O dia 2 de junho é reconhecido internacionalmente como o Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares. Oficializada pela Academy for Eating Disorders, e tem como finalidade promover ações mundiais para conscientizar a população sobre os problemas relacionados aos distúrbios alimentares.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 2,6% da população mundial sofre de Transtorno Compulsivo Alimentar (TCA). O Brasil tem uma das taxas mais altas do mundo, de 4,7%, quase o dobro da média mundial, sendo mais recorrente entre jovens de 14 a 18 anos.
Já um levantamento feito pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo mostra que 77% das jovens apresentam propensão a desenvolver algum tipo de distúrbio alimentar, como anorexia, bulimia e compulsão por comer. Cerca de 50% das pessoas que apresentam o transtorno são obesas, sendo que 15% são obesas mórbidas.
Para a psicóloga especializada em TCA, Valeska Bassan, professora e coordenadora do Ambulatório de Transtornos Alimentares da USP (AMBULIM), a doença se caracteriza pela ingestão, em um curto período de tempo, de uma quantidade exagerada (e desnecessária) de alimentos, seguida de um enorme arrependimento.
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As pessoas com o transtorno não conseguem parar de comer mesmo tendo a sensação de saciedade e desconforto abdominal, e é normal que ela prefira fazer isso sozinha, uma vez que sente uma enorme culpa e vergonha desses episódios de compulsão.
A especialista ressalta que o TCA é diferente da anorexia ou bulimia nervosa. “No primeiro caso a pessoa para de comer, e no segundo a culpa pela compulsão resulta em vômito induzido ou uso de diuréticos ou laxantes. Todos tem tratamento, mas bastante diversos. Em todos os casos é essencial buscar ajuda médica, e para o TCA fazemos uso de medicamentos aliados à terapia cognitiva-comportamental”, explica.
Ela complementa que é um mito achar que a doença está limitada a pessoas obesas, podendo ocorrer em pessoas com peso normal, destaca que existem sintomas que merecem atenção. “Comer escondido, sentir-se culpado após as refeições, sensação de inadequação junto à sociedade e tentativas fracassadas de dieta são sinais que devem ser levados em conta sempre”, diz a especialista.
Existem muitos “gatilhos” para o desenvolvimento do transtorno de compulsão alimentar, e sem dúvida, fazer dietas que restringem grande parte dos alimentos é perigoso. Em geral, pessoas que seguem dietas muito rígidas, acabam não conseguindo manter o ritmo por muito tempo, uma vez que acabam tendo compulsões no meio do processo, podendo acarretar ganho de peso e muita frustração durante o período.
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O momento de incertezas e reclusão em que vivemos é bastante delicado, especialmente para quem já apresenta episódios de ansiedade e depressão. “Durante esse período de isolamento social e home office é comum a mudança de hábitos alimentares devido a disponibilidade de comida. Uma forma de evitar esses gatilhos é organizar uma rotina de trabalho com pausas para a alimentação, respeitando os horário das refeições”, finaliza.