Cadeirante campeão busca mais um título na São Silvestre

Redação Webrun | Corridas de Rua · 30 dez, 2006

O atual campeão da São Silvestre na categoria cadeirantes, o argentino Carlos Alberto Rodriguez, diz que gosta muito de participar da prova pelo brilho da competição e pela quantidade de pessoas que aparecem nas ruas para incentivar os competidores. “Adoro essa prova, faço muito sacrifício para estar aqui, mas é muito boa”, comenta.

Ele diz também que a cada ano o nível aumenta e para isso a preparação tem que ser muito boa. “Faço musculação, treinos de ladeira, trabalhos aeróbicos e anaeróbicos, num total de 200 a 250 quilômetros por semana”, explica o experiente competidor. Assim como os andantes, ele diz que a subida da Brigadeiro é a parte mais complicada do trajeto, mas o incentivo das pessoas ajuda a superar o desafio.

Ele já venceu a São Silvestre em 1991; 1992; 1993; 1995; 1998 e 2005. “Eu corria na época que era de noite e que os cadeirantes nem tinham categoria”, lembra. Além dos títulos, a prova traz ótimas recordações para ele, pois foi lá que ele conheceu sua esposa, com quem tem duas filhas.

Reconhecimento – Já sobre o fato de a São Silvestre, assim como outras provas no Brasil, não prestarem um reconhecimento devido aos deficientes, ele comenta que já cansou de brigar pelos “direitos iguais”, como batedores; número 01 para o campeão, entre outras coisas. “Muitas vezes fiquei chateado, mas depois de um tempo resolvi não brigar mais, pois direitos são direitos e porque também não sou brasileiro”, desabafa. “Algum dia vai aparecer alguém que vai reconhecer, mas isso tem que ser trabalhado com as crianças desde cedo nas escolas”, completa.

Ao contrário do que pensam alguns competidores, ele não se sente descriminado com esse problema que assola o país. “Não é descriminação, é apenas falta de reconhecimento”, finaliza.

A 82ª edição da prova também terá a participação de dois atletas que prometem vir com força total para desbancar Carlos. Trata-se de Jaciel Paulino, terceiro colocado na prova do ano passado e atual vice-campeão da Volta da Pampulha e da Meia Maratona do Rio e de Carlos Neves, medalha de bronze na Meia de Praia Grande. Ambos representam a equipe Fast Wheels.

Como parte da preparação, Paulino treina seis quilômetros diários e, além da são Silvestre, visa os jogos Paraolímpicos do ano que vem. “Psicologicamente, as dificuldades encontradas por todos aqueles que possuem alguma deficiência física servem de incentivo para buscar a superação”, conta o atleta. Apesar do alto nível técnico ele acredita que o terceiro lugar da estréia ano passado, certamente pode ser melhorado.

Já Neves possui uma carreira curta no atletismo, três meses, mas a falta de experiência não será um empecilho para que ele obtenha um bom resultado na competição. Isso porque ele já conquistou alguns resultados expressivos, como de ouro nos 800m da quarta etapa do Circuito Paraolimpico de Uberlândia e a prata nos 1500m e 5000m.

Este texto foi escrito por: Alexandre Koda

Redação Webrun

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