A cidade de Berlim, na Alemanha, recebeu por mais um ano a maratona considerada uma das importantes do mundo. Os 42k de Berlim conta com atletas do mundo inteiro, inclusive brasileiros que participam da Major Marathon.
Considerada a maratona mais rápida entre as Majors, ela manteve a fama com a conquista do recorde mundial pelo queniano Eliud Kipchoge neste último domingo (16). O atleta já era considerado o único que poderia bater o recorde de Dennis Kimetto, de 2h02min57, que aconteceu na mesma prova em 2014.
A nova marca é excepcional, já que a diferença de 1 minuto e 18 segundos tem uma margem tão alta, comparada a anterior, que não acontecia há 51 anos. Correndo abaixo de 2min53 por quilômetro, o atleta já acumulava os títulos de campeão olímpico na distância.
O recorde já era ‘esperado’, já que os mesmos atletas que buscavam o recorde mundial em Londres e não conseguiram, por causa do clima e da velocidade dos coelhos, estariam lá. E de fato foi o que aconteceu.
Quem é Kipchoge?
O queniano de 33 anos vem trilhando seu caminho há anos, conquistando a cada ciclo resultados ditos como inatingíveis. Em maio deste ano, o atleta afirmou que não planejava competir outra maratona em 2018, se concentrando apenas no recorde mundial. Ele havia acabado de vencer a maratona de Londres pela terceira vez, registrando até então sua décima vitória entre as onze maratonas com as quais participou desde 2013 (agora já são 11 vitórias em 12 provas).
Parece que o plano mudou e funcionou, não é?
O maratonista de ouro nasceu na cidade de Kapsisiywa, é casado e tem três filhos. Considerado uma pessoa simples, ele limpa banheiros, mora longe da família e busca sempre se motivar para as competições. Mesmo sendo um milionário devido os prêmios que conquistou nas provas internacionais, ele continuava se sacrificando pelo sonho do recorde mundial.
Para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, o atleta viveu em um alojamento para atletas, em uma pequena vila no Oeste do Quênia, onde exercia diversas tarefas domésticas que compartilhava com atletas de todas as idades.
Um dos momentos que o deu mais destaque no cenário mundial foi a participação no Breaking2 da Nike, um projeto que buscou o tempo da maratona sub 2h. Nas condições preparadas pela marca ele alcançou 2h00min25, tempo que não foi considerado como recorde mundial, já que não foi feito em um evento oficial, mas sim em um autódromo com tudo preparado especialmente para o desafio.
Campeão construído com treino e determinação
Em 2003, aos 19 anos, venceu o Campeonato Mundial Júnior de Cross-Country, atingindo um novo recorde mundial para categoria nos 5.000m. Logo em seguida conquistou a medalha de ouro na prova uniforme do Campeonato Mundial de Atletismo de Paris, entre os adultos, derrotando o recordista mundial dos 1.500m futuro bicampeão olímpico Hicham El Guerrouj, bem na linha de chegada. No ano seguinte, ficou com uma medalha de bronze na prova nos Jogos de Atenas 2004.
Em 2007, conquistou a prata no Campeonato Mundial de Osaka, no Japão. Nos 5.000m de Pequim 2008, ganhou sua segunda medalha olímpica. Em 2012, estreou na distância dos 21k em Lille, na França, correndo em menos de uma hora (59min25), chegando na terceira colocação.
No início de 2013 ele venceu a Meia Maratona de Barcelona e em abril fez sua estreia nos 42km, vencendo a Maratona de Hamburgo, com o tempo de 2h05min30, recorde do percurso alemão que se mantém até hoje, mais de dois minutos na frente do segundo colocado.
O ano de 2014 marcou o começo do domínio absoluto de Kipchoge nas mais importantes provas longas do mundo. Venceu a Maratona de Roterdã (2h05), Chicago (2h04min11), Londres (2h04min42) e Berlim (2h04). Em 2016 tornou-se bicampeão de Londres, com 2h03min05, sua melhor marca pessoal e oficialmente, a terceira e mais rápida da história da maratona, até ontem. Consagrou-se definitivamente nos Jogos Olímpicos da Rio 2016 ao vencer os 42km com o tempo de 2h08min44.
Agora, que é oficialmente o recordista mundial dos 42k, quais serão seus planos para o futuro?