A fascite plantar é um dos principais problemas que acometem pessoas engajadas em atividade física, especialmente corredores. Uma das queixas mais comuns entre corredores é a fascite plantar. Mas vamos entender melhor o que é a fáscia plantar.
A fáscia plantar é uma estrutura que fica na planta do pé e tem como objetivo fornecer suporte estático ao arco do pé. Trata-se de um tecido formado por fibras de colágeno entrelaçadas, formando a fáscia, que é extremamente resistente e tem como principal função absorver o impacto e sustentar o arco do pé.
A fascite plantar, que é a inflamação dessa estrutura, é muito comum em corredores, principalmente por causa do impacto repetitivo na região do calcanhar e das mudanças de treino que acabam sobrecarregando essa estrutura. Apesar de a chamarmos de fascite, o termo “ite” denota inflamação, mas, na verdade, não se trata de uma condição inflamatória. É principalmente um problema mecânico, por isso, o termo correto seria fasciopatia ou fasciose plantar. Isso se deve à sobrecarga e à subsequente degeneração desses tecidos, o que provoca dor.
Outro conceito importante a ser esclarecido é que nem toda fascite plantar vem acompanhada do esporão do calcâneo. O esporão do calcâneo, que é uma exostose de tração, aparece apenas em pessoas que têm, por pelo menos três meses, essa sobrecarga persistente na fáscia plantar. Portanto, nem todo mundo com fascite plantar terá esporão. É importante saber que o esporão em si não indica um prognóstico pior e tampouco requer um tratamento direcionado especificamente a ele. Por exemplo, muitas pessoas acreditam que remover o esporão aliviaria a dor, mas isso não é necessariamente verdade. Existem muitas pessoas que têm esporão, mas não sentem dor e funcionam perfeitamente bem.
+ Siga o Webrun no Instagram!
+ Baixe agora o APP Ticket Sports e tenha um calendário de eventos esportivos na palma da sua mão!
Quanto aos tratamentos para fascite plantar, o alongamento da fáscia plantar e da panturrilha é fundamental e tende a resolver a maioria dos casos, principalmente porque muitas dessas fascites têm origem mecânica, devido ao encurtamento da musculatura posterior da coxa, principalmente os isquiotibiais e a panturrilha. Portanto, o alongamento da panturrilha e da fáscia plantar é extremamente importante no tratamento da fascite.
Quando há degeneração do tecido e o paciente não melhora com as medidas de alongamento, é possível recorrer a tratamentos direcionados ao próprio tecido. A terapia por ondas de choque tem bons resultados no tratamento da fascite plantar, assim como a infiltração guiada por ultrassom. As infiltrações podem ser realizadas com corticoide ou ácido hialurônico, dependendo do estágio da doença.
Embora raro, é possível realizar o tratamento cirúrgico da fascite plantar quando outros tratamentos não surtem efeito. A cirurgia consiste na liberação da fáscia plantar, e pode ser feita de forma aberta ou endoscópica. Eu prefiro a forma endoscópica, por ser menos invasiva. Nesse procedimento, utilizamos câmeras de vídeo para visualizar a fáscia e realizar sua liberação. A principal vantagem da cirurgia endoscópica é que o paciente pode sair do hospital pisando no mesmo dia, sem o desconforto de um corte na pele da planta do pé.