Atletismo · 27 jun, 2011
O cardiologista esportivo Dr. Nabil Ghorayeb atualiza seu artigo sobre treinamento durante o inverno. Originalmente publicado em 2009 no Webrun, o texto fala sobre erros e acertos na hora de praticar exercícios físicos sob baixas temperaturas.
Desde Hipócrates, pai da medicina sabe-se que nas mudanças de estações, principalmente do inverno, as doenças circulatórias e respiratórias são mais frequentes e perigosas para crianças e idosos, pacientes debilitados e os com doenças cardiovasculares (pressão alta, angina do peito/infarto do miocárdio, arritmias, acidente vascular cerebral e deficiente circulação nas pernas). Além disso, nessa época do ano, pode ocorrer a hipotermia, ou seja, a temperatura corporal abaixo dos 36,5 0C.
Isso significa perda da habilidade em produzir energia suficiente para manter a temperatura interna do corpo. A hipotermia pode ser fatal pelo colapso do coração e seus sintomas são: dificuldades de coordenação motora, reações lentas, calafrios, insônia e confusão mental. As extremas baixas temperaturas nos obrigam a nos agasalharmos bem, principalmente mãos e pés, sendo o rosto e mãos e pés os nossos sensores de temperaturas.
Atenção em relação ao consumo de bebidas alcoólicas (pinga, whisky, conhaque e outras) para nos aquecer, absolutamente isto não existe ! O álcool dilata os vasos sanguíneos levando o sangue a um maior contato com as áreas expostas ao frio e, ao contrário do que se espera, ocorre maior perda do calor e o sangue mais frio, seguindo para o interior do corpo, dissemina a baixa temperatura.
Portanto, bebidas alcoólicas não aquecem e a sensação de queimação no estômago é na verdade sintoma de uma leve gastrite aguda. Essa falsa sensação de calor provocada pela bebida no esôfago e estômago induz acreditar que o organismo está aquecido, o que não é verdade. O perigo é ficar alcoolizado e não sentir o frio, o que resulta em enorme risco de hipotermia e suas consequências. Somente a ingestão de líquidos previamente aquecidos (chá, chocolate, leite) é que leva calor ao seu organismo.
Nos casos de emergências por grave hipotermia, além de se agasalhar imediatamente com materiais térmicos, devemos administrar líquidos aquecidos pela boca. Infelizmente pessoas morrem por hipotermia, sem perceber a intensidade do frio devido à intoxicação alcoólica por elevada ingestão alcoólica. Em relação aos problemas respiratórios, eles se elevam pela baixa imunidade do organismo, consequente ao frio intenso. Por isso a vacinação antigripal anual para os indivíduos mais sensíveis, como as crianças e idosos.
Atividade física no frio intenso Exercícios físicos são saudáveis acima dos 200C. No inverno o esportista deve evitar baixas temperaturas e o vento frio. Recomendamos aquecimento muscular, respiração nasal de preferência, vestimentas adequadas para se proteger da perda rápida de calor, principalmente das mãos, pés e rosto, ingestão de líquidos aquecidos, principalmente no pós-exercício.
Atletismo · 04 maio, 2011
Nome:Lincoln
Idade:39
Dúvida:Tenho 39 anos, participo a tempo de corridas de Rua e sempre tive batimentos cardíacos altos, com qualquer esforço mínimo vai a 180, nas grandes subidas a 205. Faço as provas todas com batimento acima de 170 de media. Fui ao cardiologista, ele fez eco cardiograma, ultrasom com dopler e disse estar tudo certo, mas fico intrigado com isso. Isso é normal?
Resposta:Realmente o cardiologista não terminou sua avaliação !! Com certeza faltam teste ergométrico e HOLTER. É preciso investigar se é falta de condicionamento físico que causou essa aceleração ou alguma outra causa (coração ou tireóide etc).
Não é normal e vale investigar, sem medo, com especialista em cardiologia do esporte.
Atenciosamente, Dr. Nabil Ghorayeb.
Resposta concedida pelo Dr. Nabil Ghorayeb. Especialista em
Cardiologia e em Medicina do Esporte. É chefe da seção médica de cardiologia do
exercício e esporte do Instituto Dante Pazzanese e coordenador clínico do Sport
Check-up do Hospital do Coração.
Corridas de Rua · 14 nov, 2010
Nome: Tiago Cabrera
Idade: 32
Dúvida: Estou iniciando no pedestrianismo, prático corrida leve um dia sim outro não, meus batimentos cardíacos em repouso esta na faixa dos 55/min. mas quando estou em corrida e em qualquer subida, ele dispara, sai facilmente da faixa de conforto e após realizado a corrida, demora voltar ao normal. Já fiz eletro, rolter, e nada de problema fora apontado. Há algum tipo de exercício específico que promova a estabilização dos batimentos cardíacos?
