Organizadora da Gonzaguinha não permite participação de Handcycles

Redação Webrun | Esporte Adaptado · 09 dez, 2010

Alguns organizadores de evento não apoiam os handcycles (foto: Fábio Ura/ ZDL)
Alguns organizadores de evento não apoiam os handcycles (foto: Fábio Ura/ ZDL)

Um ACD que treino e encontrou no handcycle sua razão esportiva de prazer e qualidade de vida, ex-militar, afastado de suas funções devido a sua deficiência adquirida em um assalto em farol quando ainda servia o exército, este cadeirante viu na prova Sargento Gonzaguinha uma motivação extra em participar do evento, prova esta que é em comemoração a policia militar. Anos anteriores diversos atletas participaram de handcycle, inclusive foi a primeira prova a contar com os atletas desta categoria em São Paulo.

Porém, este sonho não poderá se realizar, pois nenhuma prova que a Yescom organiza desde a Meia do Rio poderá receber os atletas deficientes que quiserem participar com seus handcycles. O motivo? Ela é considerada uma bicicleta, não diga!!!! Ninguém sabia!!!! E por este motivo a organização alega que eles devem participar nos eventos de ciclismo, quais hein? Alguém tem visto na cidade estes eventos? Três vezes por ano? Quatro?

Ora, nosso país é muito terceiro mundo mesmo, em minha opinião em muitos casos deveria ser rotulado como país de décimo mundo, pois é retrógrado demais! Fico inconformado em verificar que, ao surgir um equipamento que viabiliza a participação do atleta deficiente com mais conforto e facilidade nos eventos de corrida de rua, ele é podado pela organização.

Em Nova Iorque tivemos este ano nada mais nada menos que 82 atletas deficientes terminando a maratona de handcycle. Em Chicago, Berlin, Londres e dezenas de provas pelo mundo todo, estes equipamentos tem suas portas abertas aos atletas com deficiência. Isso pelo simples motivo de proporcionar a participação no evento, uma vez que muitos deles não teriam condições de correr de cadeiras de rodas, pois o esforço é muito maior e impossibilita a participação de muitos atletas.

Sobre o Handcycle – O handcycle é uma porta fantástica para a inclusão de atletas com deficiência no mundo esportivo e em particular a corrida de rua, claro que ela faz o papel da bicicleta, mas é um equipamento que permite a inclusão do atleta com deficiência no mundo da corrida e não atrapalha em nada o evento, pelo contrário deixa até mais bonito! Conheço muitos atletas que não optaram por cadeiras, desejam apenas participar com qualidade de vida dos eventos. Ele tem crescido lentamente devido ao valor alto do equipamento e falta de fabricantes no Brasil, mas cresce muito mais do que a categoria dos cadeirantes, qual o problema de deixá-los participar dos eventos?

Enquanto no mundo inteiro o handcycle cresce nas maratonas e corridas de rua, aqui no Brasil estamos remando na contramão.

Sou representante da Achilles International no Brasil, uma entidade americana que vive para motivar mais atletas com deficiência a participar e praticar corrida de rua, a luta é difícil, pois neste Brasil se anda só para traz! Motivar não existe, só desmotivar, é isso que fazem!

Parabéns à Spyridon que organiza a maratona do Rio, à Latin Sports que organiza o circuito Track & Field, à Corpore com sua meia maratona e a todos os organizadores que entendem que, para o esporte evoluir, é necessário motivar e ainda bem que todos não pensam como os organizadores da São Silvestre e desta forma ainda conseguimos participar de outros eventos com os hands.

Este texto foi escrito por: Mário Mello

Redação Webrun

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