A osteoporose é uma doença que se agrava com o envelhecimento, fragilizando os ossos e piorando, consideravelmente, o quadro de saúde do paciente. O Dr. Sergio Setsuo Maeda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), esclareceu as principais dúvidas sobre a doença.
1 – O que caracteriza a osteoporose?
Dr. Maeda- A osteoporose é uma doença que provoca o aumento da perda de massa óssea, pela diminuição da formação e absorção de minerais e de cálcio. A doença se agrava com o envelhecimento e dados apontam que cerca de 33% das mulheres e 15% dos homens com mais de 65 anos terão osteoporose. Portanto, é um problema de saúde pública. As fraturas osteoporóticas causam dor, levam à dependência física e estão associadas à maior mortalidade. A alimentação rica em cálcio e exposição solar, principal fator para absorção da Vitamina D e essencial para saúde dos ossos, podem minimizar esta evolução.
2 – O que provoca a osteoporose?
Dr. Maeda – Existe uma predisposição genética e, por esta razão, a história familiar tem importância e merece ser avaliada. Temos ainda a contribuição de maus hábitos de vida como etilismo, tabagismo e sedentarismo. A história clínica também deve avaliar o uso de medicamentos que prejudicam a saúde óssea como os glicocorticoides, entre outros. Várias doenças estão associadas a prejuízo ósseo como doenças de má-absorção intestinal, inflamatórias, endócrinas como por exemplo: hipercortisolismo (síndrome de Cushing), hipertireoidismo, estados de hipogonadismo (incluindo secundários a tratamento de câncer), hiperparatireoidismo, artrite reumatoide e diabetes mellitus.
3 – Quais os sintomas?
Dr. Maeda – A doença é silenciosa e dificilmente apresenta sintomas, daí a importância de fazer alerta. A presença de cifose (corcunda) pode sugerir a presença de fraturas vertebrais. Quando é diagnosticada, a osteoporose, muitas vezes, está em estágio avançado. A fratura por baixo impacto causada por queda da própria altura ou por trauma mínimo é a manifestação da doença e mesmo assim há pacientes que não são investigados ou tratados.
4 – Qual o tratamento? Tem cura?
Dr. Maeda – Temos atualmente medicamentos que diminuem a destruição óssea, chamados de antirreabsortivos, e nos casos mais graves temos indicação de formadores. Devem ser avaliados os riscos e benefícios, e se fazer um plano de tratamento que deve ser individualizado, pois cada medicamento tem uma particularidade no seu uso. Isto deve ser avaliado pelo médico que acompanha o caso. Em alguns casos, pode-se reverter a osteoporose em osteopenia, mas o principal objetivo do tratamento é reduzir o risco de fratura.
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5 – É possível prevenir a doença?
Dr. Maeda – Sim. Atividades físicas regulares que trabalhem equilíbrio e força, prevenção de quedas, consumir nutrientes como cálcio e proteínas ao longo da vida e a manutenção de níveis adequados de Vitamina D, obtida pela exposição solar e suplementos em alguns casos, são medidas básicas para garantir a saúde óssea.
6 – Como deve ser feito o diagnóstico da osteoporose?
Dr. Maeda – A densitometria óssea é o principal exame para detectar precocemente a osteoporose. Toda mulher com mais de 65 anos e homens acima de 70 anos devem fazer esse exame. Adultos com mais de 50 anos, que tenham doenças que possam trazer fatores de risco, também devem ser avaliados. O Raio X de coluna auxilia na busca de fraturas vertebrais (muitas vezes assintomáticas), enquanto exames de sangue e urina ajudam a investigar a causa da osteoporose em conjunto com a história e suspeita clínica.
7 – A osteopenia é um pré-estágio da osteoporose? É possível frear a evolução da osteopenia para não se tornar osteoporose?
Dr. Maeda – A osteopenia corresponde a um estágio antes da osteoporose. É uma situação que merece acompanhamento clínico para se avaliar os fatores de risco e sua evolução. Muitas vezes, apenas a adequação de cálcio e vitamina D em conjunto com exercícios e prevenção de quedas é o suficiente. Porém, alguns casos de osteopenia também têm indicação de tratamento, como por exemplo, aqueles que fazem uso de glicocorticoides, ou evoluem com perda óssea no seguimento.