Alison dos Santos, medalhista de bronze (Foto: Wagner Carmo/ CBAt)
O paulista Alison dos Santos, de apenas 21 anos, realizou um sonho e alcançou um objetivo muito importante da sua curta carreira nesta terça-feira (3/8): recebeu a medalha de bronze dos 400 m com barreiras dos Jogos de Tóquio no Estádio Olímpico do Japão. Piu, como conhecido, foi um dos protagonistas da prova mais rápida da história, realizada na madrugada desta mesma terça-feira no horário de Brasília.
Alison completou a prova com o tempo de 46.72, novo recorde sul-americano. Ele ficou atrás apenas do norueguês Karsten Warholm, um verdadeiro fenômeno, que quebrou pela segunda vez o recorde mundial este ano, com 45.94, e pelo norte-americano Rai Benjamin, novo recordista norte-americano, com 46.17. Para ter noção do alto nível da prova, os três atletas registraram os três melhores tempos da história e bateram o recorde olímpico, que pertencia ao norte-americano Kevin Young, com 46.78, desde os Jogos de Barcelona-1992.
Com a medalha no pescoço, Alison contou como foi o dia após o terceiro lugar na Olimpíada. “Fui para o doping, a coletiva de imprensa, para a Vila, almocei, tomei banho, cheguei aqui e ainda não parei, o celular não para, tocando o tempo todo. É muito bom porque as pessoas estão reconhecendo. Estou contente”, disse bem-humorado, como sempre. “Tenho a sensação que vivi um momento especial, que fizemos história aqui. A barreira dos 46 segundos foi quebrada, três atletas quebraram o recorde olímpico na mesma prova, nunca teve uma prova tão forte assim. Fico muito feliz por ajudar a prova a ser cada vez mais forte.”
Worholm e Alison e o assombro com os tempos no telão (Foto: Wagner Carmo/ CBAt)
O paulista de São Joaquim da Barra admitiu ter ficado surpreso com a sua atuação. “Eu me surpreendi com o 46.72. Eu não tinha pensado neste tempo. Estava pensando numa marca mais alta, de 46.93. Queria correr na casa dos 46 segundos porque conforme a temporada foi passando a gente viu que era possível”, comentou.
Uma das características de Alison é a tranquilidade. “Quanto mais leve você está, mais rápido você corre. Eu tento levar isso para a vida. Levar com leveza a competição, não deixar me abalar, não deixo cair como um fardo nas minhas costas porque se eu levar como pressão, provavelmente não vou conseguir um resultado bom e vou acabar me frustrando”, avaliou. “Eu tenho pessoas comigo que investem o seu tempo, que trabalham comigo, tenho de dar o meu melhor na pista.”
O segundo atleta mais jovem da equipe masculina brasileira de atletismo – o mais novo é Lucas Vilar, dos 200 m, com 20 anos -, ele comemora fazer parte de um grupo muito forte. “Não tem nenhum atleta com mais de 27 anos nos 400 m com barreiras e essa prova ainda vai dar muito o que falar. Por eu ser jovem e estar conseguindo fazer o que estou fazendo me dá confiança para os próximos Mundiais, Olimpíadas, temporadas”, prosseguiu Alison, que agradeceu a todos que estavam com ele neste momento. “Essa medalha é nossa.”
O treinador Felipe de Siqueira, responsável pela preparação do atleta desde 2018, fala sobre o futuro imediato do barreirista. “O Alison vai ter uma semana para voltar ao Brasil, para São Joaquim da Barra, vai ter uma semana para ele. Depois a gente retoma os treinos porque temos alguns compromissos e competições na Europa em setembro”, disse Felipe.
Rai Benjamin, Warholm e Alison: três melhores marcas olímpica (Foto: Wagner Carmo/ CBAt)
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O treinador já pensa no Mundial de Atletismo de Oregon, em 2022, nos Jogos Pan-Americanos em 2023 e em 2024 na Olimpíada de Paris. “Só uma palavra descreve o que aconteceu aqui em Tóquio: surreal. A prova dos 400 m com barreiras foi surreal. Foi para abrilhantar um bronze que tem sabor de ouro. É continuar trabalhando duro, ele é novo, vamos buscar um ouro nos próximos Jogos.”
Alison sabe que mudou o seu patamar no mundo. “Agora sou medalhista olímpico, inicia outra etapa na nossa vida, vou ser visto de uma maneira diferente, inspirar mais pessoas a saber que também podem chegar aqui. Fico muito feliz.”
Para o presidente do Conselho de Administração da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Wlamir Motta Campos, destaca o comportamento de Alison. “Acho que o mais importante é o seu exemplo. Certamente, nasce um ídolo dentro e fora das pistas, uma referência e inspiração para todas as crianças e jovens do nosso País. A maturidade do Alison mostra a importância do ídolo, mostra serenidade e generosidade ao reconhecer e compartilhar esse feito histórico com todos. É de uma grandeza absurda!”, observou Wlamir, que recebeu lelefonemas do presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira, do ministro da Cidadania João Roma e do secretário Especial do Esporte Marcelo Magalhães. “A repercussão é proporcional ao feito, realmente nasce um ídolo, não apenas do atletismo, mas do esporte nacional.”
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