
  • Melhor tempo em solo sul-americano, 2h11min19, São Paulo, 2002.

Principais Títulos:


  • Medalha de ouro na maratona nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg/99
  • Medalha de prata no Campeonato Mundial de Revezamento em Maratona/Kopenhagem/96
  • Medalha de bronze na Copa do Mundo de Maratona/Atenas/97
  • 1º lugar na Maratona de Tóquio/96
  • 1º lugar na Maratona de Reims/94
  • 1º lugar na Maratona de São Paulo/2002
  • 2º lugar na Maratona de Tóquio/98, Dong-A/97(Coréia) e Beppu-Oita/00 (Japão)
  • 3º lugar na Maratona de Fukuoka/99
  • 3º lugar na Maratona de Rotterdam/00
  • 5º lugar na Maratona de Nova Iorque/98
  • 7º lugar na Maratona de Rotterdam/95
  • 9º lugar na Maratona de Berlin/95
  • 3º lugar na Meia Maratona de Tóquio/94
  • 4º lugar na Meia Maratona de Lisboa/95
  • 1º lugar no Campeonato Sul-Americano de Cross-Country/Cali/95
  • Integrante da Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Atlanta/96 e Sydney/00

Patrocinadores:


  • Pão de Açúcar
  • BM&F Atletismo
  • Olympikus
  • São Caetano do Sul
  • Organização Funilense de Atletismo

Todas as Maratonas:
AnoProvaPosição Tempo


  • 1994 Maratona de Reims campeão 2h11min06
  • 1995 Maratona de Rotterdam 7º 2h12min12
  • 1995 Maratona de Berlin 9º 2h13min47
  • 1996 Maratona de Tóquio campeão 2h08min38
  • 1996 Maratona de Atlanta 40º 2h23min01
  • 1997 Maratona de Dong-A 2º 2h12min41
  • 1997 Maratona de Atenas23º 2h21min48
  • 1998 Maratona de Tóquio 2º 2h08min31 (recorde pessoal)
  • 1998 Maratona de Nova Iorque 5º 2h10min42
  • 1999 Maratona de Bostonnão completou
  • 1999 Maratona de Winnipeg campeão 2h17min21
  • 1999 Maratona de Fukuoka 3º 2h08min40
  • 2000 Maratona de Rotterdam 3º 2h08min34
  • 2000 Maratona de Sydney 75º 2h37min01
  • 2001 Maratona de Beppu-Oita 2º 2h10min02
  • 2002 Maratona de Dong-A não completou
  • 2002 Maratona de São Paulo campeão 2h11min19


Campeão em pele de Cordeiro

Maratona · 22 nov, 2002

Campeão da Maratona de São Paulo, Vanderlei Cordeiro de Lima se prepara para buscar o título da São Silvestre em 2002, o bi pan-americano em 2003 e a medalha olímpica em 2004

Acidental. Assim pode ser definida a entrada de Vanderlei Cordeiro de Lima no mundo das maratonas. E, apesar do acaso, foi uma estréia com o pé direito. Disputando a temporada de provas de 10 mil metros e meia maratona na França, em 1994, o brasileiro foi convidado para ser coelho na maratona de Reims. O combinado era que puxasse o ritmo até o 22º quilômetro. Quando chegou ao trecho determinado, sentia-se tão bem que tomou uma decisão que mudaria sua vida. Resolveu seguir correndo para ver até onde chegaria. Resultado: venceu com o tempo de 2h11min06, sem nunca ter se preparado para competir nessa distância O surpreendente resultado o colocou em 46º lugar no ranking mundial daquele ano. Nascia um dos maiores maratonistas do mundo.

O que veio depois daquele tarde, em Reims, é uma sucessão de vitórias e resultados expressivos. O mais recente, o título da Maratona Internacional de São Paulo, em julho, foi especial por várias razões. Entre as mais expressivas, estão o fato de vencer sua primeira prova da modalidade disputada em solo brasileiro (calendário e premiações melhores no exterior adiaram essa estréia), fazendo o recorde da prova e melhor marca do ano no País, 2h11min19, e a superação de duas contusões na fase de preparação.

