Atletas brasileiros subiram ao pódio 121 vezes em apenas três dias de Jogos Parapan-Americanos de Lima. Somente nesta segunda-feira, 26, foram 41 as medalhas conquistadas. A competição encerra-se no domingo, dia 1º de setembro, e já estamos isolados na liderança com 41 ouros, 39 pratas e 41 bronzes. Estados Unidos estão em segundo, com 80 medalhas (31 ouros).
A centésima medalha veio com o sul-matogrossense Fabrício Ferreira, nos 200m da classe T12 (baixa visão). Ele largou bem, sustentou a liderança até a metade da prova, quando foi superado pelo colombiano Buinder Bermudez e, na reta final, pelo mexicano Jesus Manuel Valles. O brasileiro cruzou a linha de chegada com o tempo de 51s34, somente 22 centésimos do medalhista de prata, e 88 do campeão.
“Apesar de os 400m não serem minha prova, foi muito emocionante, entrei para brigar não só por mim, mas por todos que estão na torcida por mim e pelo Brasil. E o fato de ser a medalha de número 100 neste Parapan me deixa ainda mais feliz”, disse o velocista de 21 anos, que tem baixa visão em decorrência de toxoplasmose que acometeu sua mãe ainda durante a gravidez.
Para efeito de comparação, após três dias de Parapan na última edição, em Toronto 2015, o Brasil estava na marca 94 láureas. E aquela foi a competição em que a delegação nacional mais subiu ao pódio na história, com 257 conquistas no total.
As modalidades que mais premiaram o time nacional na capital peruana após as primeiras 72 horas do Parapan que está em curso são atletismo, com 52 láureas, seguido pela natação (30), e o tênis de mesa (19).
Atletismo e natação foram os grandes contribuintes pela manutenção da ampla vantagem verde-amarela sobre os rivais do continente nesta segunda-feira, com dois pódios triplos e oito duplos nesta segunda-feira.
Veja, abaixo, como foi o desempenho dos brasileiros no terceiro dia de Parapan.
Natação
O pernambucano Phelipe Rodrigues abriu a contagem brasileira na manhã fria de Lima. Ele caiu na água para os 200m medley (quatro estilos) da classe S10, prova da qual não é especialista. Não encontrou, contudo, dificuldades em sagrar-se campeão com o tempo de 2min25s45.Quase cinco segundos à frente do argentino Santiago Senestro, prata, e a 11 segundos do mexicano Yahir Jimenez, bronze.
“Ontem [domingo] foi bem legal, ganhei minha primeira medalha na estreia aqui no Parapan, e acordar nesta segunda-feira e ganhar outro ouro, em uma prova que não tenho o costume de ganhar, eu tinha bem mais gás, poderia nadar melhor hoje, mas vou nadar outras seis provas aqui em Lima. Por isso, administrei o resultado, segurei um pouco, para poder nadar as outras bem também”, explicou na zona mista o nadador que nasceu em Recife, porém está radicado em São Paulo.
Na noite do domingo, 25, Phelipe foi o melhor nos 100m livre com 52s63. Até o sábado, 31, data de encerramento da natação no Parapan, o pernambucano terá competido em oito provas. Além das duas em que já deu os ouros ao Brasil, nadará nos 100m costas, 50m livre, 100m borboleta, 400m livre e dois revezamentos. “Está sendo um desafio legal. Entrei em provas das quais não sou especialistas, mas pensei que já que ha chance de brigar por medalha, por que não ajudar meu país neste Parapan?”, justificou.
Três bandeiras brasileiras tremularam no pódio da prova dos 50m livre da classe S9 na noite desta segunda-feira, 26. E a distribuição de medalha ficou na casa dos centésimos. Ruiter Silva cumpriu a distância em 26s37 e foi o campeão. João Drumond chegou cinco centésimos depois (26s42) e pegou a prata. Vanilton Filho completou o pódio com 26s67.
“Foi uma prova muito forte, o tempo que nós fizemos aqui está entre os 10 melhores do ano. Nadei pensando no Campeonato Mundial em Londres, em setembro. Esperava ter nadado mais rápido, um tempo melhor, dei alguns vacilos e nos 50m livre não dá para vacilar. Mas fiquei muito feliz em ter chegado na frente, tenho muito a fazer aqui em Lima”.
+ Clique aqui e escolha sua próxima corrida.
Daniel Dias chegou ao 29º pódio continental nos 50m livre (33s71). Foi sua segunda prova neste Parapan de Lima. A estreia ocorreu na noite do domingo, com os 50m costas, na qual triunfou com igual facilidade. Na conquista desta segunda, aplicou quatro segundos de diferença para Miguel Narvaez, colombiano, segundo colocado.
A noite desta segunda-feira também contou com quatro dobradinhas do Brasil. A primeira veio nos 200m livre da classe S2, o Brasil fez nova dobradinha: o mineiro Gabriel Geraldo foi prata com 4min45s96, seguido do paranaense Bruno Becker (4min52s40).
Em seguida, nos 50m livre do grupamento das classes S3/S4/S5, a potiguar Joana Neves (S5) foi a campeã com 38s05 e o recorde da competição. A prata ficou com a capixaba Patrícia Santos (S4), 42s24.
A terceira dobradinha saiu com Ana Karolina Soares no segundo nos 200m livre da classe S14 (deficientes intelectuais), seguido por Beatriz Carneiro, em prova vencida pela canadense Angela Marina.
