Solonei reconhece contribuição da coleta de lixo em seu sucesso

Redação Webrun | Atletismo · 09 nov, 2011

Solonei deve correr maratona ainda em 2011 (foto: Paulo Gomes /www.webrun.com.br)
Solonei deve correr maratona ainda em 2011 (foto: Paulo Gomes /www.webrun.com.br)

O fundista Solonei Silva encerrou a disputa dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara ao vencer a Maratona (30/10) em 2h16min37. No dia primeiro de novembro, quando chegou ao Brasil, foi homenageado com outros medalhistas brasileiros do Pan na loja conceito de sua patrocinadora, Asics, e falou sobre a prova, a intenção de competir nos Jogos Olímpicos e seu passado como coletor de lixo no interior de São Paulo.

Maratona Pan-Americana – “Estávamos há muito tempo treinando tendo em vista o pódio”, conta Solonei, referindo-se ao planejamento realizado com seu técnico, Clodoaldo do Carmo. “Tínhamos certeza que conseguiríamos uma medalha, só não sabíamos qual”, revela.

Segundo o maratonista, a prova disputada na altitude mexicana de 1.500 metros foi “tática” e exigiu comunicação com o treinador durante o percurso. “Tivemos que mudar a estratégia inicial, mas ele me dá sempre uma contrapartida muito boa, me orientou a continuar o que estava fazendo e deu tudo certo”, celebra o corredor.

Jogos Olímpicos de Londres 2012 – Para conseguir a vaga em Londres, Solonei precisa correr uma maratona abaixo de 2h15min (índice A, que qualifica até três atletas por país). O tempo em Guadalajara foi abaixo do índice B, 2h18min, mas tal marca classifica apenas um maratonista por país, o que é uma escolha arriscada.

“Não corremos preocupados com o índice e sim com a medalha. Farei exames para avaliar a recuperação do meu corpo e, se tiver aval positivo, ainda neste ano ou no início de janeiro devo correr outra maratona”, conta Solonei.

Atleta do Clube Pinheiros, em São Paulo, o fundista demonstra confiança. “A decisão fica a critério do Clodoado, mas creio que se correr uma maratona com percurso plano, no nível do mar e com a temperatura entre dez e 17 °C, já tenho 40% de chances de conseguir a vaga”, afirma.

Caso não consiga de primeira, o fundista deve correr novamente em abril para obter a classificação. “Minha vitória vai ser estar em Londres e poder dizer que eu sou um atleta olímpico”, reconhece.

“Hoje, dentro da minha realidade é muito difícil projetar uma medalha em Londres”, afirma o maratonista. “Mas ser um atleta olímpico é uma grande façanha”, diz.

Passado como coletor de lixo – Antes de se tornar um atleta de alto rendimento, Solonei foi coletor de lixo em Penápolis, interior de São Paulo. O assunto é recorrente em suas entrevistas e o corredor não demonstra constrangimento em falar sobre o tema.

Perguntado se a antiga profissão influenciou no seu preparo físico já que trabalhava correndo pelas ruas de Penápolis o fundista responde positivamente. “Foi o que proporcionou a resistência que tenho hoje”, concorda.

“Posso não ter feito a melhor preparação de força por causa da postura em que eu trabalhava, mas sem dúvida nenhuma isso deu grande base para eu correr o que estou correndo”, afirma. Solonei estreou em maratonas apenas em 2010, quando venceu a Maratona de Porto Alegre em 2h15min45.

“Tinha curiosidade de saber o quanto isso foi crucial no meu desempenho, principalmente porque em minha primeira prova fiz um tempo difícil de os brasileiros fazerem aqui no País hoje em dia”, analisa. Depois de conversas com seu treinador, ambos concluiram que o tempo em que atuou na coleta de lixo é responsável por 90% do sucesso atual do atleta.

Solonei demonstra gratidão e naturalidade ao falar da antiga função. “Tenho muito a agradecer ao serviço que eu fazia e não tenho problema nenhum em falar que coletava lixo, tenho muito orgulho disso”, encerra.

Este texto foi escrito por: Paulo Gomes

Redação Webrun

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