Um belo dia você acordou com uma decisão: Vou começar a correr.“Eu corria quando era criança”, “Vou correr para emagrecer”, “Correr todo mundo sabe”. Algumas dessas frases você pensou ao iniciar. Então, com o tempo você gostou desse esporte e foi buscar informações no Google, ou com algum amigo, ou treinador… E, em algum momento você se deparou com o “Vo2 Máx”.
Já vi capa de revista com a chamada: “Treino para melhorar seu Vo2 Máx”.
Mas, o que é isso? Vive onde? Se alimenta de quê?
Vamos lá: “Vo₂ Máx, ou volume de oxigênio máximo é a capacidade máxima do corpo de um indivíduo de transportar e metabolizar oxigênio durante um exercício físico incremental sendo a variável fisiológica que melhor reflete a capacidade aeróbica de um indivíduo”.
Até aqui tudo certo, por muitos anos a ciência do esporte focou suas pesquisas, ensinamentos e treinos nesta variável fisiológica.
O que não está errado. É uma variável fundamental.
Mas, você já ouviu falar da Economia de Corrida?
Pois é, o tempo passou, a tecnologia e as pesquisas avançaram…
Hoje, as pesquisas que leio estão muito voltadas para Economia de Corrida.
“A economia de corrida (EC) é dada pela relação entre consumo de oxigênio e velocidade da corrida. O atleta terá melhorado sua economia de corrida se tiver diminuído o seu consumo de oxigênio (l/min) para uma mesma velocidade.”
Ou seja, basicamente, é se tornar um corredor mais eficiente.
E por que escrever sobre essas duas variáveis?
Algum tempo atrás, ouvindo um podcast, ouvi um debate de treinadores sobre essas duas variáveis. E, boa parte da discussão era qual das variáveis deveria ser priorizada.
Não que um elimine o outro, ou que sejam concorrentes, Não. Porém, quanto mais treinado for o atleta, mais difícil vai ser o ganho de Vo2máx. E, para o corredor iniciante, quanto mais eficiente ele for, mais rápido vai evoluir na corrida, consequentemente, aumentando seu Vo2Máx.
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Olhando dessa forma, vejo a economia de corrida como FUNDAMENTAL para qualquer nível de corredor. Seja no asfalto ou na montanha.
Sendo mais objetivo: melhorar a economia de corrida é mais “fácil” do que melhorar o Vo2Máx.
Quanto mais longa for a prova que o individuo se propõe a treinar, mais importante é esta variável . Até por que, as próprias pesquisas demonstram que em corridas muito longas a economia de corrida é uma variável mais importante que o Vo2Máx (tendo em vista dois competidores com Vo2Máx parecidos, leva vantagem quem é mais econômico).
Talvez, o maior exemplo da importância da economia de corrida seja a recordista mundial da maratona, Paula Radcliffe.
Existe uma pesquisa, na qual os autores demonstram toda a evolução desta atleta durante 12 anos.
Neste artigo, demonstram diversas variáveis fisiológicas e seu desenvolvimento ao longo da sua carreira.
Fica muito claro nos gráficos e na própria discussão do artigo que o seu consumo máximo de oxigênio está diminuído quando ela bate o recorde mundial, porém a economia de corrida esta aumentada.
É evidente que, neste caso especifico, de recorde mundial, o individuo deve ter um Vo2Máx muito fora da curva. Você pode ser o corredor mais econômico do mundo, mas se não tiver um excelente Vo2Máx, dificilmente vai figurar na elite.
Interessante, que os autores do artigo sugerem que a atleta só bateu o recorde mundial por ter uma melhora na sua economia de corrida (e pela sua predisposição e Vo2Máx altos). Isso, por que ao longo dos anos ouve algumas adaptações e evoluções no seu treino para que isso fosse possível, como por exemplo:
1. Aumento do volume semanal de treino
2. Diminuição da sua flexibilidade (Já falei sobre isso, mas se tiverem dúvidas, posso escrever novamente)
3. Inclusão de treinos de “tempo run” cada vez mais longos
4. Aumento da sua força muscular (Talvez uma das grandes chaves para EC seja o treino de força)
5. Aumento nos testes de potência.
Portanto, se para recordista mundial de maratona é fundamental melhorar a economia de corrida, imagina para nós, corredores amadores.
Melhorar a economia de corrida, certamente vai nos fazer corredores melhores.
Agora, COMO melhorar? O próprio artigo acima já deixou algumas pistas. Qualquer dúvida, crítica ou sugestão fico a disposição pelo inbox no @CristianoFetterCoach
Referência do Artigo
Jones, A. M. (2006). The physiology of the world record holder for the women’s marathon. International Journal of Sports Science & Coaching, 1(2), 101-116