A última dobradinha desta profícua segunda-feira de Parapan surgiu nos 400m S11 (cegos), quando o catarinense Matheus Rheine triunfou com o tempo de 4min54s11, seguido do brasiliense Wendell Belarmino, que bateu na borda apenas 30 centésimos depois.
Nos 200m da S14 masculino, Felipe Caltran foi prata, atrás do canadense Nicholas Bennett. E a derradeira medalha do terceiro dia foi a prata de Guilherme Silva no peito (SB13) 1min12s00, atrás do Carson Sanocki (1min09s22).< Foto: Ale Cabral/CPB[/caption]
Atletismo
As velocistas cegas do Brasil contribuíram novamente para engordar o quadro de medalhas do país. Na noite desta segunda-feira, elas protagonizaram novo pódio triplo, desta vez nos 100m da classe T11. A acreana Jerusa Geber e o guia Gabriel Garcia foram campeões com o tempo de 12s28, seguida da potiguar Thalita Simplício e Felipe Veloso (12s38), e da paranaense Lorena Spoladore e Renato Benhur (12s40).
Esta mesma configuração formou o pódio dos 200m T11 na noite do sábado, 24, primeiro dia de disputas do atletismo.
O rondoniense Matheus Evangelista, o mineiro Claudiney Batista, o capixaba Daniel Mendes, o pernambucano Agnaldo da Silva, o goiano Rodrigo Parreira, o paulista Jair Henrique Souza, o paraibano Ariosvaldo Ferreira foram campeões campeão nesta segunda-feira, 26.
Agnaldo foi o melhor nos 100m da classe T13 (baixa visão), com 11s37. Rodrigo, no salto em distância T36. Matheus, nos 100m T37 (paralisados cerebrais), Claudiney, no disco F56 (amputados de perna), Daniel, nos 400m T11 (cegos). Jair, no dardo da classe F40 (anões). O último ouro da noite na pista de atletismo foi de Ariosvaldo Fernandes, o Parré, nos 400m (F53), para cadeirantes.
A final dos 400m da classe T11 (cegos) rendeu uma dobradinha nacional. Daniel Mendes e o guia Wendell Silva concluíram em 51s35, seguidos por Felipe Gomes e o guia Jonas Alexandre (51s65). Outro pódio duplo saiu na prova em que Mateus Evangelista. Seu ouro veio com o tempo de 11s68, que lhe garantiu o recorde da competição. O sul-matogrossense Jonatan Ferreira pegou o bronze (12s68), e a prata foi para o argentino Brian Impelizzeri (12s05).
+ Participe da Global Energy Race.
A terceira dobradinha nacional no atletismo ocorreu no dardo das classes F11/F12/F13, em que Márcia Almeida alcançou a prata e Izabela Campos, bronze. O último combo foi nos 100m feminino da T12 (baixa visão). Viviane Soares foi prata e Gabriela Mendonça, bronze, em prova na qual a lendária cubana Omara Duran ganhou com 65 centésimos de diferença.
Já na T38 feminina, a também pernambucana Jenifer Martins garantiu o bronze. Izabela Campos foi bronze no dardo na junção das F11/F12/F13 (cegos e baixa visão). Verônica Hipólito faturou a prata nos 200m T37 (paralisados cerebrais), atrás de Jaleen Roberts, dos Estados Unidos. Tuany Barbosa foi prata no peso F57, João Victor Teixeira também terminou em segundo no peso F35/F36/F37. Thalia de Sousa foi bronze nesta prova entre os F40/F41 (anões).
Mais resultados
No tiro esportivo, o gaúcho de Campo Bom Geraldo von Rosenthal chegou à sua terceira medalha, a segunda de ouro. Na pistola de ar 10m SH1, ele alcançou 232.0 pontos e garantiu a vitória. Teve a companhia no pódio de outro brasileiro, o curitibano Sérgio Vida ficou com a prata (219.3), e o americano Michael Tagliapietra foi bronze (201.5).
Rosenthal mantém, assim a rotina de subir no pódio em todos os três dias de competição da modalidade. Depois do ouro na pistola mista de 50m SH1 no sábado, ele garantiu a prata nos 25m pistola SH1 neste domingo.
“Muito trabalho, treinei muito para chegar aqui no Parapan de Lima e arrasar com os adversários. Fiquei mal ontem [domingo] porque falhei na final e não garanti o ouro, fiquei muito nervoso naquele momento decisivo ali. Botei na cabeça que faria o melhor possível nesta segunda-feira. E o resultado, apesar das muitas dores que vinha sentindo, foi a colheita de muito trabalho. Agora vamos crescer para buscar minha vaga no Mundial da Austrália, em setembro”, comentou Rosenthal, após a prova.
Esta foi a primeira vez que o tiro esportivo compõe o programa dos Jogos Parapan-Americanos e o Brasil se faz presente com oito atiradores e já conquistou oito medalhas, sendo duas de ouro, quatro de prata e duas de bronze.
Márcia Fanhani e a piloto Cristiane Pereira venceram a dupla americana Werthaiser/Sharp e conquistaram a primeira medalha do ciclismo brasileiro no Parapan de Lima 2019. As brasileiras fecharam o percurso de perseguição de 3km em 3min50s829, melhor do que os 3min53s491 das rivais.