Canelite: o que é e como prevenir?

Marco Demange | Lesão · 05 set, 2024

A canelite, nome popular dado para a síndrome da tensão tibial medial (STTM) , é muito comum em corredores e é caracterizada pela dor anterior na canela.

Canelite, o que é e como prevenir?

Como o próprio nome diz, o “ite” representa a inflamação tecidual, e neste caso, a inflamação dos tecidos que envolvem a tibia, e por vezes até mesmo o tecido ósseo, podendo evoluir para fraturas por stress. A causa da canelite é multifatorial, podendo ser ocasionada por peso acima do ideal, calçado inadequado, pisada incorreta durante a corrida, e até mesmo por aumento excessivo do volume de corrida. Ou seja, a canelite é resultado de episódios de sobrecarga na tibia.

Dentre outros músculos dessa região, um dos principais é o tibial anterior, pois este é o principal executor da dorsiflexão e inversão de pé. Quando essa musculatura é sobrecarregada por excesso de uso ou impacto, gera dor anterior na perna. O aumento da amplitude de movimento de flexão plantar foi considerado um fator de risco para canelite, pois havendo maior flexão plantar, há maior probabilidade de que o corredor esteja aterrissando com o antepé, e isso pode ocasionar no aumento na tensão anterior-medial da tibia, se comparado com a aterrisagem usando o retropé.

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Mas e agora, como resolver este problema? O uso de antinflamatórios, fisioterapia e analgesia irão reduzir a dor, mas, a melhor solução neste caso, é buscar entender qual a causa, pois, podemos tratar os sintomas e melhorar a dor, mas, se a causa não for tratada, no retorno á pratica da corrida, possivelmente apresentará novamente a mesma queixa. O uso de calçado adequado, que seja prescrito de acordo com seu padrão de pisada é essencial. E para isso, busque ajuda de um profissional, seja ele: Médico, Fisioterapeuta ou Educador Físico, com conhecimento para analisar sua pisada, seu padrão de corrida, e além disso saber se é necessário realizar o fortalecimento prévio a corrida, afim de reduzir a sobrecarga na tibia.

Outra maneira de realizar esta avaliação é por meio do exame biocinético, que através de sensores e câmeras conseguirá identificar com precisão o padrão de corrida e as falhas dinâmicas e estruturais que podem ser melhoradas. Desta maneira, além de tratar o sintomas, estará prevenindo a
recidiva da inflamação.

 

Marco Demange

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Dr. Marco Demange é ortopedista, professor Associado do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo com mestrado, doutorado e livre-docência pela FMUSP. Pós-doutorado na Harvard Medical School (Boston – EUA) e no Hospital for Special Surgery - Weil Cornell Medical College (Nova Iorque – EUA). No instagram: @dr.marco.demange