Altimetria da prova de 100 quilômetros (foto: Reprodução)
Direto de Porto Moniz (Ilha da Madeira) – Há pouco mais de 500 anos um grupo de portugueses desembarcava em terras brasileiras para uma exploração que deu início à colonização das terras tupiniquins pela coroa do país europeu. Hoje, em pleno século XXI, são os brasileiros que invadem o país irmão, mais especificamente a Ilha da Madeira, para a disputa de uma ultramaratona em trilhas com distâncias de 25, 55 e 100 quilômetros, a Madeira Island Ultra Trail.
Na distância maior estão cinco brazucas, entre eles a blogueira do Webrun, Rosália Camargo
, que vai enfrentar a distância pela primeira vez. A largada será ao nível do mar, na cidade de Machico e progressivamente eles alcançarão o Pico do Areeiro, ponto culminante da Ilha com 1.800 metros de altitude até chegar novamente ao nível do mar no fim da disputa, na cidade de Porto Moniz.
O objetivo é atravessar a Ilha de sudeste a noroeste, passando por paisagens que incluem o ecossistema Laurissilva, considerado Patrimônio Natural da Unesco em 1999. Apesar da prova oferecer hidratação e até alguns pontos de comida, todos os atletas precisam obrigatoriamente levar uma mochila com equipamentos obrigatórios, tais como manta térmica, lanternas, apito, telefone celular, cantil, entre outros itens.
Expectativas – Essa é a principal prova da temporada para Rosália Camargo, que ganhou a inscrição de presente de seu marido, André. Estou animada, resolvi escolher uma prova diferente para minha estreia nos 100 quilômetros e optei pela Madeira. Também é a oportunidade de viajar e conhecer um lugar diferente, relata. Ela diz ainda que se animou em correr porque essa prova vale pontos para a Ultramaratona do Mont Blanc, que ela pretende correr em breve.
Gostei também porque tem uma altimetria `suicida, brinca. Em abril passado ela competiu o XTerra Ilhabela com distância de 80 quilômetros como forma de treino para a Madeira e confessa que aprendeu muito com os problemas que teve. O XTerra foi um ótimo treino. Aprendi o que não fazer por lá, lembra a carioca que exagerou no esforço durante o começo da corrida e passou mal no meio da trilha.
O marido de Rosália, André, também estava inscrito para os 100 quilômetros, mas devido a contratempos teve que mudar para os 55. Tive um problema de saúde em abril e resolvi mudar para poder acompanhar minha esposa e curtir o lugar também. Espero que dê tudo certo.
Também inscrito nos 100 quilômetros está o experiente Manuel Lago, treinador carioca e acostumado a correr longas distâncias em terrenos acidentados. A Madeira foi uma descoberta que fiz em 2011. Já vinha numa paixão pelas ultra trails e o objetivo é pegar o máximo de experiência possível nessas provas ao redor do mundo para poder trabalhar com isso em palestras e treinamento. É um mercado que está crescendo muito.
Assim como Rosália, ele busca pontos para competir no Mont Blanc e resolveu aliar o feriado de Corpus Christi com uma viagem para conhecer a região e participar da Ultramaratona. Coloquei na minha lista de objetivos para este ano, junto com o Cruce de Los Andes e o Mont Blanc 166 km. Como não fui sorteado para a prova francesa, troquei por uma na Inglaterra de 160 quilômetros.
Quem também resolveu correr os 55 quilômetros foi Rodrigo Londres, que é treinado por Manuel. Tenho um treinador que é maluco e que consegue tirar de mim coisas que nem eu achava possível. Essa prova é um desafio, uma superação. Adoro trilha, poder olhar para a natureza. Ele conta que será sua primeira prova de longa distância, já que nem maratonas tradicionais ele fez ainda. O caminho natural seria fazer uma maratona antes, mas acabei pulando e meu objetivo é completar bem.
A disputa principal tem um tempo máximo de conclusão de 26 horas, a intermediária 16 e a menor 12 horas.
Este texto foi escrito por: Alexandre Koda