Atletas de quatro gerações do atletismo falam sobre mulher no esporte

Redação Webrun | Mulheres · 08 mar, 2024

Atletas de quatro gerações do atletismo falam sobre mulher no esporte

Mulheres de quatro gerações contam suas histórias no atletismo: Conceição Geremias, Maria Magnólia Figueiredo, Fabiana Murer e Tainara Mees representam a luta pelo crescimento no esporte, a dedicação, o esforço, o sacrifício e a vontade de serem realizadas nas competições e fora delas.

A CBAt parabeniza a todas atletas, treinadoras, árbitras, gestoras integrantes de equipe multidisciplinar e colaboradoras. “Eu quero agradecer a todas as mulheres que com sua sensibilidade e atenção aos detalhes vêm contribuindo com o desenvolvimento do atletismo nacional. Tenho honrado o compromisso de lutar todos os dias pela equidade no atletismo, nunca tantas mulheres integraram as seleções brasileiras. Isso é mérito, é respeito, é valorização ao pertencimento”, comentou Wlamir Motta Campos, presidente do Conselho de Administração da CBAt.

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HISTÓRIAS

Conceição Geremias começou no atletismo aos 13 anos, depois de ter uma infância pobre e agitada. Nascida na Fazenda Santa Elisa, em Campinas (SP), no dia 23 de julho de 1956, sempre gostou de apostar corridas até o rio ou de arremessar pedras para ver quem alcançava a maior distância. Em 1970, depois de uma competição escolar, acabou sendo convidada para integrar a seleção de Campinas.

Defendeu o Brasil nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México-1975 e no de Caracas-1983, onde conquistou a medalha de ouro no heptatlo, com direito a recorde sul-americano, com 6.017 pontos. Disputou ainda os Jogos Olímpicos de Moscou-1980, Los Angeles-1984 e Seul-1988.

“Nunca sofri preconceito por ser mulher no atletismo, mas já tive por ser negra. Sou de uma geração que tinha Zequinha Barbosa, Agberto Guimarães e Robson Caetano, entre muitos outros. Comecei no esporte ainda na roça. Era uma pretinha boa de competir”, lembrou Conceição, que está internada no Hospital Samaritano, em Hortolândia, com uma infecção bacteriana nos dois pés. “Joguei vôlei de veteranos até o dia 17 de dezembro de 2023, quando tive problemas nos pés e passei por cirurgia. Voltei ao hospital agora para tratamento com antibióticos e câmaras hiperbáricas.”

É presidente da Associação Cultural e Esportiva Campeã (ACECAMP), fundada em 2010, com o propósito de auxiliar crianças e jovens na prática de esportes e participa, em Campinas, de várias iniciativas em defesa dos negros na sociedade.

Magnólia Figueiredo foi outra gigante nas pistas, com atuação nas Olimpíadas de Seul-1988, Atlanta-1996 e Atenas-2004. Ainda hoje é a recordista brasileira dos 400 m, com o tempo de 50.62, obtido em Rovereto, na Itália, em 1990. “Vai fazer em agosto 34 anos que consegui o recorde. A CBAt promove condições essenciais aos jovens atletas e minha marca vai cair um dia. É só uma questão de tempo, ainda mais com o avanço acadêmico e da tecnologia”, comentou Magnólia, nascida em Natal em 11 de novembro de 1963.

Presidente da Federação Norte-Rio-Grandense de Atletismo, Magnólia disse que sempre encontrou muito respeito no esporte. “Comecei muito cedo, de 12 para 13 anos na escola, Sempre tive facilidade com a parte motora e enfrentava as aulas de Educação Física para fazer meu melhor. Por isso, sempre tive um olhar diferenciado. Meus amigos de infância, mesmo na rua, tinham hábitos saudáveis”, lembrou a ex-atleta, que competiu até aos 41 anos e depois passou para a categoria máster.

É mãe de Luiza, que completa 39 anos este ano, é avó de Benjamin, de 4 anos. Em abril, vai para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, para acompanhar o nascimento do segundo neto. É casada com José Figueiredo, treinador de atletismo.

