Adriana foi paciente até garantir a arrancada final (foto: Jefferson Bernardes/VIPcomm)
A brasileira Adriana Aparecida de Souza foi mais uma medalhista de ouro nos Jogos Pan Americanos de Guadalajara. Com o tempo de 2h36min37 após uma arrancada nos quilômetros finais, ela conta que na semana anterior à prova estava muito apreensiva, mas que no momento da largada se concentrou ao máximo para espantar qualquer resquício de ansiedade.
Preparação – A preparação para a maratona mexicana começou com um treino de 34 dias na Colômbia, depois ela retornou a São Paulo onde ficou por 15 dias antes de seguir para o México, a 1.900m de altitude. Foi um bom período para nos aclimatarmos ao calor e a altitude. O ar estava muito seco, então foi difícil no início dos treinamentos, conta Adriana.
No início os treinos eram mais longos, mas com a proximidade da prova eles diminuíram, o que aumentou a expectativa e a adrenalina nos atletas, segundo a fundista. Apesar de estar muito ansiosa antes, no dia foi curioso que eu consegui me focar somente na prova e o que eu deveria fazer, completa.
A corrida – Por conta do calor a estratégia dela foi se poupar e permanecer no bloco de trás, exatamente como orientado por seu treinado, Cláudio Castilho. Aos poucos fui crescendo, principalmente após a metade da prova, lembra.
Ela vinha em terceiro, logo atrás da peruana Gladys Tejeda, mas logo após a marca dos 21 quilômetros ultrapassou a sul americana e reservou um gran finale para a torcida brasileira. No 38º quilômetro Adriana passou pela mexicana Madai Perez, que tinha todo o apoio da torcida e talvez tenha se empolgado demais, e cruzou a linha de chegada para garantir o ouro e o recorde pan-americano.
Segundo o treinador, a peruana Gladys forçou no início e mostrou sinais de desgaste. Notamos que ela estava reduzindo ao longo da prova, que estava cansando e que se a Adriana mantivesse seu ritmo, iria passar. Tínhamos estudado a Madai (MEX) e notamos que ela não tem bons resultados correndo em casa.
Como prêmio pela vitória, além de duas semanas de folga dos treinamentos, ela ganhou uma pizza. Combinei com o Cláudio que se eu ganhasse a medalha iríamos comer pizza. Ele concordou, bati o recorde e fomos comemorar, salienta Adriana.
História – Natural de Cruzeiro, no interior paulista, Adriana Aparecida da Silva participou e venceu uma corrida aos 12 anos de idade, o que a fez despertar para o mundo do atletismo. Contente com o troféu conquistado ela logo ingressou numa equipe de corrida local, a Papa Léguas. Já são 18 anos de carreira respirando o atletismo, conta.
Adriana participava de provas com menor distância, mas ao ser descoberta por seu atual treinador, Cláudio Castilho, passou a se dedicar às longas distâncias. Quando ele me viu percebeu que eu tinha potencial e foi me aprimorando. Até que em 2009 venci a Maratona de Florianópolis, o que me garantiu vaga no Mundial de Berlim.
Ela começou a treinar com Cláudio Castilho no Clube Pinheiros, em São Paulo, em março de 2006, ocasião em que estava lesionada. Foram dois anos de muita paciência para voltar a treinar. O treinador e o clube tiveram muita paciência e estou grata por isso, lembra a corredora que também tem apoio da Asics.
Futuro – Passada a euforia do Pan, ela agora voltará gradativamente aos treinamentos até atingir a prova alvo, que é a Maratona de Tokyo, em fevereiro de 2012. Ainda terei outras provas pela frente, mas não definimos ainda, relata Adriana, que também buscará o índice olímpico.
De acordo com o treinador, Adriana tentará uma vaga na Maratona de Tóquio (26/02) ou na de Sevilha (16/02). Ela passará quatro semanas na altitude (Colômbia) para melhorar o rendimento. A meta é que ela passe a correr abaixo de 2h30, não apenas para conseguir a vaga, mas para melhorar esse tempo até a Olimpíada, finaliza Cláudio Castilho.
Este texto foi escrito por: Alexandre Koda