No Vale da Lua os corredores tiveram que escalaminhar um trecho (foto: Alexandre Koda/ www.webrun.com.br)
A disputa de 23 quilômetros do Mountain Do Deserto do Atacama passou por regiões famosas do deserto chileno, como o Vale da Lua e o Vale da Morte no último domingo (29/01). Marcio Scotti venceu nos últimos metros, enquanto Letícia Saltori venceu após liderar de ponta a ponta.
Direto de San Pedro de Atacama (Chile) – Vinte e três quilômetros percorridos em meio ao deserto mais seco do mundo. Esse foi o desafio de centenas de corredores que acordaram cedo e, antes mesmo do nascer do sol, já estavam concentrados e alinhados para a largada na praça central da cidade.
A largada aconteceu às 7h10 e, enquanto a maioria dos corredores imprimia um ritmo moderado, com o objetivo de se acostumar com o clima seco, Letícia Saltori, Márcio Scotti e Marco Aurélio Piazza pareciam não sentir os efeitos da altitude e já corriam acelerados. Após 1,5 quilômetro em asfalto a prova começou para valer, com subidas e descidas leves por uma estrada de terra.
O primeiro grande desafio veio no momento em que o pelotão entrou no Vale da Lua, local onde as formações rochosas misturadas com sal predominam na paisagem. Com dois quilômetros percorridos no interior do vale, Letícia e os outros se viram obrigados a escalaminhar um barranco para prosseguir no percurso.
O trio não tomou conhecimento do obstáculo natural e seguiu adiante passando por cânions, trilhas e até cavernas. Na disputa masculina, Marco liderava com Márcio em seu encalço, enquanto no feminino Letícia reinava absoluta sem ver adversárias na retaguarda.
Ao chegar ao trecho de duna, a velocidade teve que ser reduzida, afinal as subidas íngremes em meio à areia fofa prejudicavam o bom desempenho dos corredores. Apesar do sol forte e céu sem nuvens, uma brisa fresca ajudava a refrescar os corpos já fadigados pelo esforço intenso.
Após cruzarem o Vale da Morte, com altos precipícios ao lado, eles chegaram ao vilarejo de San Pedro de Atacama são e salvos. Marco não sustentou a liderança e foi ultrapassado por Márcio, que cruzou em primeiro nos metros finais com o tempo de 1h49min23, contra 1h46min49 do adversário.
Foi uma luta junto com o Marco e defini a prova na chegada à cidade, relembra o campeão. Acho que essa prova tem o visual mais bonito de todas as que já participei. Estava bem, mas as subidas na areia não foram fáceis para ninguém, completa o gaúcho de Porto Alegre. Já Marco tenta explicar a perda do título nos metros finais. Eu vim para ganhar, mas não teve jeito. Corri sozinho até os cinco quilômetros, mas no momento em que ele chegou segurei o ritmo para me poupar e tentar definir no final. O representante de Florianópolis explica, porém, que o ritmo forte após a metade do percurso o desgastou. Ao sairmos da duna aceleramos e não conseguia nem contemplar a paisagem tamanha a concentração. Nos últimos 500 metros ele saiu num tiro e eu não aguentei acomapnhar, faltou perna, finaliza.
O terceiro colocado foi Elder Moura, que marcou 2h01min30. Mas, quem chegou antes do atleta de Rio Branco (Acre) foi Leticia, com o tempo de 1h59min08, o que lhe rendeu o primeiro lugar feminino. No início comecei a sentir dificuldades para respirar e o peito doía bastante. Mas após o quilômetro cinco, na região montanhosa, me senti mais à vontade, conta a curitibana que não sofreu tanto com o calor. Tive mais problemas com a altitude do que com o calor. As dunas foram muito complicadas, assim como a passagem na caverna, pois de repente tudo escureceu e não se enxergava nada, completa. Mas valeu à pena e já penso em voltar em 2013 com um grupo de amigos.
Mais mulheres – A segunda colocada foi Mônica Priscilla Hernandez, com o tempo de 2h10min38. Achei a corrida muito boa, mas difícil. Nem pensava em obter colocação, a ideia era só chegar ao final, mas adorei, relata a argentina radicada no Rio de Janeiro. Apesar da dificuldade nas dunas no Vale da Lua, a paisagem compensou, completa a corredora que também já pensa em voltar no próximo ano.
Em terceiro chegou Erika Virginia Brito, com a marca de 2h18min44. A grandiosidade do local supera a altitude, o clima seco e o calor. É com muito orgulho que levo esse troféu para casa, comenta a corredora do Piauí, mas que atualmente mora em São Luiz, no Maranhão. Gostaria de parabenizar a organização e ano que vem voltarei para buscar o primeiro lugar, completa a ex-corredora de aventura que hoje mescla as provas de asfalto com as de montanha.
5 quilômetros – Além das distâncias de 42 e 23, o Mountain Do Deserto do Atacama também teve uma rústica de cinco quilômetros. Entre os inscritos estava uma moradora de San Pedro de Atacama, Tania Perez, que aprovou o evento. Foi uma corrida genial, gostei bastante. Ainda bem que não fez tanto calor. Segundo ela, não existem muitos eventos esportivos na cidade. Aqui não há tanto incentivo para a corrida como no Brasil, mas espero que o Mountain do sirva de exemplo e tenhamos mais eventos por aqui, completa a corredora que trabalha nos Correios. Vou me preparar para correr os 23 quilômetros ano que vem, promete.
Este texto foi escrito por: Alexandre Koda