Sirlene começou a correr em 1997 (foto: Divulgação)
Essa entrevista com a brasileira Sirlene Pinho não vai falar da corredora Sirlene. Vai mostrar a mãe e a mulher Sirlene Pinho. Mulher que sente saudade da filha e que assim como outras mulheres, também já passou pela dor de uma separação. Confira!
São Paulo – A maratonista Sirlene Pinho tem 30 anos e alguns importantes títulos na bagagem. Campeã da Meia-Maratona Corpore e vice-campeã da Maratona de São Paulo 2005, ela começou a correr quase que por acaso. Talvez o seu destino na corrida já estava traçado. Natural da Bahia, ela foi morar em Santos na adolescência. Lá trabalhou como empregada doméstica na casa do ultramaratonista Valmir Nunes.
Eu sempre gostei de correr. De vez em quando eu trotava na orla da praia com a minha patroa, esposa do Valmir. Ele me viu correndo e falou que eu tinha jeito, conta. Desde então ele começou a treinar a baiana que não parou mais.
Hoje a corrida é o seu sustento. Mas a sua trajetória já teve altos e baixos. Um dos momentos felizes da vida dela foi em 2000, ano em que Sirlene realizou o sonho de ser mãe. Mesmo sem ter planejado a gravidez, ela garante que ter uma filha, atualmente com cinco anos, foi uma dádiva de Deus.
Ficar grávida foi uma benção. Acho que mesmo sem ter planejado, aquele foi o momento certo. Talvez se eu não tivesse ficado grávida naquela época, eu não pensaria em ter filhos hoje, por causa da minha carreira, revela.
Mas a gravidez não impediu que ela parasse o esporte. Sirlene treinou até os cinco meses de gestação, depois fez apenas caminhada e hidroginástica. Logo após a quarentena, ela retornou aos treinos com mais gás e força de vontade.
Acho que a minha carreira melhorou depois que eu tive a minha filha. Encarei a corrida com mais responsabilidade e determinação, conta a mãe da Beatriz. Mas a dedicação aos treinos, apesar de resultar em boas colocações, faz com que Sirlene fique muitas vezes afastada da sua filha.
Até o início de junho, Sirlene irá morar em Águas de Lindóia, local onde treina para a Maratona de São Paulo. Mas sua filha não está com ela, ficou em Santos com os avôs paternos. Tem dias que fico com muita saudade dela. Entro no banheiro e choro. Mas eu tenho que treinar aqui, porque os locais de treino em Santos estão precários, revela. Aqui também eu me dedico mais aos treinos. A minha rotina é dormir, correr e comer, acrescenta.
Em 2004 Sirlene ficou sem competir, por causa de uma fratura de estress na tíbia. Mesmo depois de um ano difícil na sua carreia, ela teve que enfrentar a separação. Em maio de 2005 Sirlene se separou do marido. A situação não era confortável, mas com a corrida ela teve força para superar essa fase.
A corrida me ajudou muito quando me separei. Eu ia correr e esquecia de tudo, voltava com mais energia e mais alegre, diz. E para Sirlene esses são os melhores benefícios da corrida para a mulher. Indagada se está pronta para conhecer uma nova pessoa. A maratonista responde rapidamente: o que tiver que acontecer irá acontecer.
Este texto foi escrito por: Donata Lustosa