A história da conquista da Maratona de São Paulo começou com uma decepção. A decisão de correr na capital paulista veio dia 17 de março, depois da Maratona de Dong-A, em Seul, na qual Vanderlei abandonou no km 30 por cansaço generalizado. Após a recuperação, o técnico Ricardo D’Angelo fez as contas e programou o treinamento para 15 semanas, começando em 1º de abril. Tempo mais que suficiente para a preparação, normalmente planejada pelo treinador para 14 semanas, subdivididos em ciclos menores (introdutório, preparatório, específico e competição). Os problemas começaram na segunda semana. No dia 8 de abril, o atleta sofreu uma profunda perfuração no terço superior do músculo gastrocnêmio direito, em um acidente doméstico. Foram necessários 20 dias de inatividade para a recuperação.

Era preciso mudar o cronograma de treinamento. Assim, Vanderlei retomou a preparação dia 28 de abril trabalhando em menor intensidade e com maior volume. Tudo correu bem até 12 de maio, quando uma contratura no posterior da coxa direita passou a impedir que o atleta treinasse no ritmo necessário. Em uma verdadeira corrida contra o tempo, o treinador reavaliou a situação e concluiu que poderia deixar Vanderlei apto para disputar a Maratona de São Paulo com chances de vitória desde que tivesse oito semanas de treino ininterrupto. Livre de lesões e com o novo programa, ele iniciou novo ciclo, que durou de 20 de maio a 14 de julho. “Retornei com rodagem de 40 minutos a uma hora. O que ajuda é que meu organismo se recupera rápido. Em 45 dias de treino me recupero de 70% a 80% da performance. Normalmente, rodo de 180 a 200 quilômetros por semana, com média de 30 a 35 km por dia, em dois períodos”, explicou o atleta.

Todo o esforço, tanto do atleta como de sua equipe, foi recompensado com a bela vitória na capital paulista. Entre a largada e a linha de chegada, Vanderlei teve mais que uma preparação cuidadosamente planejada, talento e condicionamento. Contou ainda com uma estratégia de prova perfeita.

Figura mais que conhecida em corridas de rua, especialmente nas maratonas, o coelho foi imprescindível para o plano de corrida de Vanderlei. Habituado a correr sem marcar tempo “porque o relógio prende o atleta ao tempo”, Vanderlei contou com as passadas firmes de Daniel Lopes Ferreira, contratado especialmente para completar a meia maratona em 1h05min40, deixando o caminho livre para Vanderlei seguir no ritmo estabelecido nos treinamentos para fechar a prova entre os líderes.

Quem explica é D’Angelo. “Pelo histórico da Maratona de São Paulo, sabíamos que sempre a segunda metade do percurso era cumprida pelo menos 3 a 4 minutos mais lenta que a primeira. Assim, o objetivo foi minimizar essa diferença por meio de um ritmo mais uniforme para todo o percurso, pois o Vanderlei apresentava indicadores positivos nos treinos para esta estratégia. Com isso, a tarefa do coelho era garantir sua concentração nessa primeira metade para que ele pudesse sustentar a segunda praticamente no mesmo ritmo. Planejamos com o Daniel, e seu técnico Marcão, a passagem da meia maratona em 1h05min40, pois projetávamos um tempo final próximo de 2h12min. O resultado foi excelente: o Daniel foi perfeito passando em 1h05min45, com o Vanderlei fechando a segunda parte em 1h05min34, tempo final de 2h11min19.”

Passada a euforia pela conquista inédita, Vanderlei prepara-se para vencer novos desafios. A curto prazo, o objetivo é outra façanha, o título da São Silvestre. “Quero muito vencer esta prova, pois é a de maior visibilidade na mídia nacional e a melhor oportunidade para ser reconhecido no País”, garante o atleta que tem como melhor colocação na tradicional prova de 31 de dezembro um terceiro lugar, em 1996.

