Você estabeleceu uma meta, planejou cada quilômetro percorrido, treinou centenas de vezes por vários meses, se absteve de festas e convívio social para manter a planilha. Acordou cedo, dormiu tarde, negou aquela cervejinha no final do dia, deixou a família em casa enquanto você estava lá, treinando independente de frio, sol, chuva ou ventania. Pois é, o tempo passou. O dia tão sonhado chegou e você conseguiu! Conquistou a SUA vitória! Enfim, todos os meses de treinamento valeram a pena.
Então, você acorda mais tarde que o usual, volta para rotina diária, volta ao convívio da família e amigos. Sua dieta não é mais a mesma, afinal você merece. Observando racionalmente, você entende que está tudo certo.
Porém, algo te deixa para baixo. Algo te incomoda, mas você não sabe o que é. Você tenta voltar a dar alguns “trotes”, mas não consegue manter o ritmo ou o volume.
Pois é, pode ser depressão pós prova.
Sinceramente, acho que todo corredor já passou por algo parecido. São tantos meses de afinco que quando acaba, você percebe um vazio. Um vazio e uma tristeza que você não entende o motivo. Até busquei alguns estudos que pudessem embasar mais este assunto, contudo, não encontrei com o enfoque “depressão pós prova”. Este problema, na maioria das vezes, não passa de poucos momentos, treinos ou, no mais tardar, dias.
Você tenta voltar a dar alguns “trotes”, mas não consegue manter o ritmo ou o volume Foto: YaobchulkOlena/Fotolia
Porém, com toda certeza conhecemos quem não tem apenas um problema “corriqueiro”, mas sim, que estão com uma doença silenciosa e extremamente grave, a depressão.
Assisti uma palestra sobre o tema que me abriu os olhos. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que cerca de 13% – 20% da população tem ou vai ter um episódio de depressão alguma vez na vida. Talvez, não seja absurdo pensar que alguém propenso possa desenvolver a doença após um episódio de “depressão pós prova”.
Que fique claro que ela não consiste em apenas acordar sem vontade de treinar, ou mesmo estar triste após não atingir um resultado. Isto não quer dizer que você está “depressivo”.
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Depressão é um problema sério. Uma doença grave.
Existem diversos critérios para se ter o diagnóstico de depressão. São observados no paciente com diagnóstico de depressão: 1) humor deprimido em todos os dias ou a maior parte dos dias da semana e 2) perda do interesse em realizar atividades que eram prazerosas. Isto permanecendo por duas ou mais semanas. Além disso, existem outros critérios extras que devem ser observados.
Bom, então quer dizer que correr causa depressão?
Vamos observar o que as evidências científicas têm demonstrado ultimamente:
- Indivíduos sedentários têm duas vezes mais chances de desenvolver depressão;
- Quanto maior a capacidade aeróbia menor a chance de desenvolver depressão;
- Pessoas que fazem exercício aeróbio e de força combinados, têm menores chances de depressão em comparação aos o que fazem apenas um deles.
Depressão é um problema sério. Uma doença grave Foto: Kittiphan/Fotolia
Ou seja, o exercício protege dos episódios de depressão. Porém, caso você tenha a desenvolvido, será que o exercício poderia ajudar?
Novamente as evidências são favoráveis, alguns estudos já relacionam o exercício não como único tratamento, mas como um fator que ajuda muito no alívio dos sintomas depressivos, principalmente se utilizar medicação e realizar acompanhamento terapêutico.
É evidente que não queremos passar por um momento desses, mas acho que é bom pensar sobre o assunto. Afinal, a depressão é uma doença silenciosa e que acomete muitos de nós.
Como sou um defensor ferrenho do exercício, deixarei uma frase para reflexão:
“Se você quer prevenir a depressão, TREINE. Se você quer sair dela, TREINE.”