Resposta: Recomendo passar num cardiologista especializado em esportes e num professor de educação física para organizar sua agenda ou planilha. Pelo que informa, me parece falta de condicionamento físico adequado para esse exercício aeróbio. Faça um teste ergométrico até exaustão com cardiologista presente na sala e lembre que o exame de Holter só serve na suspeita de possível arritmia. Aliás, achei estranho fazer só eletro e Holter.
P.S: A análise do eletro de esportistas e atletas atualmente é bem diferente e detalhada do que é feito em geral.
Resposta concedida pelo Dr. Nabil Ghorayeb. Especialista em Cardiologia e em Medicina do Esporte. É chefe da seção médica de cardiologia do exercício e esporte do Instituto Dante Pazzanese e coordenador clínico do Sport Check-up do Hospital do Coração.
Caminhada · 29 jul, 2009
Como parte da educação e para a saúde futura, crianças iniciam a prática de esportes precocemente. A cobrança de alguns pais, não aceitando as derrotas é quase um modelo. O destaque esportivo da criança leva os responsáveis muitas vezes investir num futuro profissional (e rico) obrigando seu filho se submeter a treinamentos fortes, na maior parte das vezes, sem exame médico especializado. Neste cenário vemos crianças e adolescentes começando a sentir o peso das competições e a pressão por bons resultados. Além dos excessos físicos e risco para a saúde não são poucos os ótimos atletas mirins que desistem por estarem saturados das cobranças e dedicação espartana necessárias para vencerem como atletas.
Fizemos um levantamento com cerca de 700 garotos federados com idade entre 14 e 18 anos de um grande clube de São Paulo, e detectamos 23% deles com alterações benignas, ou duvidosa, no eletrocardiograma, sem nenhuma queixa de nada. Além disso, encontramos sopro no coração, pressão arterial no limite, anemia e incrível, até taxas elevadas de colesterol e triglicérides, provenientes de erros alimentares.
Outra pesquisa com 120 garotos da mesma faixa etária, das peneiras de futebol de quatro clubes paulistas, apontaram o mesmo tipo de alterações no eletrocardiograma em 17% dos garotos. No primeiro caso os garotos avaliados pertencem a uma classe social alta, enquanto que no segundo a classe é mais baixa. Isso revela que as anormalidades cardíacas independem de classe social e podem se manifestar em qualquer indivíduo. Por isso, a realização periódica de exames clínicos especializados é essencial.
A necessidade de maior força física implica em mais treinamento e, conseqüentemente, maior esforço para as articulações, deixando as mesmas mais propensas às lesões. Esses traumas podem ser apenas de ligamentos, ou até mesmo fraturas e deslocamentos dramáticos da articulação.
A prática esportiva fortalece o organismo e mantém as condições de vida saudável. Porém, para ter certeza que o exercício só trará benefício, é preciso ter em mente as principais precauções a serem tomadas, a fim de não ocorrerem lesões antes ou durante a prática do exercício.
Por isso é sempre bom seguir algumas recomendações:
Corridas de Rua · 26 mar, 2009
O uso de anabolizantes triplica. Um levantamento feito pelo Cebrid indica que 1,2 milhão de jovens, em 108 cidades, inclusive na capital paulista, fazem uso de esteróides injetáveis ou de pílulas. Esses dados foram publicados no Jornal da Tarde e no Estado de São Paulo no dia 15 de março de 2009, na matéria feita pela jornalista Fernanda Aranda.
Participei dessa matéria e mais uma vez discuti sobre o assunto. Abordei essa doida distorção de substâncias medicamentosas (os esteróides anabolizantes e o famoso GH - hormônio de crescimento), e aprofundei o alerta em relação aos suplementos conhecidos como Fat Burns (termogênicos e estimulantes para emagrecer). Além disso, também falei dos suplementos de proteínas (aminoácidos) onde cerca de 25 a 30% deles escondem criminosamente que estão contaminados pela adição de anabolizantes. Também falei dos Burns (denunciados pela WADA Agência Mundial antidoping e da nossa ANVISA).
Essas drogas citadas causam, mesmo em pessoas sem doenças, sintomas sérios como taquicardias (aceleração ou irregularidades dos batimentos (extrassistoles), elevação da pressão arterial até angina do peito ou infarto do miocárdio. As recomendações de suplementação devem ser de nutricionistas ou de médicos especialistas. Cabe um outro alerta, já detectamos profissionais (inclusive médicos), receitando anabolizantes e hormônios para melhorar performance ou remoçar (anti-envelhecimento), o que ainda é pura BALELA e pior ainda, essas substâncias são doping no esporte, já as anfetaminas, são drogas proibidas pela ANVISA.
