Ana e Michael: prova que o esporte pode recuperar as pessoas (foto: Alexandre Koda/ www.webrun.com.br )
A corredora Ana Luiza dos Anjos Garcez, mais conhecida como Animal, é figura carimbada das competições brasileiras. Com seus cortes de cabelo extravagantes e seu jeito irreverente, ela é a prova que o esporte pode sim recuperar as pessoas do submundo das drogas e violência. Ex-moradora de rua, Animal hoje vive do esporte e inspira até outros jovens. Um exemplo é o garoto Michael, de 16 anos, que deixou as drogas após ouvir na televisão a história de Animal.
Eu aprontava muito na rua e usava drogas, conta o corredor mirim. Eu jurava para a minha mãe que não usava nada, mas um dia fiz exame de sangue e ela descobriu, completa. Há cerca de um ano, porém, ao assistir uma entrevista com a Animal na TV, ele ficou interessado pela história da atleta e resolveu procurá-la.
O Michael veio até mim falando que queria correr e hoje eu passo alguns treinos para ele, conta a aspirante a treinadora. Ele já apanhou muito, tem as pernas todas marcadas de ferro. É um orgulho muito grande poder ajudar uma pessoa, revela Animal.
A atleta orienta o jovem corredor no mesmo local onde ela mora, o Complexo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera. Eu passo, por exemplo, treinos com 12 tiros de 400m com pausa de um minuto a cada quatro séries. E ele tem feito tempos bons nesse tipo de treino, às vezes abaixo de 1min20seg. Além disso, a dupla conta com uma ajuda extra, já que todos os treinos são supervisionados pelo técnico Wanderlei de Oliveira, responsável pelos treinamentos de Ana.
A treinadora orgulhosa já até vislumbra bons resultados no futuro do garoto, Michael ainda não pode competir nas provas de rua por ser menor de idade. Ele é forte, vai se sair bem”.
Emoção na corrida – No último domingo (09) Ana se emocionou ao correr os nove quilômetros da prova Centro Histórico da Corpore, que passou por regiões em que frequentava quando morava na rua. Ela costumava dormir na região do Vale do Anhangabaú, local onde foi montada a estrutura da prova. Eu gosto de correr aqui, pois foi onde morei durante 20 anos. Eu roubava, cheirava e traficava nessa região, lembra Ana.
Como vive do esporte, Ana sempre procura participar de competições com premiação em dinheiro. No mesmo dia, por exemplo, também aconteceu em São Paulo a Corrida Contra o Câncer de Mama, que oferecia prêmio em dinheiro para as melhores colocadas. Mas dessa vez, Ana preferiu correr o Centro Histórico por toda lembrança que a região proporciona.
E mesmo muito tempo afastada das ruas, ela se surpreendeu com o que viu no centro de São Paulo. Ainda tem algumas pessoas que eu conheço que estão por aqui, finaliza.
Este texto foi escrito por: Alexandre Koda