A pista pode ser um local de testes (foto: Divulgação/ Stock.Xchng)
As grandes performances dos atletas de hoje são resultados de uma complexa mistura de diversos fatores. Talvez o fator mais determinante para o sucesso no atletismo é o genético, que exclui não somente as suas características antropométricas, cardiovasculares, proporção de tipos de fibras musculares como também a capacidade de melhora com o próprio treinamento (treinabilidade).
Outro fator conhecido, que tem um profundo impacto no resultado final do atleta, é o volume e a intensidade de treinamento que precede uma competição. Finalmente, o resultado do atleta pode também ser influenciado pela saúde e pelo nível nutricional dele.
Embora os cientistas do esporte, como nós treinadores, não podem fazer muita coisa para alterar o que já vem determinado pela hereditariedade, podemos sugerir estratégias de treinamento para maximiza-la. Para isso, nós podemos utilizar testes para monitorar o progresso que está sendo alcançado e os resultados podem ser obtidos através de um programa selecionado e administrado em testes de laboratório ou em testes de campo.
Por isso devemos considerar o porquê, o que, quando, onde e como testar esses atletas. Vou explicar cada um desses tópicos abaixo:
Por que testar?
Para monitorar a saúde do atleta – Um teste corretamente ministrado pode e deve fornecer importantes informações sobre a saúde do atleta (controle médico). Sabemos que o treinamento de alto nível sempre acarreta um estresse fisiológico, pois estamos sempre tentando ultrapassar o nosso limite, entretanto, devemos nos assegurar que o atleta está livre de doenças que podem interferir no resultado que queremos alcançar.
Para identificar os pontos fortes e fracos desse atleta – Esse tópico permite ao treinador planejar de forma otimizada as planilhas de treino, priorizando os pontos fortes e trabalhando os pontos fracos, para que não interfiram no resultado final desejado.
Para a identificação de talentos – É importante fazer o teste nas diferentes idades, tanto cronológica como biológica, para que possamos detectar o desenvolvimento, ou especialização precoce, como também se temos um atleta em potencial para o futuro.
Para selecionar corretamente o evento ou prova alvo – Devemos utilizar testes apropriados para as diversas provas ou modalidades, não esquecendo de comparar o resultado com outros atletas da mesma idade.
Para planejar o treinamento – o planejamento deve ser realizado sempre no início de uma fase ou mesociclo de treino.
Evolução do treinamento – No final de um período de treino também deve ser realizados testes para acompanhar a evolução do atleta.
Motivação / Desenvolvimento do espírito competitivo – Determinar objetivos a ser alcançados ou melhorados. Isso muitas vezes contribui para melhorar o espírito competitivo e a garra de nossos atletas.
O que testar?
Teste antropométrico: como altura, peso, composição corporal, entre outros;
Teste psicológico: ver, por exemplo, personalidade e níveis de disposição ao treinamento diário;
Teste médico dentista, patologista, sangue, urina, fezes ginecologista, etc;
Teste físico: como o de força, flexibilidade, velocidade, resistência, etc;
Teste técnico: técnico geral, técnico específico e tático, por exemplo;
Teste para prognóstico de parâmetros: normas de performance e treinamento.
Quando Testar?
Onde testar? No laboratório, na pista e na competição.
Como testar?
Para tudo isso dar certo, o monitoramento do treinamento é um ingrediente importante no planejamento do treinador moderno. Assim ele pode avaliar as necessidades de cada grupo de provas e o nível do atleta relativo a estas necessidades. Além disso, o treinador deve lembrar que o programa de treinamento específico e progressivo é individual e deve ser construído de maneira diferente para cada atleta.
Para isso é necessário conhecer os constantes processos de avaliação, através do monitoramento do atleta e através dos testes realizados durante todo o processo de treinamento da temporada.
Este texto foi escrito por: Carlos A. Cavalheiro (Arquivo)