morte súbita

Como evitar a morte súbita no esporte?

Com a morte de um atleta no hospital após sentir-se mal durante a Maratona do Rio, o tema das mortes súbitas volta ser discutido. Relembre um artigo do Dr. Nabil Ghorayeb escrito em 2008, referente à morte de um brasileiro na Maratona de Nova York.

Mais um atleta morreu depois de completar uma maratona. Dessa vez foi um brasileiro de 58 anos que correu a Maratona de Nova York no último domingo (2). Para saber a causa da morte do atleta será importante averiguar como esse brasileiro foi avaliado antes da maratona. Segundo o laudo médico, ele morreu por causa de uma parada cardíaca, mas de acordo com a empresa que ele trabalhava, todos os seus exames clínicos pré-prova estavam OK.

Vale lembrar que a possibilidade de uma não detecção de doenças cardíacas de risco em exames feitos com um cardiologista experiente em esporte é de 2%. Já o não especialista acaba tendo mais dificuldades. Esse fato pode ocorrer quando:

  • O médico não cardiologista não possui conhecimento em detectar alterações, mesmo discretas, nos exames de pré-participação;

  • O atleta não presta atenção no próprio corpo. Um significativo percentual de atletas, que tiveram morte súbita, apresentaram sintomas premonitórios não valorizados até 10 dias antes da prova (estudo da American Heart Association de 2000) . O brasileiro que faleceu, sentiu-se mal durante a maratona, avisou um colega, mas continuou a correr e aí teve a parada cardíaca. Sempre avisamos que qualquer mal estar no esforço, deve ser valorizado e comunicado ao médico;

  • O atleta com mais de 40 anos deve saber que Correr Maratona não é como passear no Shopping. Ele precisa de preparação física e técnica orientada, avaliação médica especializada em cardiologia do esporte, ao menos seis a nove meses antes;

  • Na verdade é impossível falar que existe o risco zero ao praticar algum esporte. Sendo assim qualquer evento médico deveria ser esmiuçado aos mínimos detalhes, para que possamos prevenir o atleta ao máximo, com as limitações razoáveis do ser humano.

    Por causa desses itens relatados aqui, não devemos tapar o sol com a peneira, vamos ter mais problemas sem dúvida. Os exageros e falsas garantias de sucesso são parte do dia a dia do modismo das corridas (muitas sem responsabilidade pelo Brasil afora). Boas empresas de consultoria física nós temos, os clientes chegam aos montes, então o que fazer?

  • Não podemos facilitar os pré-requisitos de avaliações pré-participação que devem ser sempre completas;

  • Não desvalorizar pequenas alterações que encontramos, e nesse caso não deixar de solicitar segunda opinião ou junta médica, com humildade e responsabilidade visando o bem estar do nosso cliente.

    Afinal ninguém sabe de tudo e nem é anjo!


  • Como evitar a morte súbita no esporte?

    Maratona · 04 nov, 2008

    Com a morte de um atleta no hospital após sentir-se mal durante a Maratona do Rio, o tema das mortes súbitas volta ser discutido. Relembre um artigo do Dr. Nabil Ghorayeb escrito em 2008, referente à morte de um brasileiro na Maratona de Nova York.

    Mais um atleta morreu depois de completar uma maratona. Dessa vez foi um brasileiro de 58 anos que correu a Maratona de Nova York no último domingo (2). Para saber a causa da morte do atleta será importante averiguar como esse brasileiro foi avaliado antes da maratona. Segundo o laudo médico, ele morreu por causa de uma parada cardíaca, mas de acordo com a empresa que ele trabalhava, todos os seus exames clínicos pré-prova estavam OK.

    Vale lembrar que a possibilidade de uma não detecção de doenças cardíacas de risco em exames feitos com um cardiologista experiente em esporte é de 2%. Já o não especialista acaba tendo mais dificuldades. Esse fato pode ocorrer quando:

  • O médico não cardiologista não possui conhecimento em detectar alterações, mesmo discretas, nos exames de pré-participação;

  • O atleta não presta atenção no próprio corpo. Um significativo percentual de atletas, que tiveram morte súbita, apresentaram sintomas premonitórios não valorizados até 10 dias antes da prova (estudo da American Heart Association de 2000) . O brasileiro que faleceu, sentiu-se mal durante a maratona, avisou um colega, mas continuou a correr e aí teve a parada cardíaca. Sempre avisamos que qualquer mal estar no esforço, deve ser valorizado e comunicado ao médico;

  • O atleta com mais de 40 anos deve saber que Correr Maratona não é como passear no Shopping. Ele precisa de preparação física e técnica orientada, avaliação médica especializada em cardiologia do esporte, ao menos seis a nove meses antes;

  • Na verdade é impossível falar que existe o risco zero ao praticar algum esporte. Sendo assim qualquer evento médico deveria ser esmiuçado aos mínimos detalhes, para que possamos prevenir o atleta ao máximo, com as limitações razoáveis do ser humano.

    Por causa desses itens relatados aqui, não devemos tapar o sol com a peneira, vamos ter mais problemas sem dúvida. Os exageros e falsas garantias de sucesso são parte do dia a dia do modismo das corridas (muitas sem responsabilidade pelo Brasil afora). Boas empresas de consultoria física nós temos, os clientes chegam aos montes, então o que fazer?

  • Não podemos facilitar os pré-requisitos de avaliações pré-participação que devem ser sempre completas;

  • Não desvalorizar pequenas alterações que encontramos, e nesse caso não deixar de solicitar segunda opinião ou junta médica, com humildade e responsabilidade visando o bem estar do nosso cliente.

    Afinal ninguém sabe de tudo e nem é anjo!

  • Morte súbita de atletas: fato novo?