Antes, vai em busca do índice para os Jogos Pan-Americanos de 2003 e Campeonato Mundial. Para isso, vai correr nova maratona em outubro, provavelmente em Chicago, nos Estados Unidos, ou Amsterdã, na Holanda. Se conseguir, deve estar entre os 20 primeiros do ranking mundial de 2002. O planejamento para a carreira do atleta é mais abrangente. A médio prazo, vai lutar pelo bi no Pan de 2003, o índice para os Jogos Olímpicos de Atenas/2004 e se manter entre os 20 primeiros do mundo. A longo prazo, Vanderlei quer concretizar o sonho de uma medalha olímpica na Grécia. “Se conseguir, terei a satisfação total em minha carreira.”

A luta pelo bicampeonato Pan-Americano promete um sabor especial. Para o atleta, a medalha de ouro conquistada em 1999, em Winnipeg, no Canadá, é a conquista que mais marcou na carreira. “Com certeza essa conquista repercutiu bastante no Brasil. Conquistar uma medalha representando diretamente o Brasil é uma honra, ainda mais a de ouro”.


Disciplina e concentração são dois poderosos alicerces para as conquistas do maratonista. “O Vanderlei possui uma capacidade enorme para não se deixar influenciar por problemas extra pista. Eu diria que sua concentração nas sessões de treino são próximas de 100%, gerando possibilidades de alcançarmos níveis altíssimos de exigência de esforço. Evidentemente, este comportamento foi desenvolvido e trabalhado ao longo de sua carreira, já que ele é considerado um atleta bastante experiente”, explica o técnico. A “experiência” a que se refere o treinador são os 33 anos de idade e os 14 de atletismo de alto rendimento, fato que não pesa sobre os ombros do corredor. “Acredito que ainda terei vida longa no esporte. Vejo o exemplo de alguns atletas que têm conquistado bons resultados com mais idade, mais experientes, como o Carlos Lopes, campeão olímpico aos 38 anos, na Olimpíada de 1984”, explica Vanderlei, que conta com os avanços tecnológicos e científicos nas áreas de treinamento, nutrição e equipamento para atingir a longevidade esperada.

Construir uma carreira de sucesso exige dedicação e talento. Despende ainda uma fonte de energia diferente da usada para impulsionar passadas ritmadas e velozes, mas quase tão importante quanto. É o dinheiro da equipe e patrocinadores que permite montar uma equipe de tão alto nível quanto o atleta. No caso de Vanderlei, o apoio sempre veio da Funilense e seus investidores. Atualmente, o patrocínio vem do Pão de Açúcar, BM&F, Olympikus e Prefeitura de São Caetano do Sul. O investimento dessas empresas permite a manutenção de um time multidisciplinar composta pelo médico Paulo Zogaib, o fisioterapeuta Wilson Pereira Bueno e o agente Jos Hermens, além do técnico Ricardo D’Angelo, que está ao lado do atleta há 10 anos.

A rotina de treinos de Vanderlei se divide entre duas cidades. Em Campinas, no interior paulista, são feitas as avaliações iniciais do ciclo de treinamento planejado, bem como o controle e verificação dos indicadores funcionais. Os ciclos específicos de suas preparações são em Maringá, no Paraná, que atualmente conta com recursos materiais (pista sintética, principalmente) de primeira qualidade. Os dois municípios são locais de trabalho e convivência familiar. No Paraná está a maioria dos parentes. “Considero muito importante sua proximidade com os familiares. Temos informações de estudos científicos dizendo que grande parte do resultado final do atleta se deve ao seu estado mental. Para se obter o máximo, seja no treinamento ou na competição, precisamos de perfeito equilíbrio entre seu estado mental e físico. É importante que sua vida fora da pista esteja em harmonia de maneira a não interferir em seu desempenho atlético. Família, trabalho, amigos, vitória e derrota são aspectos que devem ser bem trabalhados pelo treinador e atleta”, explica D’Angelo. “Sempre tive o apoio da família”, completa o corredor.


