Maratona · 04 nov, 2008
Com a morte de um atleta no hospital após sentir-se mal durante a Maratona do Rio, o tema das mortes súbitas volta ser discutido. Relembre um artigo do Dr. Nabil Ghorayeb escrito em 2008, referente à morte de um brasileiro na Maratona de Nova York.
Mais um atleta morreu depois de completar uma maratona. Dessa vez foi um brasileiro de 58 anos que correu a Maratona de Nova York no último domingo (2). Para saber a causa da morte do atleta será importante averiguar como esse brasileiro foi avaliado antes da maratona. Segundo o laudo médico, ele morreu por causa de uma parada cardíaca, mas de acordo com a empresa que ele trabalhava, todos os seus exames clínicos pré-prova estavam OK.
Vale lembrar que a possibilidade de uma não detecção de doenças cardíacas de risco em exames feitos com um cardiologista experiente em esporte é de 2%. Já o não especialista acaba tendo mais dificuldades. Esse fato pode ocorrer quando:
Por causa desses itens relatados aqui, não devemos tapar o sol com a peneira, vamos ter mais problemas sem dúvida. Os exageros e falsas garantias de sucesso são parte do dia a dia do modismo das corridas (muitas sem responsabilidade pelo Brasil afora). Boas empresas de consultoria física nós temos, os clientes chegam aos montes, então o que fazer?
Afinal ninguém sabe de tudo e nem é anjo!
Atletismo · 09 out, 2007
Recorrente e fenômeno de mídia globalizada, as mortes de jovens aparentemente saudáveis durante atividades esportivas profissionais ou mesmo amadoras de lazer são um triste paradoxo. A pergunta por que aconteceu? se estende a eventos científicos diversos, onde tenta-se explicar o surpreendente episódio. Detalhada metanálise foi publicada pelo Comitê Olímpico Internacional, com sede em Lausanne, Suíça, e seus dados indicaram que de 1966 a 2004 foram relatadas 1.101 mortes súbitas de jovens atletas com menos de 35 anos, numa média de 29 por ano. Essas mortes relatadas foram mais freqüentes no futebol e basquete.
A incidência de cardiopatias benignas ou de potencial maligno, catalogados em mais de 30 anos de avaliações de atletas de variadas modalidades esportivas, desde adolescentes a veteranos idosos no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, nos mostra um retrato que poderia explicar os eventos fatais no esporte. As anormalidades encontradas nas crianças e adolescentes variaram de 17,7% a 21 %, e em atletas em atividade, amadores e profissionais até 35 anos foi de 8,2 % . Seguramente, a avaliação médica de pré-participação deve ser obrigatória, sendo um competente marcador de risco dos possíveis problemas cardiovasculares na prática físico/ esportiva. Entretanto, esse exame não é um certificado de segurança total e a decisão do afastamento de atletas, seja temporária ou definitiva, tem que ser colegiada.
Adicionalmente, as situações que podemos chamar de confusões ou exageros ético-científicos, como as adaptações fisiológicas extremas consideradas em princípio cardiopatias, levam a traumas psicológicos e sociais de penosa reversão, ou o fato inverso de cardiopatias confundidas com adaptações. A conduta deve ser individualizada e não devemos poupar exames, enquanto não tivermos certeza do diagnóstico.
Discussões e polêmicas a respeito de liberação ou não para a prática de esporte profissional não irão deixar de existir. A proteção do paciente-atleta e respeito ao profissional médico são os pilares dessa área de trabalho, como em qualquer outra área da medicina. Por isso toda e qualquer decisão polêmica deve ter o respaldo de uma junta médica experiente.
A avaliação clínica detalhada e rotineira de pré-participação para atletas é a única maneira de minimizar o risco da morte súbita, que continuará a ocorrer sem dúvida, entretanto, em muito menor quantidade. Como pela fisiopatologia e epidemiologia, a morte súbita no esporte tem na cardiopatia a sua principal causa (90%) e seu evento mais freqüente (85%) a fibrilação ventricular, é obrigatório termos equipes treinadas no suporte básico da vida, além de desfibriladores semi-automáticos em TODOS os eventos esportivos. Estas são as condições imprescindíveis e mínimas para permitir um gerenciamento ético do risco da morte súbita em atletas.
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