Neste mês, resolvi escrever sobre um assunto que a cada dia desperta mais minha curiosidade: os modelos das grandes marcas que simulam a corrida com pés descalços. Quando surgiram não fui muito a favor ainda, havia acabado de me recuperar de uma contusão – a fascite plantar que impede até de andar direito.
O tempo passou e ganhei de presente um desses modelos. Antes de testá-lo, estudei mais sobre toda a tecnologia e descobri por que deveríamos voltar ao nosso passado distante e tentar simular o andar descalço.
Depois de muita resistência comecei um teste, porém diferente de calçar o tênis e sair correndo por aí. O processo foi gradativo, aumentando o volume e a freqüência com que deveria utilizar esse tênis, até chegar a uma meia maratona.
Não sei se todos sabem, mas esses modelos são divididos em uma escala de zero a dez.
Zero corresponde ao andar totalmente descalço e dez aos tradicionais modelos de calçados.
Comecei pelo nível 7 (drop), com caminhadas aos fins de semana na praia. Depois de algumas dores iniciais, elas foram diminuindo dia após dia e percebi que ao andar ou correr, fortaleci a região intrínseca do pé, responsável por realizar diversos movimentos que distribuem o impacto durante as pisadas.
Estar sempre calçado faz com que essa musculatura fique fraca e frágil, sendo assim a proposta desses modelos é justamente fortalecê-la. Um detalhe fundamental no processo é ter bom senso e sensibilidade. É preciso controlar o ímpeto de sair correndo, já que uma adaptação é necessária.
Iniciei com as corridas leves e curtas durante a semana e quando estava na praia, andava na areia descalço para promover ainda mais o fortalecimento dos pés, às exigências provocadas pelo contato direto com o solo.
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Após algumas semanas, acredite já estava pronto para arriscar o primeiro longo com o tênis. Fui percebendo que a corrida não era mais iguais, pois o modelo exigia um trabalho de toda a musculatura do meu pé, pernas, coxas e isso estava ajudando na programação dos treinos. Quando percebi, estava utilizando o tênis o dia todo, pois o conforto era enorme e não queria mais tirar do pé nem para compromissos sociais – vale ressaltar que em treinos mais puxados utilizo os modelos tradicionais de corrida.
A maior luta entre os fabricantes de tênis para corrida sempre foi oferecer no mercado um modelo que apresentasse estabilidade, leveza e amortecimento.
Muito amortecimento significa mais peso, assim como leveza implica em eliminar materiais, resultando em perda de estabilidade.
Graças a esses modelos, a tecnologia permite proporcionar as três características, sendo possível ser viável até do ponto de vista econômico, pois são mais baratos que os tradicionais.
Não pensem que irei abandonar meu par de tênis neutro, nível 10 (drop), mas daqui para frente realizarei um rodízio dos modelos e quem sabe um dia calçarei o último modelo da escala, que é o nível três.
Outro detalhe importante seria para os corredores acima do peso, que precisam ser bem mais cautelosos em todo este processo. Vale a pena tentar.
Bons treinos!