“Pesquisas recentes mostram que a falta ou o excesso de hormônios tireoidianos manifestos, como o hipotireoidismo e o hipertireoidismo, afetam muito a função cardiovascular. Não só quanto ao ritmo, mas também quanto à sua estrutura, quanto à sua função. E, mais recentemente, descobrimos que diversos genes que são expressos pelo cardiomiócito, a célula do miocárdio, são modulados pelo hormônio tireoidiano. Ou seja, em situações de falta ou excesso dos hormônios da tireoide, esses genes cardíacos ficam desregulados e, portanto, se instaura uma alteração no microambiente cardiovascular, que vai levar à lesão do músculo cardíaco”, explica Dr. Lucas Leite Cunha, médico da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).
Estes estudos também destacam a relação entre disfunções na tiroide subclínicas (aquelas disfunções em que temos uma alteração do valor do TSH, mas o hormônio tireoidiano está normal) oferecem um risco discretamente elevado a arritmias como a fibrilação atrial, sobretudo nos pacientes mais idosos; e insuficiência cardíaca e doença coronariana como infarto, mais especificamente em pacientes abaixo de 65 anos, com hipertireoidismo subclínico.
Embora a abordagem ideal para esses pacientes ainda não esteja totalmente estabelecida, a individualização do tratamento com base no perfil de risco cardiovascular de cada paciente é fundamental.
Para o médico e professor, um bom exame físico deve estar atento para sinais como arritmias cardíacas na ausculta cardiovascular, no exame preliminar direcionado por aparelhos, buscando, por exemplo, sinais de derrame pleural, edemas nos membros inferiores, tudo isso são sinais clínicos que podem sugerir descompensações cardiovasculares no paciente com disfunções tireoidianas.
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O papel do TSH como biomarcador
O hormônio TSH, produzido pela glândula hipófise no cérebro, desempenha um papel fundamental na regulação da função tireoidiana e, por extensão, na saúde cardiovascular, atuando como um marcador inverso da função tireoidiana. Quando a tireoide está hiperativa, os níveis de TSH diminuem, enquanto na hipofunção tireoidiana, os níveis de TSH aumentam. Essas flutuações, quando fora dos valores de referência, podem indicar condições patológicas que afetam diretamente o coração.
No caso do hipertireoidismo, caracterizado pelo excesso de hormônios tireoidianos, como T3 e T4, os pacientes enfrentam o risco de arritmias cardíacas, incluindo a fibrilação atrial. Por outro lado, no hipotireoidismo, onde há uma produção insuficiente de hormônios tireoidianos, há um aumento do risco de insuficiência cardíaca e até mesmo de infarto do miocárdio.
A identificação precoce de disfunções nos níveis de hormônios tireoidianos manifestas é vital para prevenir complicações cardiovasculares graves. Os médicos são incentivados a realizar uma avaliação cardiovascular completa em pacientes com níveis anormais de TSH, incluindo exames como eletrocardiograma e ecocardiograma.
“Níveis de TSH e doença cardiovascular” é tema de aula durante o 21º Encontro Brasileiro de Tireoide, que vai acontecer de 16 a 19 de maio, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.