Apesar do tempo no atletismo e dos resultados expressivos, Vanderlei Cordeiro de Lima não passa nem perto de ser um recordista em número de participações. Até hoje, correu apenas 17 maratonas. Se não opta pela quantidade, faz da qualidade seu cartão de visitas. Terminou entre os três primeiros colocados em nove corridas. “Faço, no máximo, duas maratonas por ano. No meio da preparação, disputo, em média, três provas, podendo ser de 10 mil, 15 mil ou meia maratona. No total, não chego a fazer 20 corridas por ano. Prefiro optar pela qualidade, as que ajudarão minha preparação”, analisa o atleta.

Respeitar os limites do corpo maximiza os resultados em corridas e ajuda no combate a um dos maiores monstros na carreira de qualquer esportista. As lesões obrigam a inatividade e podem causar danos ainda mais profundos na auto-estima, muitas vezes mais perigosos que a própria contusão. Depois dos problemas mais recentes, especialmente no tendão, Vanderlei passou a fazer trabalho de fortalecimento muscular nas áreas mais exigidas. Alternar o treinamento com pista e trabalhar com musculação são outras ações que aliam rendimento e prevenção de “acidentes de trabalho”.

Para Vanderlei, as piores lesões na carreira vieram antes dos Jogos de Sydney e na Maratona do Japão, em 2001. “Antes da Olimpíada sofri uma lesão na articulação do pé esquerdo. Corri no sacrifício porque já estava inscrito e não podia ser substituído (terminou em 75º lugar e foi criticado por quem nem sabia do problema).

No ano seguinte, tive um estiramento na coxa esquerda durante a Maratona do Japão quando faltavam apenas 3 mil metros para terminar. Ainda cheguei em segundo lugar”, conta. Classificando esses momentos como os piores na vida de qualquer atleta, ele ensina como superar a pressão. “É preciso paciência para se recuperar com tranqüilidade e contar com a compreensão do técnico e dos patrocinadores. Eu prefiro me isolar um pouco na fase de recuperação.”

Modelo para quem sonha vencer distâncias, o campeão da Maratona de São Paulo ensina que não existe segredos ou fórmula mágica para o sucesso no atletismo. Tem que gastar muita sola de tênis. “O mais importante é gostar do que está fazendo, assim, haverá mais chance do atleta ter uma performance melhor. O esporte não é feito só de vitórias, por isso tem que gostar para enfrentar as derrotas e não se abater com os maus momentos. Procurar um centro de treinamento e ter o apoio de profissionais especializados para ter a orientação correta é fundamental para obter bons resultados.”

Vanderlei Cordeiro de Lima
Nascimento: 11/08/1969.
Peso: 53kg.
Altura: 1,64m.
Provas: 10.000m, Meia Maratona e Maratona.
Treinador: Ricardo Antonio D'Angelo (há 10 anos)
Equipe Multidisciplinar:
Médico: Paulo Zogaib.
Fisioterapeuta: Wilson Pereira Bueno.
Agente: Jos Hermens (GSC).

Melhores Marcas Pessoais
Pista
1.500m – 3min47s32, Curitiba, 1993
3.000m – 8min02s65, Rio, 1998
3.000m c/obstáculos – 9min03s29, SP, 1993
5.000m – 13min55s43, SP, 1997
10.000m – 28min08s03, Hengelo (HOL), 1997

Rua
10km – 28min01, Santos, 1997 (recorde do percurso e melhor resultado em solo brasileiro)
15km – 43min15, Tóquio (JAP), 1994
10 Milhas – 47min21, Vitória, 1995
Meia Maratona – 61min24, Lisboa (POR), 1995
25km – 1h15min12, Tóquio (JAP), 1996
30km – 1h30min08, Tóquio (JAP), 1996
Maratona – 2h08min31, Tóquio (JAP), 1998

