Resumo do dia em Atenas

Redação Webrun | Esporte Adaptado · 22 set, 2004

Atenas (GRE) – O Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência foi comemorado pelo Brasil com duas medalhas nas Paraolimpíadas de Atenas. O nadador Clodoaldo Silva conquistou o ouro nos 200 metros livre e, de quebra, bateu o recorde mundial e paraolímpico da prova, com o tempo de 2min55s75, superando em quase 3 segundos o tempo anterior, do japonês Yuji Hanada, que era de 2min58s62. Hanada acabou ficando com o bronze na final de hoje. A prata foi para o espanhol Richard Oribe. A segunda medalha foi no atletismo, com o paulista Odair dos Santos, que ficou com a prata nos 1.500m, com o tempo de 3min54seg06. O vencedor foi o tunisiano Maher Bouaellegue, que bateu o recorde mundial com 3min51s09. O queniano Emanuel Asinikal ganhou o bronze com 3min54s74.

Clodoaldo entrou na final do Centro Aquático de Atenas já como o dono do recorde paraolímpico, que havia sido quebrado na manhã desta terça-feira,nas eliminatórias da prova. Na final, quando todos esperavam que o nadador, nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, pudesse sentir o forte ritmo da eliminatória, ele provou que está em excelente fase e quebrou o recorde mundial.
Em três provas disputadas, Clodoaldo ganhou dois ouros e bateu dois recordes mundiais. Não é exagero que seu apelido seja Clodoaldo “Recorde” da Silva. O potiguar, que volta à piscina nessa quarta-feira para brigar por mais uma medalha nos 50 metros borboleta, ficou em quarto na prova dos 50 metros costas.
“Essa não é a minha prova favorita. Prefiro as provas curtas, porque meu negócio é pular na piscina e enfiar o braço na água. Mas essa vitória foi fruto de muito trabalho e abdicação. Depois dos Jogos de Sydney, trabalhei quatro anos para conseguir esse resultado e é muito gratificante ver todo esse esforço refletido em medalhas”, vibrou Clodoaldo, que admitiu ter feito uma estratégia diferente das provas anteriores, dosando melhor a energia.

A confirmação da estratégia adotada por Clodoaldo Silva para conquistar o sexto ouro do Brasil em Atenas foi confirmada por seu técnico, Carlos Paixão, que afirmou que hoje o nadador é um atleta diferente daquele da Paraolimpíada anterior.”O Clodoaldo, hoje, é um outro atleta. Está muito mais experiente e sabe dosar suas energias dentro da prova. Agora ele sabe a hora certa de aumentar e diminuir o ritmo para chegar na frente dos adversários”, revelou Paixão.

A dedicação após as Paraolimpíadas de Sydney foi tão grande, que o nadador ficou mais forte e ganhou massa muscular. Atualmente, sua rotina de treinos envolve 1h30 de musculação e 2h30 de treino dentro da piscina, no mínimo. Antes da Austrália, sua preparação era de 3,5km a 4km diários.

Para obter os resultados em Atenas, o técnico Carlos Paixão praticamente dobrou sua carga de treinos para 8km dia.Para a prova dos 50m borboleta, na quarta-feira, Clodoaldo não quer
fazer planos de medalhas. Consciente do forte nível de seus adversários, sua meta prioritária é se classificar para a final, para depois preparar a estratégia da final.Com as conquistas desta terça, o Brasil está em 13º lugar no quadro geral de medalhas, com seis de ouro, quatro de prata e duas de bronze, no quarto dia de competição. Segundo o Comitê Paraolímpico Brasileiro, patrocinado pela Loterias da Caixa, o objetivo é ficar entre os 20 primeiros países do mundo,
com aproximadente 30 medalhas no total, somando dez de ouro.

Futebol de 7 garante semifinal- A seleção brasileira paraolímpica de Futebol de 7 (paralisados cerebrais) provou que o futebol pentacampeão do mundo está muito bem representado em Atenas. Com uma goleada de 6 a 1 sobre a Holanda, no Centro Olímpico de Hóquei, a equipe classificou-se para semifinal antecipadamente, garantindo, no mínimo, uma briga pelo bronze.O destaque da partida foi o meio-campista Fabiano Bruzzi, com quatro gols.
José Carlos Monteiro, o Zeca, completou o marcador com dois gols. Empatado no grupo com a Rússia, com duas vitórias, os dois países definem o primeiro lugar do grupo na quinta, às 8h de Brasília. O vencedor desse jogo sairá em primeiro e, teoricamente, enfrentará um adversário mais fraco na semifinal.

Brasil perde no basquete – Por 67 a 50, a seleção paraolímpica brasileira de basquete (cadeira de rodas) foi derrotada pela Itália e agora precisa vencer de qualquer maneira o jogo dessa quarta-feira, às 22h local, 16h de Brasília. A seleção estreou com uma derrota para o Canadá, mas depois se recuperou e venceu a França por 74 a 54.
A derrota foi marcada por uma pequena confusão, provocada pela
organização dos Jogos, que atrasou a entrega das cadeiras de rodas para os brasileiros e por pouco não provoca uma derrota por W.O. Como a responsabilidade do atraso tinha sido da organização, a arbitragem cedeu mais 15 minutos, possibilitando o início do jogo. Mesmo assim a equipe brasileira foi prejudicada, pois teve pouco tempo de aquecimento, deixando os jogadores um pouco estressados.

Hipismo – O hipismo estreou nessa terça-feira, nos Jogos Paraolímpicos de Atenas. O cavaleiro Marcos Alves, o Joca, categoria grau 1 (atletas em cadeiras de rodas e/ou com pouca mobilidade no tronco ou nos quatro mebros) competiu na categoria individual e fechou sua participação com o porcentual de 63.684, garantindo a 13ª colocação. Foi a primeira vez que o Brasil participou no hipismo.

Acidente –. Mas o pior momento aconteceu quando a amazona francesa Valerie Salles, uma das favoritas ao ouro no grau 1, estava iniciando sua participação na prova de adestramento. Antes de iniciar, seu cavalo sofreu um ataque cardíaco fulminante, indo ao chão com a amazona. Percebendo seu estado de choque e a impossibilidade de disputar o ouro, a comissão técnica de
hipismo brasileiro ofereceu a égua inglesa montada por Joca, Charlie Girl. O Comitê Paraolímpico Internacional de Hipismo ficou de analisar o caso. Mas a atleta deverá competir com uma égua brasileira na prova de estilo livre com música.

O repórter Felipe Kozlowski viajou para Atenas convidado pelas Loterias da Caixa, patrocinadora oficial do Comitê Paraolímpico Brasileiro.

Este texto foi escrito por: Felipe Kozlowski

Redação Webrun

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