Há pouco tempo, participei de uma prova de triathlon onde, pela primeira vez em mais de 30 anos de natação, abandonei a competição por fobia da água. Muita gente acha que esse tipo de situação ocorre somente com quem não sabe nadar. Mero engano. Conversando com vários triatletas experientes, não só descobri que é comum sentir fobia, mesmo sabendo nadar, como também existem técnicas para superar o medo.
No meu caso, a roupa de borracha, o frio e o fato da natação ser em uma lagoa, pesaram na hora da largada. Estava preparada, treinada e me sentindo muito bem quando de repente travei. Engoli água, achei que fosse morrer afogada e, por último, desisti da prova.
Um ponto importante está em escolher sempre provas onde os organizadores têm uma forte segurança na água Foto: Arquivo Pessoal
Foi uma decisão bem difícil e só realmente aceitei porque não conseguia de jeito nenhum continuar. Senti vergonha, raiva e medo de que aquilo voltasse a acontecer. Felizmente, depois de 15 dias do ocorrido, completei o meu primeiro triathlon olímpico e ainda experimentei o gostinho do pódio.
Refletindo sobre o acontecido, decidi analisar cada fato isolado para saber como poderia agir na próxima vez. Percebi que embora a roupa de borracha dê segurança para a maioria dos atletas, no meu caso, ela reforça o meu pânico. Me sinto incomodada com a compressão da roupa e mesmo já tendo competido com ela depois, estou pensando em cortar as mangas por recomendação de uma amiga que tinha o mesmo problema.
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A temperatura baixa também me incomodou bastante, mas para isso, infelizmente não há muito o que fazer, a não ser aquecer e tentar manter os pés aquecidos (saco plástico às vezes funciona antes da largada). O fato de ser lagoa, em vez de rio ou mar, tem a ver com as condições do nado. Quanto mais tumultuada a largada, maior a sensação de fobia. Para isso, não tem jeito a não ser nadar fora da muvuca, nas laterais.
Alguns amigos que já passaram pelo mesmo problema também deram outras dicas, como nadar de costas quando não se sentir bem, fugir da muvuca da largada e na hora de contornar a boia, o chamado “ombro esquerdo ou direito”.
O mais importante de tudo é saber que, caso isso aconteça com você, não se desespere. Faz parte da jornada de qualquer triatleta passar por essas dificuldades e isso jamais deve se tornar um delimitador. Pelo contrário. Com os treinos simulados e a própria experiência nas competições, você irá descobrir seus pontos falhos e necessidades.
Abandonar a prova é uma questão pessoal, mas não se sinta mal ao fazer isso Foto: Guto Gonçalves/Divulgação
Um ponto importante está em escolher sempre provas onde os organizadores têm uma forte segurança na água, com apoio de caiaques e salva-vidas. Já ouvi relatos de pessoas que sentiram mal com a roupa de borracha e decidiram tirar, entregar para o staff da organização e continuar.
Abandonar a prova é uma questão pessoal, mas não se sinta mal ao fazer isso. Pelo contrário, pegue como experiência para se conhecer melhor e estar mais preparada para competir.