Pode parecer bem estranho comer gordura para queimar gordura, mas é essa a premissa da dieta cetogênica, uma das mais procuradas por quem pratica esportes e quer emagrecer.
O nome da dieta vem da palavra cetose, que nada mais é do que um processo de que ocorre no corpo quando o organismo não possui mais nenhuma fonte de glicose e o armazenamento de glicogênio já se esgotou.
Quando essa fase de catabolismo ocorre, o fígado começa a quebrar as gorduras em ácidos graxos e glicerol, passando a transformá-las na energia que o corpo precisa para realizar as atividades do dia a dia.
Quem adota essa dieta deve cortar arroz branco, todos os tipos de massa, pães, biscoitos, batata, mel, doces e refrigerantes em geral. E deve consumir alimentos como bacon, salsicha, atum, salmão, sardinha, manteiga, abacate, azeite, ovos, nozes, castanhas, entre outros.
O mais interessante é que diferente de outras dietas, na cetogênica a principal fonte de energia é a gordura, já que o nível de carboidrato no cardápio é drasticamente reduzido e as proteínas são consumidas de forma moderada. A base diária mais seguida na é:
– Carboidratos: 5% a 10%
– Proteínas: 20% a 30%
– Gorduras: 65% a 75%
A estudante Giulia Pallone conheceu a dieta cetogênica pela internet e costuma fazê-la por 15 dias duas vezes ao ano. “Eu faço quando acho que estou precisando melhorar minha alimentação e sempre no período de férias. Todas as vezes que fiz, tive um resultado muito rápido, a partir do terceiro ou quarto dia eu já começo a sentir diferença no meu corpo, ao final eu emagreço entre 6 kg e 8 kg”.
Devido à falta de carboidrato, os resultados começam a aparecer fisicamente de forma rápida, mas uma mudança tão drástica na alimentação também pode interferir em outros aspectos e causar alguns sintomas no corpo, como a sensação de fraqueza.
“É muito difícil parar totalmente de comer qualquer tipo de doce, quando eu fiz esse corte de uma vez foi horrível, mexeu com o meu humor. Fora a fraqueza, a sensação de não ter energia por causa da falta de glicose, além de enjoos e câimbras nos dois primeiros dias ”, conta Giulia. “Para uma pessoa que tenha uma vida mais agitada que a minha, eu imagino que seja mais complicado, tanto é que eu sempre faço em período de férias, que eu vou poder descansar quando me sentir mais fraca”.
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Apesar dos resultados, deve-se pensar muito antes de fazer qualquer dieta, já que todas apresentam pontos positivos e negativos para o organismo. Por isso, o <b>Webrun</b> conversou com duas especialistas para entender como a dieta cetogênica age e se pode oferecer algum risco à saúde.
O que causa no organismo?
“Em curto prazo, ajuda na perda de peso, na diminuição de triglicerídeos, no aumento do colesterol bom (HDL) e na melhora do controle glicêmico dos diabéticos. Porém, não há recomendação médica dessa dieta para o emagrecimento, já que há suspeita de que essa redução no peso pode estar relacionada à redução de água, eletrólitos e músculos, prejudicando a saúde do organismo”, explica a nutricionista esportiva Andréia Carrara.
Contraindicações
“A dieta cetogênica (DC) constitui um tipo de tratamento alternativo para epilepsia, com o objetivo de controlar e evitar convulsões durante as crises. De um tempo para cá ela também tem sido utilizada para acelerar a perda de peso por fazer o organismo utilizar a própria gordura como fonte de energia ao invés do carboidrato que vem da alimentação, promovendo, assim, o emagrecimento, para esse fim ela é contraindicada a pessoas com mais de 65 anos, com histórico de problemas como insuficiência hepática ou renal, doenças cardiovasculares, AVC e pacientes em tratamento com medicamentos a base de cortisona. E mesmo feita por uma pessoa saudável é preciso contar com a orientação profissional”, afirma a endocrinologista pós graduada em metabologia, Carolina Mantelli Borges.
Riscos à saúde
De acordo com a nutricionista Andréia Carrara, não existe comprovação científica de que a dieta cetogênica seja recomendável para o emagrecimento. “Ela pode apresentar riscos como desidratação, catabolismo muscular e perda de eletrólitos (sódio, potássio e cálcio)”.
Além desses, Carolina acrescenta como um dos principais efeitos colaterais a hipoglicemia, cujos sintomas incluem sudorese, náuseas, vertigem e fraqueza, como ocorreu com a estudante Giulia.
Por quanto tempo pode ser feita?
Segundo a endocrinologista, ela não dever ser feita por um longo período, já que o cérebro tem como principal fonte de energia a glicose fornecida pelos carboidratos. Por ser muito restritiva e contribuir para a carência de nutrientes, deve ser muito bem planejada e sempre com o acompanhamento de um médico para evitar prejuízos à saúde. O tempo máximo que pode ser feita varia de pessoa para pessoa por isso é tão importante ter a orientação profissional.