Descubra os mitos e verdades sobre a torção no tornozelo

Redação Webrun | Lesão · 20 ago, 2019

A torção no tornozelo é uma das lesões mais comuns nos atletas e que levam a um elevado número de atendimentos durante provas e treinos. Muitos atletas tiveram torções por pisar em gel largado na prova, tropeços em copos, pisadas em buracos, esbarrões e pisões, gerando desequilíbrios e consequentemente as “viradas de pé”.

Por isso, a ortopedista Ana Paula Simões irá tirar as dúvidas e esclarecer o que é mito e o que é realidade quando se trata de um tornozelo torcido. Se você entender algumas coisas simples sobre entorse de tornozelo, poderá tomar as melhores decisões e cuidar do tornozelo para que possa voltar a correr o mais rápido possível.

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Torção no tornozelo: mitos e verdades

Descubra quais são os mitos e verdades sobre a torção no tornozelo - Foto: Adobe Stock

Mito 1: raios-X – tenho que fazer?

Toda vez que sofremos uma entorse de tornozelo em uma corrida ou trilha, por exemplo, queremos saber o que está errado. Ao procurar um pronto socorro, na maioria das vezes, é realizado um raio-X para descartar fraturas. O primeiro problema é que esse exame realmente só mostra as estruturas ósseas, ou seja, não mostra muito bem tendões, ligamentos ou outros tecidos moles, estruturas que geralmente são lesionadas durante as torções.

Na verdade, há um conjunto completo de critérios usados com frequência pelos médicos para determinar se vale a pena fazer um raio-X quando alguém torce o tornozelo. Essas regras são conhecidas como “critérios de Ottawa”. Eles foram desenvolvidos no Canadá para reduzir os custos de assistência médica quando o Canadian Health System percebeu que milhares de pacientes todos os dias estavam aparecendo nas salas de emergência e recebendo radiografias desnecessárias de seus tornozelos.

As regras de Ottawa dizem basicamente que o médico precisa palpar quatro pontos diferentes no seu pé e tornozelo, e se não doer qualquer um desses quatro pontos, você provavelmente não precisa de radiografia. Agora, este conjunto de diretrizes basicamente excluirá todos os tipos mais comuns de fraturas que ocorrem quando você gira o tornozelo.

Mito 2: Se você pode andar, não está quebrado

Outro mito é que se você pode andar, seu tornozelo não pode estar quebrado. Muitas pessoas acreditam que: “se  estou conseguindo andar, como pode ter uma fratura?”. De fato, algumas fraturas são difíceis de diagnosticar (fraturas ocultas ou incompletas) mas também acontecem casos que foram tão significativas que tiveram que ser levadas imediatamente à cirurgia (mesmo com o paciente chegou andando).

Nossos corpos são verdadeiras máquinas e quando uma parte se quebra, como um osso no tornozelo, as endorfinas naturais podem atenuar a dor, principalmente durante uma prova ou atividade esportiva. Os músculos e tendões ao redor da fratura podem se imobilizar com firmeza suficiente para sustentar o osso quebrado, tornando-o estável o suficiente para que você possa andar.

Então, se você acha que pode ter quebrado o tornozelo, obviamente você não deveria ignorar e continuar andando ou correndo. Você não precisa ser um médico para entender que, se você andar sobre um osso quebrado, poderá piorar a fratura ou desviar os fragmentos.

Mito 3 – Mobilidade precoce?

Um método de tratamento da torção no tornozelo que foi perpetuado por décadas é que você deve mover o tornozelo imediatamente depois de torcer. Acredite ou não, apesar de mito, há alguma base científica e razão para pensar que esse “tratamento de mobilização precoce” é uma boa ideia.

Muitos anos atrás, houve um estudo que relatou que, quando os atletas tiveram entorse grave no tornozelo e iniciaram um protocolo de movimento precoce para soltar o tornozelo, reduziam o inchaço e ajudava remover o fluido inflamatório e que poderiam retornar aos mesmos níveis de atividade dentro de poucos dias.

O problema é que não podemos comparar os tipos diferentes de lesões. Isso porque não são todas que se encaixam nesse tratamento ativo. Além disso, algumas pessoas evoluem com dor crônica e instabilidade quando mal imobilizados ou tratados.

Se seu objetivo é garantir que você esteja correndo sem dor e sem problemas daqui a alguns anos, você pode ser mais cauteloso quando se lesionar. Se necessário, ficar imobilizado por um curto período garantindo o ganho de mobilidade, quando os tecidos cicatrizarem.

Mito 4: tentar superar a dor

Embora a palavra chave para um atleta seja superação, nos casos de torção onde é verificada dor, edema e vermelhidão, vale a pena não forçar a natureza pois a lesão pode ser agravada. Qualquer um desses sinais indicam inflamação, que muitas vezes está associado à lesão, principalmente se vier acompanhado de equimose (roxo).

O ponto chave é que a lesão inicial da torção no tornozelo pode ser seguida por uma liberação grande de endorfina, que pode diminuir consideravelmente a dor e fazer você pensar que está tudo bem em continuar. Mas isso pode colocá-lo em risco de mais problemas, pois o corpo irá recrutar mais células de defesa e fazer o tornozelo inchar cada vez mais. Se acontecer uma fratura sutil do tornozelo ou alguma lesão de partes moles e continuar se movendo, pode piorar a lesão.

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Mito 5: torção no tornozelo de maneira crônica

Alguns atletas desenvolvem dor crônica e instabilidade (falta de firmeza). Mas, na maioria das vezes, esses problemas são tratáveis. Você deve reabilitar completamente e reconstruir a conexão neuromuscular, ou você vai torcer novamente, agravando a lesão, ou durante as quedas, quebrar mais ossos. Portanto, não considere sua falta de estabilidade uma coisa “normal”.

20% dos pacientes que torcem os tornozelos, desenvolvem uma instabilidade crônica. O que torna o tornozelo lesionado mais suscetível a entorses recorrentes. Isso leva à interrupção do seu treinamento ou prova a qualquer momento.

Atenção: Você não precisa de cirurgia na maioria dos casos para reabilitar seu tornozelo. Os casos que a operação é necessária são os que tem a lesão anatômica, ou seja, o ligamento se rompeu e não cicatrizou. Além disso, o paciente, mesmo com reabilitação, permanece com queixa de instabilidade funcional (não tem firmeza no pé).

*Fonte: Ana Paula Simões, ortopedista e professora instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

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