Marily dos Santos cruzou a linha de chegada em 2h43 (foto: Monique Barleben/www.webrun.com.br)
Direto de Recife – Na terceira cidade mais antiga do Brasil, Recife, às 5h, o sol já anunciava um dia quente para a 1ª Maratona Internacional Maurício de Nassau. Enquanto a cidade dormia, a dúvida sobre quem seria o grande vencedor da maratona silenciava. Após a largada da prova, às 7h, a expectativa crescia e só chegou ao fim quando os corredores Franck Caldeira e Marily dos Santos cruzaram a linha de chegada como campeões.
Nesta segunda-feira (15/11), os atletas brasileiros Franck Caldeira e Marily dos Santos não decepcionaram a torcida verde-amarela e foram os primeiros colocados da Maratona de Recife, com as marcas de 2h21 e 2h43, respectivamente. Ambos foram premiados com R$ 30 mil.
Nós tínhamos dois adversários, o calor e os africanos, mas eles ficaram para trás e isso mostra que o Brasil pode brigar de igual para igual, afirma Franck, ganhador da Corrida de São Silvestre em 2006. Na altura do quilômetro 35 eu já não tinha mais perna e em uma maratona sempre há dificuldades do começo ao fim, completa.
Apesar disso, Franck se diz satisfeito por conseguir, mais uma vez, mostrar o trabalho que desenvolve junto com sua equipe. A gente fez um bom trabalho e o evento também está de parabéns. Trouxe nesta segunda-feira uma motivação a mais para as pessoas, acrescenta o medalhista de ouro da maratona dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007.
O segundo lugar na maratona desta segunda-feira ficou para outro mineiro, Valdir Oliveira, que enfrentou um percurso de 42 quilômetros pela primeira vez e foi vice-campeão em 2h22. A gente sempre almeja ser um dos primeiros. Graças a Deus consegui subir ao pódio, conta Valdir. Muita gente inclusive diz que se um corredor nunca correu uma maratona ele não é um corredor. Então a partir de hoje eu já me tornei um, brinca o atleta, que agora segue para a Volta Internacional da Pampulha e São Silvestre.
Quem se consagrou como terceiro colocado foi Jair Silva, que finalizou a prova em 2h23, e não imaginava qual seria o seu desempenho, pois havia participado somente de uma maratona antes do evento de Recife. Fui ultrapassado pelo Franck e pelo Valdir, mas pelo menos a vitória ficou para os brasileiros. Então estou muito feliz, diz o atleta pernambucano, que foi vencedor da corrida do Círio, em Belém.
Apesar do percurso ser plano, com duas pequenas subidas (em um viaduto e uma ponte), a forte umidade e o calor acabaram prejudicando o queniano Nicholas Kibor Sabulei, que passou mal durante a competição e não conseguiu prosseguir. Já o seu compatriota Jacob Kipleting Kendagor foi o quinto colocado na disputa.
A campeã do feminino, a alagoana Marily dos Santos, garante que quando soube da participação de uma corredora queniana na maratona teve mais vontade de competir a prova. Eu gosto de disputas fortes e acho que não vim aqui só por causa da premiação. Vim pelo desafio de brigar por uma vitória, conta a corredora, que liderou a prova desde o primeiro quilômetro.
A brasileira considera as competições do nordeste bem mais complicadas. Aqui é totalmente diferente das provas do sudeste, lá os quenianos chegam e ganham com facilidade, aqui não, a temperatura não ajuda e eu também não ia deixar fácil, afirma Marily, representante do Brasil na maratona feminina dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
Já a vice-campeã dos 42 quilômetros, Jacqueline Chebor, sentiu cansaço durante o trajeto e agora deve voltar ao país de origem na próxima semana. Estava muito quente hoje e acho que isso realmente atrapalhou, mas já voltarei para casa dentro de algumas semanas para descansar, conta Chebor, de 41 anos, que chegou à frente da corredora Marluce Queiroz, terceira mulher a finalizar o percurso com o tempo de 2h50.
A Maratona de Recife passou pelos cartões postais da cidade, como a praia de Boa Viagem, o Forte das Cinco Pontas, Fortim e Cais do Apolo. Quem participou do evento também pode contemplar a Orla de Olinda, segunda cidade brasileira a ser declarada como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1982.
Para o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, o evento despertou a curiosidade de centenas de pessoas e trouxe um clima de festa para a região. Os moradores saíam de suas casas para ver os corredores durante o percurso. Isso com certeza estimula a participação de mais pessoas na corrida de rua, uma modalidade contagiante, que gera inúmeros benefícios para a sociedade, diz Renildo.
Este texto foi escrito por: Monique Barleben