Muitas ervas são usadas até hoje (foto: stock.xchng)
Estudos arqueológicos demonstram que há mais de 3.000 anos as ervas são utilizadas como medicamento, cosmético ou suplementos pelos humanos. A fitoterapia, ou terapia pelas plantas, já era conhecida e praticada pelas antigas civilizações.
A história da fitoterapia se confunde com a história da farmácia, já que até o século passado os medicamentos eram basicamente formulados à base de plantas medicinais. É admirável que o conhecimento desenvolvido por pesquisas sobre as plantas para fins medicinais, ou cosmético, tenha sobrevivido por milênios e, até hoje, exista a utilização dessas plantas.
No passado o descobrimento das propriedades curativas das plantas era meramente intuitivo, ou feito através de observação dos animais que, quando doentes, buscavam nas ervas cura para suas infecções. Mas hoje já há pesquisa em cima dessa área.
Talvez você nem prestou atenção, mas sabia que já pode estar fazendo uso desta terapia? Dentre alguns estimulantes não-alcóolicos, que existem no mercado, há exemplos bem conhecidos como o café, o cacau, a erva-mate, o guaraná, o alho, a erva-de-são-joão e o estramônio.
Tipos de ervas – Algumas das substâncias podem ou não ser tóxicas, isto depende da dosagem em que for utilizada. Atualmente somos constantemente bombardeados com novos lançamentos. Um deles é nativo da Coréia, China e Japão: a árvore do Ginkgo Biloba, considerada sagrada pelos budistas. Ela pode viver por mais de 4.000 anos devido a sua alta capacidade de suportar toxicidade e infecções. A planta despertou o interesse dos pesquisadores após o ataque aéreo da bomba atômica em Hiroshima quando voltou a brotar sob as ruínas.
Outro fitoterápico é o Cogumelo-do-Sol. Ele é um cogumelo comestível que contém grande quantidade de fibra, mais que o dobro das vitaminas, aminoácidos e sais minerais que a maioria dos cogumelos comestíveis. Porém, o seu uso como curativo ainda é objeto de pesquisas e quaisquer considerações a esse respeito devem ser cautelosas, já que não custa lembrar que a grande maioria das pesquisas sobre esse e outros produtos foram dirigidas quase sempre por organismos ligados aos que os comercializam.
Já a Coenzima Q-10 (CoQ10), é um composto sintetizado nas células. Considerado um fabuloso antioxidante a sua função como coenzima ocorre na mitocôndria, onde tem um papel essencial na via de produção de energia nas nossas células. Mas há poucos estudos que confirmam os benefícios da suplementação. Não existem notícias de efeitos colaterais nocivos relacionados a esse nutriente, mas não seria recomendado como um antioxidante de rotina.
Vale alertar que os fármacos podem interagir com os alimentos e seus nutrientes por distintos mecanismos, causando alterações tanto na natureza dos fármacos e seu desempenho, quanto no metabolismo dos nutrientes. Assim, tais reações podem levar a deficiência nutricional ou mudança no apetite, no paladar e no peso corporal.
A absorção e metabolismo deles podem ser alterados por outros suplementos, ou pela presença de alimentos. Alguns alimentos podem também causar reações tóxicas se ingeridos com certos medicamentos, já que os nutrientes podem modificar os efeitos por interferirem em processos farmacocinéticos, como absorção e distribuição acarretando prejuízo terapêutico (perda de eficácia ou toxicidade).
O setor fitoterápico é economicamente muito importante. Estima-se que 82% da população brasileira utiliza produtos a base de ervas. No Brasil o setor movimenta anualmente um bilhão de reais e emprega mais de 100 mil pessoas!
Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que 80% da população mundial utiliza a fitoterapia no atendimento primário à saúde. Desse total, pelo menos 30% deu-se por indicação médica.
Mas a idéia do uso dos fitoterápicos não substitui os medicamentos registrados e já comercializados. Eles apenas aumentam a opção terapêutica dos profissionais da saúde, que podem oferecer medicamentos equivalentes e também registrados valorizando inclusive as tradições populares.
O problema é que cerca de 50% dos fitoterápicos disponíveis no mercado brasileiro apresentam alguma irregularidade (contaminação, impurezas, problemas de identificação botânica, adulteração, entre outros). Umas das causa dessa irregularidade pode ser o baixo preço pago pelo comércio que acarreta uma manutenção da baixa qualidade da matéria-prima e um conseqüente círculo vicioso.
Outro problema é que das 400 plantas medicinais comercializadas no Brasil, 75% são de origem extrativa, ou seja, coletadas diretamente de seu habitat, sem qualquer manejo, o que gera grande pressão ambiental causando problemas na sustentabilidade com riscos de extinção. Como em outras áreas, o consumo dessas plantas milagrosas é estimulado pela propaganda e pela atuação fraca dos organismos estatais responsáveis pela vigilância sanitária. Mas, é inegável e inaceitável que para muitos as plantas medicinais sejam o único lenitivo para os seus males.
É bem provável que das cerca de 200 mil espécies vegetais, que possam existir no Brasil, pelo menos a metade pode ter alguma propriedade terapêutica útil para população, mas nem 1% dessas espécies com potencial foram motivos de estudos adequados.
Por isso as pesquisas com estas espécies devem receber apoio total do poder público pelo fator econômico e ambiental. Isto porque muitas substâncias exclusivas de plantas brasileiras encontram-se patenteadas por empresas ou órgãos governamentais estrangeiros, já que a pesquisa nacional não recebe o devido apoio.
Uma grande vantagem a ser aproveitada é que os trabalhos de pesquisa com plantas medicinais via de regra originam medicamentos em menor tempo, com custos muitas vezes inferiores e, conseqüentemente, mais acessíveis à população.
Este texto foi escrito por: Danilo Balu