Saiba como ocorre a dor no calcanhar

Redação Webrun | Atletismo · 04 jun, 2007

Figura 2 (foto: )
Figura 2 (foto: )

O Webrun conta a partir de agora com uma colunista especialista em ortopedia esportiva. Todo mês a Dra. Ana Paula Simões irá trazer novos assuntos para serem esclarecidos entre os atletas. O primeiro artigo é sobre dor no calcanhar. Você já sentiu essa dor? Saiba mais aqui!

São Paulo – Um dos motivos mais freqüentes de atendimento ortopédico, principalmente nos atletas, é a dor no calcâneo, conhecida como dor no calcanhar. Ela pode ter várias causas, sendo uma das mais freqüentes a Fasciíte plantar, que nada mais é que a inflamação da fáscia plantar.

A fáscia plantar é uma aponeurose (tecido que recobre a musculatura) da planta do pé que se estende do calcâneo aos dedos (figura1) ela ajuda a manter o arco longitudinal do pé. É importante fazermos a distinção entre fasciíte plantar e o esporão de calcâneo (figura 2).

O esporão do calcâneo faz parte do quadro de fasciíte plantar e se caracteriza por um crescimento ósseo no calcâneo, o qual localiza-se adjacente a fáscia plantar e é causada pela tração dos músculos flexores curtos dos dedos.

Sabemos hoje que a presença ou ausência do esporão, bem como seu tamanho não é a causa da dor nos corredores. Cerca de metade das pessoas com fasciíte tem esporão do calcanhar e mais ou menos 10% das pessoas sem dor no calcâneo também tem esporão isso ocorre devido a processos degenerativos.

Sinais e sintomas – O paciente com fasciíte apresenta dor na parte posterior da planta do pé. Esta dor ocorre principalmente nos primeiros passos quando o paciente levanta-se da cama pela manhã, pois os pés permanecem em flexão plantar e relaxados durante toda à noite, além disso, atividades esportivas ou ficar longos períodos em pé também causam dor importante.

No caso do esporão, algumas vezes o pé adapta-se a esta proeminência e a dor pode até diminuir. Por outro lado, um esporão indolor pode transformar-se em doloroso em conseqüência de uma pequena lesão, como pode acontecer durante a corrida. Mas a maior causa da dor é devido a essa proeminência óssea ser comprimida contra a parte posterior do tênis de corrida. Tanto o tendão como os tecidos moles podem ficar inflamados e doloridos quando isso acontece.

Causas e diagnóstico –

  • Alterações na formação do arco dos pés (principalmente a acentuação do arco, conhecido como pé cavo);
  • Alterações na marcha (pisada errada) também são fatores causais da doença;
  • Encurtamento do tendão de Aquiles e da musculatura posterior da perna.

    A pressão sobre o centro do calcanhar causa dor se o esporão estiver presente. Pode-se fazer radiografias para confirmar o diagnóstico, mas estas podem não detectar os esporões em formação. A ultra-sonografia ou Ressonância magnética são métodos importantes de avaliação da integridade e qualidade da fáscia plantar.

  • O tratamento inicialmente é sempre conservador:

  • Medicação com antiinflamatórios e analgésicos;

  • Fisioterapia com exercícios para alongamento da fáscia plantar e do tendão de Aquiles;

  • Suspender as atividades de corrida ou longas caminhadas;

  • Perder qualquer peso excessivo;

  • Palmilhas com acolchoamento do calcanhar podem minimizar o estiramento da fáscia e reduzir a dor além de absorção do impacto

    Para aqueles que não responderam ao tratamento, existem as opções:

  • Injeções de corticóide na fáscia plantar;

  • Uso do night splint, que é uma espécie de imobilizador de tornozelo que alonga a fáscia plantar enquanto estamos dormindo;

  • Terapia por ondas de choque extracorpórea, produzindo uma neovascularização com conseqüente reparação do tecido inflamado. Novo método eletrohidráulico de tratamento que é menos invasivo.

    A cirurgia fica reservada para os pacientes que não respondem a essas medidas citadas. Só se deve realizar uma intervenção cirúrgica para extrair o esporão ou a fasciectomia quando a dor constante dificultar a marcha e na falha do tratamento conservador.

    Observação – Nem toda a dor no calcâneo é Fasciíte Plantar, portanto, principalmente os pacientes que não apresentam benefícios com o tratamento, devem ser avaliados para outras causas em potencial como, por exemplo, síndrome do túnel tarsal, tendinite insercional do aquiles e atrofia da gordura plantar do calcâneo. Discutiremos esses assuntos nos próximos meses!

  • Mark Powell, M.D., William Post, M.D. Jay Keener, P.T. and Stanley Wearden, Ph.D.: Effective Treatment of Chronic Planter Fasciitis with Dorsiflexion Night Splints: A Crossover Prospective Randomized Outcome Study.: Foot and Ankle International/Vol. 19, No. 1/January 1998

  • Jorge Acevedo, M.D., and James Beskin, M.D.: Complications of Plantar Fascia Rupture Associated with Corticosteroid Injection.: Foot and Ankle International/Vol. 19, No. 2/February 1998

  • G. Andrew Murphy, M.D., Spiros Pneumaticos, M.D., Emir Kamaric, M.D., Phillip Noble, Ph.D., Saul Trevino, M.D., and Donald Baxter, M.D.: Biomechanical Consequences of Sequential Plantar Fascia Release.: Foot and Ankle International/Vol. 19, No. 3/ March 1998

  • Neil Sharkey, Ph.D., Seth Donahue, M.S., and Linda Ferris, F.R.A.C.S.: Biomechanical Consequences of Plantar Fascia or Rupture During Gait.: Foot and Ankle International/Vol. 20, No. 2/February 1999

    Este texto foi escrito por: Dra. Ana Paula Simões

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