    Recorrente e fenômeno de mídia globalizada, as mortes de jovens aparentemente saudáveis durante atividades esportivas profissionais ou mesmo amadoras de lazer são um triste paradoxo. A pergunta “por que aconteceu?” se estende a eventos científicos diversos, onde tenta-se explicar o surpreendente episódio. Detalhada metanálise foi publicada pelo Comitê Olímpico Internacional, com sede em Lausanne, Suíça, e seus dados indicaram que de 1966 a 2004 foram relatadas 1.101 mortes súbitas de jovens atletas com menos de 35 anos, numa média de 29 por ano. Essas mortes relatadas foram mais freqüentes no futebol e basquete.

    A incidência de cardiopatias benignas ou de potencial maligno, catalogados em mais de 30 anos de avaliações de atletas de variadas modalidades esportivas, desde adolescentes a veteranos idosos no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, nos mostra um retrato que poderia explicar os eventos fatais no esporte. As anormalidades encontradas nas crianças e adolescentes variaram de 17,7% a 21 %, e em atletas em atividade, amadores e profissionais até 35 anos foi de 8,2 % . Seguramente, a avaliação médica de pré-participação deve ser obrigatória, sendo um competente “marcador de risco” dos possíveis problemas cardiovasculares na prática físico/ esportiva. Entretanto, esse exame não é um certificado de segurança total e a decisão do afastamento de atletas, seja temporária ou definitiva, tem que ser colegiada.

    Adicionalmente, as situações que podemos chamar de confusões ou exageros ético-científicos, como as adaptações fisiológicas extremas consideradas em princípio cardiopatias, levam a traumas psicológicos e sociais de penosa reversão, ou o fato inverso de cardiopatias confundidas com adaptações. A conduta deve ser individualizada e não devemos poupar exames, enquanto não tivermos certeza do diagnóstico.

    Discussões e polêmicas a respeito de liberação ou não para a prática de esporte profissional não irão deixar de existir. A proteção do paciente-atleta e respeito ao profissional médico são os pilares dessa área de trabalho, como em qualquer outra área da medicina. Por isso toda e qualquer decisão polêmica deve ter o respaldo de uma junta médica experiente.

    A avaliação clínica detalhada e rotineira de pré-participação para atletas é a única maneira de minimizar o risco da morte súbita, que continuará a ocorrer sem dúvida, entretanto, em muito menor quantidade. Como pela fisiopatologia e epidemiologia, a morte súbita no esporte tem na cardiopatia a sua principal causa (90%) e seu evento mais freqüente (85%) a fibrilação ventricular, é obrigatório termos equipes treinadas no suporte básico da vida, além de desfibriladores semi-automáticos em TODOS os eventos esportivos. Estas são as condições imprescindíveis e mínimas para permitir um gerenciamento ético do risco da morte súbita em atletas.


    Morte súbita de atletas: fato novo?

    Atletismo · 09 out, 2007

    Recorrente e fenômeno de mídia globalizada, as mortes de jovens aparentemente saudáveis durante atividades esportivas profissionais ou mesmo amadoras de lazer são um triste paradoxo. A pergunta “por que aconteceu?” se estende a eventos científicos diversos, onde tenta-se explicar o surpreendente episódio. Detalhada metanálise foi publicada pelo Comitê Olímpico Internacional, com sede em Lausanne, Suíça, e seus dados indicaram que de 1966 a 2004 foram relatadas 1.101 mortes súbitas de jovens atletas com menos de 35 anos, numa média de 29 por ano. Essas mortes relatadas foram mais freqüentes no futebol e basquete.

    A incidência de cardiopatias benignas ou de potencial maligno, catalogados em mais de 30 anos de avaliações de atletas de variadas modalidades esportivas, desde adolescentes a veteranos idosos no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, nos mostra um retrato que poderia explicar os eventos fatais no esporte. As anormalidades encontradas nas crianças e adolescentes variaram de 17,7% a 21 %, e em atletas em atividade, amadores e profissionais até 35 anos foi de 8,2 % . Seguramente, a avaliação médica de pré-participação deve ser obrigatória, sendo um competente “marcador de risco” dos possíveis problemas cardiovasculares na prática físico/ esportiva. Entretanto, esse exame não é um certificado de segurança total e a decisão do afastamento de atletas, seja temporária ou definitiva, tem que ser colegiada.

    Adicionalmente, as situações que podemos chamar de confusões ou exageros ético-científicos, como as adaptações fisiológicas extremas consideradas em princípio cardiopatias, levam a traumas psicológicos e sociais de penosa reversão, ou o fato inverso de cardiopatias confundidas com adaptações. A conduta deve ser individualizada e não devemos poupar exames, enquanto não tivermos certeza do diagnóstico.

    Discussões e polêmicas a respeito de liberação ou não para a prática de esporte profissional não irão deixar de existir. A proteção do paciente-atleta e respeito ao profissional médico são os pilares dessa área de trabalho, como em qualquer outra área da medicina. Por isso toda e qualquer decisão polêmica deve ter o respaldo de uma junta médica experiente.

    A avaliação clínica detalhada e rotineira de pré-participação para atletas é a única maneira de minimizar o risco da morte súbita, que continuará a ocorrer sem dúvida, entretanto, em muito menor quantidade. Como pela fisiopatologia e epidemiologia, a morte súbita no esporte tem na cardiopatia a sua principal causa (90%) e seu evento mais freqüente (85%) a fibrilação ventricular, é obrigatório termos equipes treinadas no suporte básico da vida, além de desfibriladores semi-automáticos em TODOS os eventos esportivos. Estas são as condições imprescindíveis e mínimas para permitir um gerenciamento ético do risco da morte súbita em atletas.