Comunidade da Rocinha recebe corredores de Braços Abertos

Redação Webrun | Caminhada · 24 jan, 2012

Edmilson Batista Ramos  Jurandy Ferreira e Bruno Mendes representaram a equipe da Rocinha (foto: Patricia Serrão/ www.webrun.com.br)
Edmilson Batista Ramos Jurandy Ferreira e Bruno Mendes representaram a equipe da Rocinha (foto: Patricia Serrão/ www.webrun.com.br)

Direto do Rio de Janeiro – No último domingo (22/01) duas mil pessoas participaram da corrida Rocinha de Braços Abertos, evento que propiciou uma enorme integração entre moradores e forças militares. Em um cenário antes dominado pelo tráfico de drogas, correram juntos moradores da Rocinha e de outras regiões do Rio de Janeiro, turistas, policiais do Bope, policiais de UPPs, Marinha, Aeronáutica, Exército e demais forças militares.

“Esta corrida é boa porque assim as pessoas vêem a favela de outro modo. Assim é possível ter integração da favela com o asfalto. É muito bom para todo mundo, serve para quebrar os preconceitos”, explica Roberto da Silva, 43 anos, morador da comunidade e integrante da equipe de corrida da Rocinha.

Outro que comemora muito a nova era da comunidade pacificada é Edmilson Batista Ramos, mais conhecido como Hippie, um dos fundadores da equipe de corrida local. “Eu era do movimento Hippie e sempre preguei paz e amor aqui na comunidade, quando tinha briga eu ia lá separar”, lembra o morador. “Eu comecei com a equipe da Rocinha porque gostava de correr e via muito jovem magrinho com o biotipo de corredor. E quando você é pobre, o Estado não cuida de você e a única chance que estes jovens tinham era no esporte”, conta.

Bruno Mendes, de 19 anos, representa a nova geração de corredores da Rocinha. “Minha mãe era da equipe, aí eu comecei a treinar e gostei muito. O percurso aqui é bem pesado, mas a gente tem vantagem porque já conhece”, comemora.

Já Cícero Damião, de 60 anos e morador da comunidade há 43, ainda viu muitos problemas no evento. “A corrida foi boa, mas o povo ficou na rua atrapalhando, teve quem incentivou, mas teve quem ficou no meio do caminho. E não limparam nem o percurso da prova. Tinham trechos cheios de lodo e lixo”, reclama. E complementa: “por enquanto eu ainda não vi diferença com a comunidade pacificada, este evento que estão comemorando já tinha aqui, a corrida de São Sebastião saía daqui e passava pela estrada da Gávea”, lembra.

Militares participam em peso – Os militares marcaram presença na primeira corrida pela paz e só o Bope levou um grupo de 120 pessoas. “A gente tinha obrigação de participar. É muito importante isso no processo de pacificação destas comunidades”, conta Maurílio Nunes, que além de correr levou seu filho Arthur Nunes de apenas um ano para participar da corrida das crianças. “Acho importante incentivá-lo a participar do esporte. E isto aqui hoje está seguro, tanto que eu o trouxe. Participei do processo de pacificação e é completamente diferente. Antes eu subia de fuzil, agora de short e tênis”, diz.

Os militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Morro do Borel também marcaram presença com uma equipe de 15 pessoas, que despertaram atenção da ala feminina por sua excelente forma física. “Nós treinamos toda sexta-feira feira no Borel. O percurso diferente é algo que já estamos acostumados, mas de qualquer forma o importante é participar e completar a prova”, conta Edgar Mello.

A brigada paraquedista se destacou com um grupo de 25 pessoas, entre eles veteranos bem animados com a corrida. “Nós ajudamos o Bope na pacificação e agora fomos convidados diretamente por eles, então tínhamos de vir”, conta Sebastião Martins. “Hoje aqui é só amor e paz, estas ações são boas para quebrar o clima de guerra”, diz.

O policial militar Leone Pinheiro tem uma opinião parecida “É bom esta corrida que permite a integração, mostra um lado mais humano da polícia. É outro ambiente agora, não é mais aquele clima tenso, de medo”, conta.

Este texto foi escrito por: Patricia Serrão

Redação Webrun

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