Paulo corre com prótese desde 1999 (foto: Ricardo Leizer/ www.webrun.com.br)
O brasileiro Paulo de Almeida será o único atleta amputado a participar da Comrades, ultramaratona que acontece no dia 17 de junho nas montanhas da África do Sul. Seu objetivo é ser o primeiro deficiente da categoria a completar a prova. Estou indo para competir com pessoas não deficientes, pois não existe inscrição para paraolímpicos. Não sei o que me espera, é tudo novidade, conta.
Ele voltou recentemente da Califórnia, onde venceu o X Terra local após um período de treinamentos nas montanhas como forma de preparação. Serei o único amputado do mundo a fazer essa prova, então sou muito cobrado. É uma responsabilidade ir lá e dar conta do recado, pois tenho que completar em 12 horas para levar a medalha, ressalta.
Em anos pares a prova é disputada em subidas e nos anos ímpares em descidas. Apesar de ser descida, minha prótese não tem calcanhar, então tenho que segurar todo o impacto na outra perna. Machuca um pouco o coto, fica em carne viva, mas o que manda é o psicológico, quero terminar, quero competir de igual para igual.
Além do limite – Depois de fazer diversas ultramaratonas com duração de 24 horas e participar de 28 maratonas em 10 anos, ele diz que faltava testar ainda mais o limite e essa competição seria uma ótima oportunidade. Quando eu tinha as duas pernas eu não sabia qual era o meu limite.
Com participação em diversas provas internacionais, como a Maratona de Nova York, Chicago e alguns triathlons, ele também compete no Brasil, mas afirma que o reconhecimento no exterior é muito maior. Lá fora você tem a sua categoria, a sua premiação e se destaca mais. No Brasil eles não sabem que uma prótese custa entre 10 e 12 mil dólares. Para que sua participação nas provas seja possível, ele conta com o apoio da ADD, Associação Desportiva para Deficientes, mas está sempre atrás de novos patrocinadores.
No próximo domingo (3) ele participará da Maratona de São Paulo também como forma de treinamento, já que o percurso mescla subidas e descidas, e pode conquistar sua sétima vitória. A nossa preocupação não é com o tempo em que ele vai terminar. O importante é fazer uma boa prova, sem muito desgaste e terminar sem lesões, ressalta Mário Mello, técnico de atletismo da ADD.
A Comrades terá largada na capital da província de Kawazulu, em Pietermaritzburg e chegará até a cidade costeira de Durban, na África do Sul. Ao todo serão 90 km de competição.
Este texto foi escrito por: Alexandre Koda