O “pijama training” ganhou repercussão principalmente no mundo do futebol. Este termo quer dizer que você precisa, dormir, comer, recuperar, e descansar. Mas o que uma expressão do futebol tem a ver com trail running? Neste caso, tudo.
Não adianta nada você fazer o polimento ou tapering – que é parte primordial de uma boa periodização de treinamento, e não ter um descanso que equivale a esse treinamento. O polimento, é a fase do treinamento que pode durar até três semanas, dependendo da sua prova alvo e do seu nível de condicionamento. Ela é uma fase muito crítica e que merece toda a atenção do mundo. A grande maioria dos corredores se preocupa muito (e com razão), com os treinos mais longos, os mais intensos ou os dias em que vai fazer mais de um treino.
Porém, quantas vezes você viu aquele seu amigo fazendo treinos insanos, ritmos impressionantes e, quando chega na prova, está cansado, exausto, sem vontade alguma de correr? Isso não ocorre na largada, ocorre no meio da prova. Às vezes, não se entende por que os atletas não conseguem desempenhar o seu melhor no dia da corrida. Obviamente, existem “n” fatores, mas chegar a uma competição descansado diminui muito suas chances de ser chamado de “campeão de treino”. Mais um motivo para você não deixar o “pijama training” de lado.
Não observar o período de polimento pode jogar toda sua preparação pelo ralo. O pico de volume, geralmente, é colocado cerca de três semanas antes da prova alvo. Mas, muitas vezes, o corpo do corredor não está preparado para estas cargas altas de treino. Neste caso, é fundamental que haja uma boa comunicação entre o corredor e o treinador, afim de que seja proporcionado ao atleta mais descanso.
Quando chegar perto da sua prova alvo, principalmente se for uma ultramaratona, você estará cansado das cargas de treino, sua imunidade acaba caindo devido ao grande esforço. Por isso, é necessário se alimentar bem, ter boas noites de sono (não há nada mais reparador para o corpo do que uma boa noite de sono) e tratar e cuidar das possíveis dores e lesões que estejam acompanhando o corredor.
Sempre gosto de relacionar a teoria com a prática, trazendo aspectos científicos que embasem, ou não, a realidade. Abaixo segue algumas recomendações bem objetivas sobre o polimento (ou tapering).
As pesquisas demonstram que, nesta fase de treinamento, é preconizado que o volume seja reduzido gradativamente de 40% – 60% até a chegada da prova (a quantidade de dias/semanas de treino também deve ser reduzida). Para que não haja um destreino, os estímulos de velocidade (estímulos de 110% – 115% do pace da sua melhor maratona) continuam. Ou seja, treinos mais curtos e intensos podem manter sua capacidade de treinamento e, além disso, oferecer condições para que o seu corpo se adapte e chegue na melhor forma possível no dia da prova.
Em suma, acima de tudo, ouça seu corpo. Respeite-o e dê o descanso necessário. O que foi feito, foi feito. Você não vai ganhar performance nesta fase do treinamento, porém pode botar tudo a perder caso exagere. Pense nisso e chegue na sua melhor versão na hora da largada.