O que não faltam para Fabiana Murer são títulos internacionais no salto com vara. Primeira mulher campeã mundial indoor em Doha-2010 e primeira campeã mundial outdoor do atletismo brasileiro com a medalha de ouro no Mundial de Daegu-2011, ela tem prata no Mundial de Pequim-2015, ouro no Pan do Rio-2007 e prata em Guadalajara-2011 e em Toronto-2015. Bicampeã da Liga Diamante (2010 e 2014), é recordista sul-americana, com 4,87 m.

“Sempre estive envolvida com o esporte. Aos 7 anos fazia ginástica artística em Campinas. Depois ingressei no salto com vara. Deu certo. Disputei já o Mundial Sub-20 de 1998 e o Pan de Winnipeg-1999. O atletismo é bem democrático. É um espaço aberto para altos e baixos, gordos e magros. Temos igualdade de gêneros. Fui da primeira geração do salto com vara, antes só disputada por homens” comentou a ex-atleta, nascida a 16 de março de 1981, em Campinas (SP).

Uma das diferenças entre os gêneros, segundo Fabiana, é que as mulheres têm mais dificuldades para conciliar o esporte com a vida pessoal. “Têm de pensar de um modo diferente de um atleta homem. A gravidez está entre os maiores obstáculos. Eu mesma deixei para ser mãe após terminar a carreira em 2016. A Manu, de 6 anos, faz natação, ginástica, balé e me acompanha sempre em eventos em pistas de atletismo”, comentou.

Integrante do Programa Ídolos do Atletismo da CBAt/Loterias Caixa, a ex-saltadora trabalha como fisioterapeuta no Instituto Insport, em São Paulo, do qual é sócia, e representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, Londres-2012 e Rio-2016. É casada com Elson Miranda, ex-atleta do salto com vara e treinador.

Já a catarinense Tainara Mees (Praia Clube/Exército/Futel-MG) é uma atleta da jovem geração. Aos 19 anos, passa a competir este ano especificamente na categoria adulta em provas de heptatlo, depois de competir como velocista nos 100 m e 200 m. “Estou neste ambiente desde 2018, nunca fui desrespeitada, ao contrário sempre tive muito apoio da família e dos professores. Tenho objetivos grandes. Quero representar o Brasil em Mundiais e em Jogos Olímpicos. A meta é eu ser a melhor no que faço”, disse Tainare, que disputará a Copa Brasil Loterias Caixa de Combinadas, nos dias 23 e 24 de março, no Centro Nacional de Desenvolvimento do Atletismo, em Bragança Paulista (SP).

Estudante de Educação Física na UCEFF, de Itapiranga (SC), Tainara tem outra meta: crescer nas sete provas do heptatlo e participar de eventos importantes. Começou no atletismo na escola em 2018 em Itapiranga, sua cidade natal, no extremo Oeste de Santa Catarina, perto da fronteira com a Argentina. Namora com o atleta João Henrrique Ribeiro de Barros (ASPMP-SP), especialista nos 400 m.

Ela deu os primeiros passos no esporte no salto em distância e nos 80 m com barreiras e, como não tinha clube estruturado na cidade, participava apenas de competições escolares. “O clube só foi fundado oficialmente em 2019 e por isso não competi na categoria sub-16. Comecei no sub-18 e tenho orgulho de vários resultados positivos, como os títulos do Brasileiro Sub-20 nos 100 m e no heptatlo. Foi muito especial. Tenho orgulho também da medalha de bronze que ganhei no revezamento 4×100 m no Troféu Brasil de 2012, no Rio de Janeiro, participando da categoria adulta”, lembrou Tainara, que é a primeira da família a fazer atletismo. “Meus pais jogaram futebol e handebol.”

Na Gymnasíade, Mundial Escolar de 2022, Tainara ganhou duas medalhas em provas individuais. Foi ouro nos 200 m (24.12) e prata nos 100 m (12.05), em Caen, região da Normandia, França. Ela é treinada pelo professor Cleison Ariel Back.

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