Depressão e tristeza: entendendo as diferenças e o papel do esporte

Denise Gobo | Bem Estar · 18 fev, 2025

Olá, leitores do WebRun! Sou Dra. Denise Gobo, médica psiquiatra, e hoje vamos conversar sobre um tema crucial: a diferença entre tristeza e depressão, e como a prática de esportes pode ser uma poderosa aliada no cuidado com a saúde mental. Frequentemente, tristeza e depressão são confundidas, mas existem diferenças fundamentais.

Depressão e tristeza: entendendo as diferenças e o papel do esporte
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A tristeza é uma emoção natural, uma resposta normal a desafios, perdas ou frustrações. É transitória e geralmente se resolve com o tempo. Pense na tristeza após o término de um relacionamento ou a perda de um ente querido. Dor, angústia e desânimo são naturais nesses momentos.

Já a depressão é um transtorno mental que vai muito além da tristeza passageira. É uma tristeza profunda e persistente, acompanhada de outros sintomas como perda de interesse em atividades antes prazerosas, alterações no sono e no apetite, fadiga, dificuldade de concentração, sentimentos de culpa e inutilidade, e até mesmo pensamentos suicidas (DSM-5, American Psychiatric Association). A depressão impacta significativamente a vida da pessoa, afetando trabalho, vida social e relações familiares. A dificuldade de concentração, tomada de decisões e cumprimento de obrigações pode levar a problemas no emprego. O isolamento, a perda de interesse em atividades prazerosas e o afastamento de amigos e familiares são comuns. No ambiente familiar, a depressão pode gerar conflitos, incompreensão e distanciamento emocional. A depressão requer acompanhamento profissional e, muitas vezes, tratamento com medicamentos e terapia. Dica importante: Se você está se sentindo triste por mais de duas semanas e esses sentimentos estão impactando sua vida diária, procure ajuda profissional. Não hesite em conversar com um médico ou psicólogo.

Um dos sintomas mais marcantes da depressão é a perda da capacidade de sentir prazer. Hobbies, paixões e momentos simples perdem o sentido. É como se um filtro cinza encobrisse todas as experiências. Nesse contexto, o esporte surge como um aliado crucial. Diversos estudos científicos demonstram que a prática regular de atividades físicas, especialmente exercícios aeróbicos como corrida, natação e ciclismo, pode ser uma importante ferramenta na prevenção e no tratamento da depressão. Esses exercícios promovem a liberação de endorfinas, neurotransmissores que atuam como analgésicos naturais e geram sensação de bem-estar (Salmon, P. (2001). Effects of physical exercise on anxiety, depression, and sensitivity to stress: a unifying theory. Clinical psychology review). Além disso, o esporte contribui para a regulação do sono, melhora a autoestima e promove a socialização – fatores que impactam positivamente a saúde mental. A atividade física atua diretamente nas circuitarias cerebrais de prazer, estimulando a produção de neurotransmissores como endorfina, serotonina e dopamina, frequentemente desregulados na depressão. Essas substâncias são responsáveis pela sensação de bem-estar, motivação e regulação do humor. Ao se exercitar, a pessoa com depressão pode começar a “reativar” essas circuitarias, contribuindo para a melhora do humor, aumento da energia e resgate do prazer pela vida. Que tal começar com uma caminhada de 30 minutos, três vezes por semana?

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A prática de esportes também auxilia no tratamento da depressão, atuando em conjunto com outras abordagens terapêuticas. Um estudo publicado no Journal of Psychiatric Research mostrou que pacientes com depressão que praticaram exercícios físicos regularmente apresentaram melhora significativa nos sintomas depressivos (Blumenthal, J. A., et al. (1999). Effects of exercise training on older patients with major depression. Archives of internal medicine). O exercício físico pode ajudar a quebrar o ciclo da depressão, aumentando a motivação e a energia, e reduzindo a ruminação de pensamentos negativos. Incluir atividades físicas na rotina pode ser um passo importante para recuperar o prazer pela vida.

É importante ressaltar que o esporte não substitui o tratamento convencional para a depressão. É fundamental buscar ajuda profissional para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado. A atividade física deve ser vista como uma ferramenta complementar, que pode potencializar os resultados da terapia e da medicação.
Lembre-se: cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física.

A atividade física não trata apenas de cuidar do corpo, mas também da mente, auxiliando na restauração do equilíbrio químico cerebral e no enfrentamento da depressão. Cuide-se e invista em sua saúde mental!

Denise Gobo

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Médica formada pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), com especialização em psiquiatria pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. E membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

 

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