Ao longo das últimas décadas, a maior predisposição das mulheres a lesões nos joelhos (em comparação aos homens) tem despertado atenção e motivado uma série de estudos na ortopedia e na medicina esportiva. Essa diferença nas taxas de lesões não é acidental, mas sim decorrente de uma combinação de fatores anatômicos, hormonais e biomecânicos, que tornam as estruturas do joelho feminino mais vulneráveis – especialmente em práticas esportivas que exigem movimentos rápidos, como saltos e mudanças bruscas de direção.
Embora ambos os sexos estejam expostos a lesões nos joelhos, evidências científicas indicam que as mulheres apresentam uma maior incidência de problemas como lesão do ligamento cruzado anterior (LCA), tendinite patelar e síndrome da dor femoropatelar. Essas condições, muitas vezes associadas a atividades físicas de impacto, são especialmente preocupantes para mulheres atletas ou para aquelas que praticam exercícios físicos regularmente. Compreender os mecanismos por trás dessa vulnerabilidade feminina é crucial para a adoção de estratégias preventivas eficazes.
Biomecânica e fatores hormonais x lesões nos joelhos
Uma das principais explicações para essa diferença de suscetibilidade é a biomecânica distinta entre homens e mulheres. A anatomia feminina, incluindo o ângulo do quadril e o alinhamento dos membros inferiores, apresenta um formato mais amplo e angulado, o que gera uma pressão adicional nas articulações do joelho. O chamado “ângulo Q” (que mede o alinhamento do quadril com o joelho) é mais acentuado nas mulheres, e essa característica tende a aumentar o estresse nas estruturas internas do joelho durante atividades como correr ou saltar, predispondo-o a lesões.
Além das diferenças biomecânicas, fatores hormonais também desempenham um papel relevante. O estrogênio, hormônio feminino predominante, afeta diretamente a estabilidade das articulações e a resposta dos músculos. Em determinados momentos do ciclo menstrual, os níveis de estrogênio aumentam, o que pode reduzir a rigidez ligamentar e comprometer a estabilidade articular. Essa influência hormonal pode explicar, em parte, por que as mulheres apresentam maior risco de lesões ligamentares, como as do LCA, em certas fases de seu ciclo.
Diante dessas diferenças, faz-se essencial que as mulheres sejam orientadas sobre medidas preventivas para proteger os joelhos, especialmente ao praticar atividades físicas de impacto. Fortalecer os músculos estabilizadores ao redor do joelho, realizar alongamentos regulares e adotar calçados adequados para cada tipo de esporte são práticas fundamentais. Além disso, aprender e aplicar técnicas corretas de movimento pode reduzir significativamente o estresse sobre a articulação.
Em caso de dores persistentes ou lesões suspeitas, é altamente recomendável que as mulheres busquem avaliação médica precoce. Um diagnóstico adequado pode identificar eventuais fatores de risco específicos e permitir a adoção de estratégias de tratamento e recuperação personalizadas. Ignorar sinais iniciais de desconforto ou dor no joelho pode resultar em complicações adicionais, prolongando o tempo de recuperação e impactando negativamente na qualidade de vida.
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Com a conscientização sobre essas predisposições e o compromisso com a prevenção, é possível minimizar a ocorrência de lesões nos joelhos em mulheres, permitindo uma prática esportiva segura e saudável.