O que são esteróides anabolizantes? Nandrolona, dihidrotestosterona e outros, são drogas médicas, portanto lícitas, usadas por esportistas até na formulação veterinária! Descobertas no pós-segunda Guerra Mundial, para recuperar as vítimas dos campos de concentração, gravemente desnutridas. Com o passar dos anos, o seu uso foi incrementado nos pós-operatórios de grandes cirurgias, para mais rápida recuperação, principalmente na força muscular e estado geral.
Aí entrou o lado tirar vantagem do ser humano. Alguns atletas descobriram essa qualidade e passaram a usá-las para aumentar a força e o volume dos músculos. Até os nossos dias, a coisa avolumou-se e depois disso, vocês já conhecem a história.
Danos à saúde - A lista é grande mesmo em doses não muito elevadas, como: elevação dos níveis de gorduras, principalmente o perigoso LDL-colesterol que se deposita nos vasos sanguíneos do coração, cérebro e pernas obstruindo a circulação e podendo causar infarto do miocárdio e derrame cerebral e aumento dos níveis sanguíneos de outra gordura, os triglicérides.
Na seção de CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia examinamos usuários de anabolizantes com menos de 30 anos e constatamos doenças graves: infarto do miocárdio e hipertensão arterial (cientistas europeus constataram algumas mortes de jovens por infarto do miocárdio relacionadas ao uso de esteróides anabolizantes). Doenças como câncer de fígado e de testículo ou dos ovários, impotência sexual, obesidade, mudança nas características masculinas ou femininas da voz, aparecimento de barba e pelos anormais nas mulheres entre outras reações.
Não se pode fingir que não existe problema, desculpas do tipo: afinal é por pouco tempo, desconheço alguém que passou mal etc... Não servem! A maioria nega, mas no ganho excepcional de massa muscular, desconfie. Não existe trabalho físico (musculação) que faça isso num nível extraordinário, sem essas bombas. Lembrem dos atletas pegos no doping por anabolizantes que acabaram com a bela carreira esportiva e de jovens investigados na TV e jornais, que morreram ou tiveram doenças terríveis.
Atletismo · 23 jan, 2009
Interessante essa questão, ainda mais agora no verão. Quero fazer algumas considerações. Os variados tipos de banhos são hábitos sociais das várias populações no mundo. Todo ano, festejando o ano novo, cidadãos russos se lançam nos rios gelados sem problemas, o mesmo acontece na Itália (Roma). Já nos países Nórdicos (Escandinávia) a sauna é o lazer nacional, com seus choques térmicos (quente/frio/quente/frio...), também sem causar danos.
Esses hábitos europeus se espalharam pelo mundo e hoje em dia a maioria das pessoas considera que a sauna, além de sinônimo de saúde, pode curar certas doenças. Infelizmente sauna não é remédio, nem retira toxinas nem nada, ela é um lazer com ótima sensação física de bem-estar pela liberação de endorfinas (substâncias euforizantes produzidas pelo organismo).
Ainda fica uma pergunta, como essas variações térmicas são suportadas? Tudo pode ser resumido no fato de ocorrer uma adaptação metabólica para que haja maior capacidade orgânica em resistir às variações extremas e agudas da temperatura externa. Nesse assunto convém esclarecer que existem riscos para a saúde de alguns.
Pessoas com doenças cardiovasculares ou que tomam medicações regularmente, como por exemplo, remédios para hipertensão arterial ou para as doenças das coronárias, insuficiência cardíaca etc, devem ter muito cuidado com esse lazer, evitando a sauna com seus contrastes de temperatura e em conseqüência ao elevado calor, geralmente ocorrem fortes quedas da pressão arterial.
Afinal banhos em água fria e a ingestão de líquidos muito gelados por pessoas não acostumadas a isso, ou com alguma cardiopatia, devem ser restritos (até evitados), banhos muito frios, por exemplo, em piscina com menos de 28 graus de temperatura. Um fenômeno fisiológico de defesa do organismo contra o frio irá causar elevações abruptas da pressão arterial e diminuição progressiva da pulsação e surgimento de arritmias cardíacas e até desmaios ou síncopes.
NOTA as pessoas sensíveis às baixas temperaturas, sentem o frio principalmente pelos receptores de temperatura existentes no rosto e extremidades.
Comer e logo depois tomar banho, em geral não deve ter riscos. Indivíduos com saúde normal não devem se preocupar. Na praia, onde se come e se bebe com exagero existe o risco decorrente desses abusos chamado popularmente de CONGESTÃO onde a desidratação causada pela insolação extrema e maus hábitos no comportamento social (alcoolismo etc) é a causa desse fenômeno.