São Silvestre:
1992 - 4º lugar
1993 - 13º lugar
1994 - 4º lugar
1995 - 5º lugar
1996 - 3º lugar
1997 - 6º lugar
1999 - 7º lugar
2000 - 4º lugar
2001 - 5º lugar


  • Único atleta sul-americana a correr a maratona por quatro vezes abaixo de 2h09.
  • Fez 6min10s para os últimos 2,195m na Maratona de Dong-A, Coréia, 1997.
  • Melhor tempo de um sul-americano em Nova Iorque, 2h10min42, 1998.
  • Melhor tempo em solo sul-americano, 2h11min19, São Paulo, 2002.

Principais Títulos:


  • Medalha de ouro na maratona nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg/99
  • Medalha de prata no Campeonato Mundial de Revezamento em Maratona/Kopenhagem/96
  • Medalha de bronze na Copa do Mundo de Maratona/Atenas/97
  • 1º lugar na Maratona de Tóquio/96
  • 1º lugar na Maratona de Reims/94
  • 1º lugar na Maratona de São Paulo/2002
  • 2º lugar na Maratona de Tóquio/98, Dong-A/97(Coréia) e Beppu-Oita/00 (Japão)
  • 3º lugar na Maratona de Fukuoka/99
  • 3º lugar na Maratona de Rotterdam/00
  • 5º lugar na Maratona de Nova Iorque/98
  • 7º lugar na Maratona de Rotterdam/95
  • 9º lugar na Maratona de Berlin/95
  • 3º lugar na Meia Maratona de Tóquio/94
  • 4º lugar na Meia Maratona de Lisboa/95
  • 1º lugar no Campeonato Sul-Americano de Cross-Country/Cali/95
  • Integrante da Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Atlanta/96 e Sydney/00

Patrocinadores:


  • Pão de Açúcar
  • BM&F Atletismo
  • Olympikus
  • São Caetano do Sul
  • Organização Funilense de Atletismo

Todas as Maratonas:
AnoProvaPosição Tempo


  • 1994 Maratona de Reims campeão 2h11min06
  • 1995 Maratona de Rotterdam 7º 2h12min12
  • 1995 Maratona de Berlin 9º 2h13min47
  • 1996 Maratona de Tóquio campeão 2h08min38
  • 1996 Maratona de Atlanta 40º 2h23min01
  • 1997 Maratona de Dong-A 2º 2h12min41
  • 1997 Maratona de Atenas23º 2h21min48
  • 1998 Maratona de Tóquio 2º 2h08min31 (recorde pessoal)
  • 1998 Maratona de Nova Iorque 5º 2h10min42
  • 1999 Maratona de Bostonnão completou
  • 1999 Maratona de Winnipeg campeão 2h17min21
  • 1999 Maratona de Fukuoka 3º 2h08min40
  • 2000 Maratona de Rotterdam 3º 2h08min34
  • 2000 Maratona de Sydney 75º 2h37min01
  • 2001 Maratona de Beppu-Oita 2º 2h10min02
  • 2002 Maratona de Dong-A não completou
  • 2002 Maratona de São Paulo campeão 2h11min19

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Atletismo · 13 set, 2002

À partir da segunda-feira (15) entra em circulação nacional uma nova revista voltada a corridas de rua e triathlon, a SuperAção, que trás artigos técnicos, histórias, dicas de nutrição, saúde, ídolos brasileiros e demais informações aos praticantes ou entusiastas dessas modalidades.

A SuperAção, é editada pela Editora Multiesportes, cujo presidente, é consultor Sergio Coutinho Nogueira, que comanda a melhor equipe do país no atletismo, com nove títulos consecutivos do Troféu Brasil. artigos técnicos, histórias, dicas de nutrição, saúde, ídolos brasileiros e informação sobre corridas de rua e triathlon.

O WebRun e SuperAção, firmaram parceria para melhor atender os anseios e necessidades de informações de nossos internautas.

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