Saiba como economizar energia na corrida

Redação Webrun | Corridas de Rua · 19 maio, 2009

O treinador Ricardo D`Angelo é o novo colunista de alta performance do Webrun. Com vasta experiência em treinamento para profissionais, no seu primeiro artigo D`Angelo explica como economizar energia durante a corrida. Essa técnica é usada por muitos atletas de elite. Veja!

São Paulo – Antes de iniciar o tema central deste texto, gostaria de agradecer aqui o convite do Webrun para participar deste espaço e compartilhar com seus leitores algumas de minhas experiências na área da corrida. Sinto-me honrado com a oportunidade e espero poder contribuir para a excelente qualidade do conteúdo deste portal.

Uma pergunta freqüente em todos os seminários, congressos e palestras que participo é: por que os africanos (quenianos em sua maioria) são melhores corredores de resistência que os demais? De acordo com diversos estudos sobre esta questão, está bem documentado que os corredores caucasianos possuem níveis de consumo máximo de oxigênio (VO2máx) similares aos apresentados pelos quenianos. Embora os aspectos sócio-ambientais contribuem de maneira significativa para determinar a diferença de potencial entre essas duas etnias, as variáveis metabólicas, através de parâmetros fisiológicos como o VO2máx, aparecem como importantes indicadores de desempenho aeróbio quando sugere-se tal comparação.

Considerando que os valores de VO2máx entre corredores quenianos e caucasianos encontrados nesses estudos podem variar muito pouco, pesquisadores investigaram outras possíveis causas para identificar a superioridade do atleta queniano. Por meio de testes específicos descobriram que, apesar dos parecidos valores pico de VO2máx, o corredor queniano sustenta esse VO2máx por um tempo mais prolongado que o corredor caucasiano. Isso é possível provavelmente por conta da aplicação mais eficaz pelos corredores quenianos do conceito de economia de corrida: correr em velocidade máxima de competição com consumo submáximo de oxigênio. Tal habilidade é de elevada “treinabilidade” e implica na execução correta do movimento da corrida e de aplicações de força em todos os grupos musculares do corpo.

Será que todos aqueles que são corredores (independente do nível) sabem de fato “correr”? Os movimentos coordenados de pernas e braços, apoio correto dos pés no solo, impulsão para o próximo passo, extensão e elevação correta dos joelhos, posição correta do tronco, determinam a mecânica de corrida, ou seja, a técnica de corrida. Todos nós temos estilos próprios para correr, porém, o que se busca é uma grande aproximação de nosso estilo pessoal aos corretos movimentos técnicos de corrida. E quais são esses movimentos técnicos corretos? De forma genérica, dividimos entre dois modelos essas técnicas de corrida:

1 – Movimento Circular: descreve o percurso do calcanhar durante a ação de um passo de corrida em forma de um círculo; este movimento é utilizado por corredores de velocidade e saltadores;
2 – Movimento Pendular: descreve o percurso do calcanhar durante a ação de um passo de corrida em forma de pêndulo; utilizado pelos corredores de longa distância.

Para os fundistas, a forma pendular de correr é, portanto, a mais econômica e naturalmente, a mais adequada. Contudo, não basta simplesmente conhecermos a forma correta de correr e tentar ajustá-la ao nosso estilo pessoal, temos que fazer tudo isso de maneira econômica, ou seja, correr no ritmo desejado, consumindo menor quantidade de oxigênio. Alguns estudos mostram que entre atletas com o mesmo preparo físico, aqueles com “técnica econômica de correr” melhor que outros, podem alcançar performances até 30% melhores.

O que fazer para conseguirmos uma melhor “economia de corrida?” Em primeiro lugar, diariamente, incluir em nossa rotina de treinamento os “exercícios de técnica de corrida”. São exercícios básicos, que segmentam o movimento global do passo, educando o ciclo completo da corrida. Exemplo:

1 – Corrida com elevação dos joelhos (2x40m);
2 – Corrida tocando os calcanhares nos glúteos (2x40m);
3 – Corrida com movimentos rápidos do tornozelo (2x40m), entre outros.

Melhorar o nível de força também nos leva a correr economicamente. Estudos recentes têm apresentado que a combinação de trabalhos de resistência de força com trabalhos de resistência de corrida levam a melhora da performance aeróbia, bem como facilitam os níveis de economia de corrida do atleta. Outros meios de treinamento de força também devem ser considerados para esses objetivos, tais como, corridas em subidas, saltos variados (horizontais e verticais), musculação, etc.

Entre as principais tarefas daqueles que querem dar atenção ao componente de “economia de corrida” em seu treinamento e buscar a melhora da performance, está a tentativa de desenvolver uma percepção de como “correr em determinado ritmo, consumindo menores níveis de oxigênio”.

Referência Bibliográfica –

Modern Athlete and Coach, vol 41, nr 3 Australian Track and Field Coaches Association

Este texto foi escrito por: Ricardo D´Angelo

Redação Webrun

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