Nos cardíacos o comer e banhar-se em seguida pode desencadear crises cardíacas graves como se estivessem fazendo exercícios intensos após refeição. Em resumo, a ocorrência da morte de um indivíduo que comeu bem e foi banhar-se, ou fazer sauna, é rara e na maior parte das vezes conseqüência à doença cardíaca pré-existente ou dos abusos alcoólicos/alimentares.
Caminhada · 17 dez, 2008
Nome: Joviniano Fernandes
Idade: 47 anos
Dúvida: Queria saber quais os esportes que eu posso fazer para que a minha pressão fique boa?
Resposta: Depois do teste ergométrico feito por cardiologista e baseado nos dados do exame, escolha os exercícios aeróbios no solo como andar, correr ou ciclismo.
Resposta concedida pelo Dr. Nabil Ghorayeb. Especialista em Cardiologia e em Medicina do Esporte. É chefe da seção médica de cardiologia do exercício e esporte do Instituto Dante Pazzanese e coordenador clínico do Sport Check-up do Hospital do Coração.
Corridas de Rua · 10 dez, 2008
Nome:Daiane Fernandes
Idade: 15 anos
Dúvida: Meu pai tem 47 anos. Eu queria saber qual é a freqüência cardíaca máxima que ele pode chegar e a mínima?
Resposta: Tem uma conta básica para saber isso. A freqüência cardíaca máxima é: 220 menos a idade da pessoa. No caso do seu pai, máxima: 220 - 47 = 173 bpm (batimentos por minuto) e a sub-máxima: 195 - 47 = 148 bpm. Além disso, recomendamos seguir os dados atingidos no teste ergométrico e ele não deve ultrapassar 85% da FC máxima, ou seja, a FC atingida em um teste ergométrico será considerada no lugar da máxima estimada, no caso do seu pai de 220 - idade = 173 bpm. Assim, a orientação é que ele não ultrapasse 85% de 173, ou seja, 147 bpm. Já em relação à mínima, este número não existe. O que podemos é orientá-lo a manter a FC entre 60 e 80% da máxima, ou seja, entre 112 e 147 bpm.
Resposta concedida pelo Dr. Nabil Ghorayeb. Especialista em Cardiologia e em Medicina do Esporte. É chefe da seção médica de cardiologia do exercício e esporte do Instituto Dante Pazzanese e coordenador clínico do Sport Check-up do Hospital do Coração.
Caminhada · 05 dez, 2008
Nome: Genivaldo Pessoa
Idade: 38 anos
Dúvida: Tenho ponte miocárdica na artéria descendente anterior que oclui a luz cerca de 60%. Pratico atletismo. Corro risco de morte? É caso de cirurgia?
Resposta: Existem critérios para avaliar seu caso. Você deve fazer uma cintilografia do miocárdio com MIBI e depois disso é possível decidir como deverá ser sua prática esportiva.
Resposta concedida pelo Dr. Nabil Ghorayeb. Especialista em Cardiologia e em Medicina do Esporte. É chefe da seção médica de cardiologia do exercício e esporte do Instituto Dante Pazzanese e coordenador clínico do Sport Check-up do Hospital do Coração.
Corridas de Rua · 12 set, 2008
Nome: Valéria Campos
Idade: 40 anos
Dúvida: Oi. Pratico corrida acompanhada por um profissional de educação física há um ano e consigo acompanhar todas as etapas da minha planilha. Atualmente corro três vezes por semana chegando a correr 10Km no meu longo.
Ocorre que minha freqüência cardíaca, que sempre foi alta durante a prática de esportes ao longo da minha vida, não apresentou a queda que eu esperava com a corrida. Ela vai de 160 batimentos por minuto num trote leve a 184 na corrida mais forçada. Já fui ao médico várias vezes, utilizei o holter, fiz eco e nada foi acusado. Tenho um pouco de receio de que esta prática, que me dá tanto prazer no momento, venha comprometer a minha saúde no futuro. O que vocês poderiam sugerir que eu fizesse?
Resposta: Aparentemente não é para se preocupar, não havendo algum problema cardiológico, ou médico, ou o uso de alguma substância energética estimulante, sugiro rever os níveis da freqüência (FC) cardíaca de treinamento. O normal é treinar com FC alvo entre a sub-máxima e pouco acima. Sem dúvida prefiro que converse com seu personal.
OBS.: escolha um profissional especialista em cardiologia (que trabalhe com exercício/esporte), além de especialista em medicina do esporte.
Resposta concedida pelo Dr. Nabil Ghorayeb. Especialista em Cardiologia e em Medicina do Esporte. É chefe da seção médica de cardiologia do exercício e esporte do Instituto Dante Pazzanese e coordenador clínico do Sport Check-up do Hospital do Coração.
Saúde · 11 abr, 2025
Corrida · 11 abr, 2025