Corrida de rua x corrida de trilha: desafios psicológicos em ambientes distintos

Wania Rennó | Corrida · 30 set, 2024

A corrida de trilha e rua possuem demandas e características diferentes. Portanto os aspectos psicológicos também apresentam diferenças significativas.

Na corrida de rua temos um ambiente mais previsível, o que dá uma sensação de maior controle sobre o trajeto e o ritmo. O que permite uma maior concentração no pace e na respiração. Facilita também a definição de metas mais claras, como por exemplo diminuir seu tempo anterior.

Corrida de rua x corrida de trilha: desafios psicológicos em ambientes distintos
Adobe Stock

No aspecto psicológico, pode auxiliar na diminuição da ansiedade, porém é uma modalidade que pode trazer monotonia. E então uma necessidade maior de foco para manter a motivação, principalmente em corridas com uma maior distância.

Já na trilha temos um terreno imprevisível e variado, pois contém obstáculos naturais. Subidas, descidas, pedras, lama etc. E, portanto, necessita de uma constante adaptação mental. A atenção também é fundamental, o que pode trazer uma maior sensação de alerta e excitação. Em se tratando de um terreno com muitas variações, pode trazer a diminuição do tédio. Mas a pressão psicológica pode aumentar pois será necessário lidar com imprevistos, como quedas ou mudanças bruscas de terreno.

O ritmo na corrida de rua é mais constante, os atletas usam relógios com GPS, para monitorar seu pace e garantir que estão mantendo a velocidade desejada. Porém isso pode trazer uma fadiga mental constante, já que existe uma preocupação contínua com o tempo e performance.

Na corrida de rua a pressão psicológica surge a partir da necessidade de manter o ritmo fixo e competitivo. Principalmente quando esse ritmo tende a cair. 

Na trilha o ritmo segue diferente, de acordo com o terreno, tornando difícil manter um pace fixo. A variabilidade natural pode aliviar a pressão psicológica de manter uma velocidade constante, mas também desafia a paciência e a flexibilidade mental.

A adaptação constante no terreno pode aumentar a necessidade constante de atenção e mudanças no percurso. O que pode trazer um maior cansaço ao atleta.

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Na corrida de rua pode haver uma maior conexão com o público e o ambiente urbano, gerando distrações que podem ser positivas ou negativas. Pode haver o benefício da energia do público, mas pode afastar o atleta do seu foco interno, o que pode atrapalhar no gerenciamento de suas emoções em relação a competição.

Já na corrida de trilha a conexão é com a natureza. O que pode trazer contemplação e tranquilidade. O atleta pode sentir uma conexão maior da mente pelo corpo. A sensação de bem estar aumenta, mas pode haver a sensação de solidão. O que vai necessitar maior resiliência mental, pois ficará mais tempo sem contato com outros atletas, principalmente em provas mais longas.

As lesões podem acontecer em ambas, na corrida de rua e na trilha. Porém na corrida de rua, os atletas podem se sentir mais seguros, pois não existem variações no terreno que a corrida de trilha possui. Na corrida de rua, a segurança e a previsibilidade podem ajudar os corredores a manterem a calma, mas também podem criar uma zona de conforto que dificulta o enfrentamento de desafios inesperados.

Na corrida de trilha, por ser um terreno considerado mais perigoso por causa dos obstáculos naturais, exige do atleta uma maior atenção para tomadas de decisões mais rápidas. A resiliência é fundamental para lidar com os terrenos difíceis e mudanças bruscas na temperatura. Enfrentar tantos desafios traz para o corredor, uma sensação de realização.

Os dois tipos de corrida exigem força mental. A forma com que os atletas vão lidar com os diferentes ambientes, no ritmo e desafios físicos vão ditar como eles lidam com os aspectos psicológicos de cada modalidade. Na corrida de rua o foco será em manter a consistência e gerenciar as pressões pela performance. Na corrida de trilha, a constante adaptação e a conexão com a natureza criam uma experiência mental diferente, mesmo sendo imprevisível.

Wania Rennó

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Wania Rennó é psicóloga clínica do esporte, atuando como diretora Núcleo de Integralização Humana (Nihumana) e mais de 35 anos atendendo praticantes de diferentes modalidades desportivas.