Olimpíadas, Gugas, Daianes e outras lesões.

Redação Webrun | Atletismo · 13 set, 2004

Há pouco tempo as olimpíadas terminaram, junto com ela muitas surpresas e algumas decepções, uma delas talvez seja o Guga, que depois de uma lesão nunca mais jogou como o primeiro do mundo, titulo que havia alcançado.

Essa derrota do Guga no primeiro jogo olímpico me fez lembrar de um momento dos mais difíceis para o atleta e para a equipe técnica , a recuperação de uma lesão após um longo período de repouso.

Esse tema não é exclusivo de atletas de alto nível, como o Guga; me lembro do pai de um amigo que reclamava que corria a 4 min o Km e, depois de uma lesão, e ter parado seis meses de correr, não passa o Km a menos de 5:30 min, e o quanto ele se sente frustrado.

Não estamos falando a respeito de um atleta de alto nível correto? Mas a dor, que já não é mais da lesão, é a mesma da do Guga – “eu não consigo mais, eu não sou mais o mesmo atleta que era antes” é isso que comumente ouvimos e que as vezes levam algumas pessoas a largarem seus treinos.

Acredito que esse seja um dos momentos mais importantes no trabalho de um Psicólogo do Esporte, trazer a pessoa de volta aos treinos, diminuir a ansiedade da equipe técnica e do atleta.

Quando acontece um longo período de repouso o atleta apresenta uma perda de rendimento considerável, nesse caso há duas experiências subjetivas que devem ser consideradas: a primeira é que o sujeito sabe o quanto ele teve de suar para abaixar um segundo de seu tempo, a segunda é que na memória do atleta está registrado o último tempo que ele fez, e que na maioria das vezes marca o seu período de melhor rendimento. As lesões muitas vezes acontecem no ápice do treinamento, que é o período de maior estresse.

A vontade do atleta no primeiro dia de treino é dar um tiro e repetir seu melhor tempo, mas sabemos que se tentar isso provavelmente terá outra lesão, pois estará se esforçando além do seu limite, e estará exigindo de um corpo que não está totalmente recuperado.

Ainda temos a equipe técnica que apostou trabalho e esforço para que o atleta atingisse melhores resultados e em seu retorno o atleta refaz o trabalho de base enquanto outros então em período competitivo, a sensação da equipe técnica é de trabalho jogado fora.

O retorno aos treinos após uma lesão não é um período fácil para ninguém, e o atleta principalmente se cobrará e será muito cobrado por resultados que, nesse período, é incapaz de atingir.

O trabalho de um bom psicólogo do esporte é imprescindível nesse momento, para diminuir as expectativas do atleta e da equipe técnica.

Vamos lembrar de uma de nossas promessas de medalha na Ginástica Olímpica: Daiane dos Santos tinha acabado de se recuperar de uma lesão, que provavelmente a impediu de treinar por algum período e que foi cobrada pelo seu máximo em uma competição que aconteceu muito próximo de sua recuperação. Precisamos ser menos severos com a “gauchinha”, precisamos ser menos severos com nós mesmos.

Este texto foi escrito por: Marcus Teshainer

Redação Webrun

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