Brasileira busca Top 3 em ultramaratona mais difícil do mundo

Fernanda Maciel já se destacou na prova 4 vezes e este ano tenta o lugar mais alto do pódio

Redação Webrun | Ultra Maratona · 31 ago, 2018

Referência em ultramaratonas de montanha, Fernanda Maciel encara a partir desta sexta-feira (31), a Ultra Trail du Mont Blanc. Considerada a prova mais difícil do mundo da modalidade, ela reúne mais de 10 mil corredores, de 100 nacionalidades, e os desafia a completar o circuito de 171 km passando por três países: França, Itália e Suíça. Com montanhas altíssimas, a prova exige muita concentração e preparação técnica.

Fernanda é a única latino-americana a já ter conquistado pódio na competição por quatro vezes e espera, em 2018, trazer o título para o Brasil.

Foto: Red Bull

Foto: Red Bull

 

“Eu não posso olhar para cima. É assustador”. É assim que a ultramaratonista Fernanda Maciel define as montanhas que irá encarar a partir desta sexta-feira (31), na Ultra Trail du Mont Blanc (UTMB). Serão 171km de distância e 20.000m de desnível acumulados atravessando três países: França, Itália e Suíça. A atleta é a única brasileira e sul-americana a conquistar o pódio por quatro vezes. A meta de 2018? Estar entre as três melhores e conseguir o máximo de pontos visando ao circuito mundial.

Aos 38 anos, a mineira é uma referência no mundo em corridas de longas distâncias. Ela já bateu recordes no Aconcágua e no Kilimanjaro, e conseguiu por duas vezes o pódio na Marathon des Sables, uma prova extenuante de 250 km no deserto do Saara. Mesmo com todo esse currículo, a atleta ressalta o fato de a UTMB ser uma das piores provas que irá encarar.

“Essa é uma corrida muito técnica, muito difícil, e que cada segundo conta. Não existe parar. Eu conto os mililitros de água que bebo. Para se ter uma ideia, eu paro uma vez em toda a corrida para ir ao banheiro. Como o nível dos competidores é muito alto, um minuto influencia muito. Por exemplo: 15 minutos podem significar quatro posições que perdemos no ranking. Então, mesmo com toda a estrutura que se tem para comer e dormir, nós da elite não podemos nos dar ao luxo de descansar um pouco. A pressão é enorme e precisamos ter 100% de foco em nosso objetivo”, explica Fernanda.

Para a corredora, ir bem no UTMB é essencial para se manter entre as primeiras colocações do ranking mundial. Essa é uma prova com uma alta pontuação e, justamente por esse fato, foi escolhida por Fernanda. “Eu tenho uma predisposição física boa para provas com distâncias acima dos 100 km e que duram mais de 24 horas. Já tenho experiência nessas provas longas, e isso me ajuda a ter uma vantagem com relação às outras corredoras. Como essa corrida tem uma pontuação alta, conseguir uma boa colocação nela me dá grandes chances de terminar o ano no top 3 do ranking mundial”, reforça.

Para conquistar seu objetivo, além de muito treino e preparação – faz dois meses que ela já está na região, treinando mais de oito horas por dia – Maciel espera contar com a ajuda do clima. Em 2017, o forte frio e a nevasca à noite prejudicaram sua visão, ocasionando um fenômeno conhecido como snowblind. Isso fez com que a atleta tivesse que sair da prova para que seu problema não se agravasse.

“Eu venho acompanhando a previsão do tempo e, para esse ano, acho que será melhor. A prova começará às 18h, na sexta-feira. O pior trecho é esse, que é pela noite. Mas como estamos começando, ainda temos muito gás. Neste ano, parece que o tempo não está tão frio. No sábado, devem acontecer alguns chuviscos e a temperatura ficará em torno de 8 graus. O topo das montanhas é o que mais preocupa, porque por lá pode estar nevando em alguns trechos”, explica.

Entre as principais atletas que brigam pelo pódio e uma boa colocação no ranking mundial estão Magda Boulet (USA) e Mimmi Kotka (SUE). Para conseguir superá-las, Fernanda espera completar a prova entre 26 e 27 horas. Como parâmetro, um corredor “amador” costuma completar a prova em mais de 40 horas.

O circuito da prova será o seguinte: os atletas largam da cidade de Chamonix (França) no dia 31, cruzam maciços e montanhas francesas até Courmayer (Itália). De lá, encaram o relevo íngrime da Itália e da Suiça, passando por Champex Lac (Suíça), e rumam pelos alpes francesas para terminar a prova em Chamonix. A prova finaliza no dia 2 de setembro.

Foto: Red Bull

Foto: Red Bull

Sobre Fernanda Maciel: brasileira, nascida em Belo Horizonte, hoje mora nas montanhas dos Pirineus espanhóis.  Com apenas oito anos de idade, começou a competir e viajar o mundo através da Ginástica Olímpica. Dois anos mais tarde, estava treinando nos EUA. Fez capoeira, Jiu-jitsu e corrida de rua. Aos 23 anos, começou a participar de expedições internacionais de Corridas de Aventura e até hoje segue seu objetivo de correr pelo mundo. Em 2014, conseguiu seu principal título da carreira, e foi vice-campeã mundial de Ultra Trail. Em 2016, ela se tornou a primeira mulher do mundo a subir e descer o Monte Aconcágua, que tem 6.952 metros de altura, em menos de 24 horas. Ela completou o trajeto em exatas 22 horas e 52 minutos. Em 2017, a atleta conquistou o terceiro lugar no Marathon des Sables, uma ultramaratona no deserto do Saara. Neste mesmo ano, bateu dois recordes mundiais ao subir e descer correndo a montanha mais alta da África, o Monte Kilimanjaro, a 5.895m de altura.

Em sua vida profissional, Fernanda trabalhou como advogada ambiental e também como educadora e instrutora de meio ambiente e potencial humano pela ONG Internacional Outward Bound.  Hoje, além de correr divide suas atenções com uma empresa de importação de produtos esportivos.

Redação Webrun

Ver todos os posts

Releases, matérias elaboradas em equipe e inspirações coletivas na produção de conteúdo!