Profissionais e corredores opinam sobre o papel das ferramentas digitais no treino de running.
Eles contém funções múltiplas, são ultra conectados, com informações em tempo real, alertas e GPS embutido. Os aplicativos de corrida e exercícios físicos já são parte da rotina de treinos de muita gente e, em muitos casos, já substituem até métodos tradicionais.
O Webrun foi investigar essa tendência e questionar especialistas e corredores: como os aplicativos de celular estão substituindo o papel dos treinadores?
Os dois lados da moeda
É recorrente: os chamados apps ainda dão muita dor de cabeça para os usuários, propiciando lesões sérias entre os corredores que não utilizam com parcimônia e bom senso. Entretanto, são ferramentas úteis para aproximarem cada vez mais público e vida saudável. Tem muita gente que baixa um aplicativo novo, experimenta e acaba se apaixonando pela corrida.
Ou seja, é uma forma de estimular quem está começando, mas contem um efeito colateral complicado: em geral o treino não é individualizado para as condições físicas de cada usuário, o que pode gerar um aumento do risco de lesões.
Grande parte dos profissionais da área defendem que cuidados com o corpo e saúde transcendem à parte técnica. É necessário também muita sensibilidade e adequação personalizada. Nenhum corpo é igual. As armadilhas, ou as grandes sacadas de um treinamento de excelência estão escondidas nos detalhes.
Depoimentos reforçam a necessidade de acompanhamento profissional
Conversamos com diversos atletas e treinadores, todos com foco em corrida de rua, para escutar as opiniões de quem convive com essa nova realidade tecnológica no dia a dia.
Carolina Santos, treinadora da Bio Ritmo, diz que o assunto é polêmico. “O que o aplicativo traz não é de todo errado, só que ele não conhece você.” É interessante para quem está começando e pode ser usado sim, só que sempre com acompanhamento”, ressalta.
Já a corredora Beatriz dos Santos, publicitária, afirma que praticidade é um importante fator de decisão. “Eu não tenho horário fixo para praticar esporte, tenho que ter um acompanhamento que siga meu ritmo. Troquei os treinos engessados por uma ferramenta leve e que tem todo meu histórico armazenado. Meu aplicativo me motiva”, conta.
Mas esta não é a opinião do treinador da ZTrack Assessoria, Fellipe Franco, que é enfático. “Nós estamos abolindo até as planilhas nas assessorias. Um aplicativo não consegue competir com o trabalho mais importante de um professor que é de motivar o aluno, corrigir detalhes. A tecnologia tem que evoluir muito para substituir um professor”.
O corredor Alexandre Diniz, designer, concorda. “Os aplicativos ainda não estão tão eficazes a ponto de substituir um treinador”. Mas não descarta o uso da ferramenta. “Eu utilizo. Acho muito útil, e podem auxiliar tanto os atletas, quanto os próprios professores no treinamento”.
O treinador Manuel Lago tem uma opinião divergente: treinadores ruins são os únicos substituíveis. “Aplicativos nunca substituirão os bons treinadores, que até utilizam os aplicativos como banco de dados, mas tem capacidade de avaliar o lado psicológico, as variáveis e o nível de estresse de cada atleta”. E completa: “Maus treinadores dão espaço para que aplicativos e até digital influencers roubem sua clientela, mas para os especialistas, que oferecem um bom serviço, esses aplicativos serão meras ferramentas de trabalho”.
O corredor José Eduardo Motta, gerente de projetos, não gosta de correr com celular. “Acho incômodo e pesado. Uso apenas relógio com GPS e depois sincronizo com vários aplicativos”. Ele afirma que para sair do básico é necessário um treinador: “A tecnologia não substitui uma orientação personalizada”, completa.
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E o futuro?
Tão cedo, nenhum aplicativo ou robô estará apto a substituir um treinador. Mas sem dúvida a flexibilidade e a constante evolução da tecnologia, da inteligência artificial cria bases para experiências cada vez mais seguras na orientação esportiva.
Com a evolução no tratamento de dados, a tendência é que os aplicativos fiquem mais inteligentes e formem algoritmos mais precisos, indicando caminhos melhor personalizados. Além disso, o investimento para adquirir este tipo de serviço é mais acessível que o de um treinador ou personal trainer, por exemplo.
Atualmente, as funcionalidades já se moldam e aprendem com o usuário, desde a construção de diagnóstico, até a prática na rotina, quando os treinos vão mudando, evoluindo e desafiando o corredor.
Mas, por enquanto, nem mesmo os próprio executivos e criadores dos apps consideram substituir o treinamento pessoal. Em entrevista recente, o fundador da plataforma Run Coach, Tom McGlynn afirma: “Nossa missão é oferecer um treino personalizado em qualquer local do mundo. Mas não temos a pretensão de substituir ou ser melhores do que o treinador da sua confiança”.
Queremos saber!
E você, qual seu formato preferido de treino?
( ) só com treinador
( ) com treinador + aplicativo
( ) só com aplicativo
( ) sem treinador, sem aplicativo
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