Se você já é um corredor ou está começando, provavelmente ouviu falar sobre a importância de revezar os tênis de corrida. A escolha e o uso adequado dos calçados influenciam diretamente no conforto, performance e na prevenção de lesões. No entanto, o desgaste do material ao longo do tempo pode comprometer essas funções.
Alternar entre diferentes pares não é apenas uma recomendação de marcas esportivas, mas uma estratégia que pode otimizar a vida útil do calçado e proporcionar uma experiência mais segura e confortável para o corredor.
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Mas afinal, que diferença faz?
Quando você alterna seus pares de tênis de treino, permite que o material da entressola, que é responsável pelo amortecimento, recupere sua forma e função após o uso. A entressola é feita, na maioria das vezes, de EVA, um material que necessita entre 24 e 48 horas para retornar às suas propriedades originais. Sem esse tempo de recuperação, o amortecimento pode se tornar insuficiente, aumentando o impacto sobre as articulações e, consequentemente, o risco de lesões.
De acordo com a médica ortopedista, Dra. Ana Paula Simões, o tipo de material do calçado muda quando você usa o mesmo tênis todos os dias, afetando a distribuição de carga. Quando o corpo é submetido ao estresse constante, alternar os tênis permite diferentes distribuições de carga e padrões de movimento, pois cada modelo possui características próprias.
“Essa variação reduz o estresse repetitivo nas estruturas musculoesqueléticas, diminuindo o risco de lesões por sobrecarga. Além disso, ao deixar um tênis “descansando”, ele recupera suas propriedades de amortecimento, protegendo as articulações e os tecidos. O rodízio tem dois principais benefícios: primeiro, permite que o corpo reaja e se adapte de diferentes formas ao impacto da corrida; segundo, dá tempo para que o próprio tênis recupere suas características originais, pois o material precisa “respirar” e retornar ao seu estado natural”, ressalta a ortopedista.
Como escolher diferentes tênis para o revezamento
A escolha dos tênis para revezamento depende de vários fatores, principalmente dos objetivos do corredor. Para iniciantes, dois aspectos fundamentais devem ser considerados: amortecimento e suporte.
- Amortecimento: essencial para proteger o corpo de impactos repetitivos e facilitar a adaptação a diferentes superfícies.
- Suporte: ajuda na estabilidade, especialmente para corredores que ainda não desenvolveram força muscular suficiente.
- Pisada: identificar se você tem uma pisada neutra, pronada (para dentro) ou supinada (para fora) pode influenciar na escolha do tênis ideal.
- Superfície de corrida: o tipo de terreno também é determinante. Para pistas, sapatilhas de corrida podem ser adequadas; para trilhas, tênis com cravos são recomendados; e para asfalto, modelos com bom amortecimento e solado antiderrapante são essenciais.
- Peso corporal: corredores com maior peso necessitam de tênis com amortecimento e suporte adicionais.
- Conforto: Independentemente da marca, o tênis deve ser confortável e deve ser do tamanho correto, para ficar bem ajustado ao pé.
O tênis possui vida útil?
Cada marca estipula um tempo de vida útil para seus modelos, e alguns tênis são projetados para durarem apenas um ciclo, um exemplo disso, são alguns modelos voltados para provas de longas distâncias, como maratonas e ultramaratonas. No geral, a durabilidade varia conforme a frequência de uso, tipo de terreno e características individuais do corredor. A média de substituição fica em torno de 500 km, podendo variar entre 300 e 800 km, dependendo do material pelo qual o modelo é composto.
Com o uso frequente, o amortecimento do tênis vai diminuindo, elevando o risco de lesões. Outros sinais de desgaste incluem perda de elasticidade, furos na parte de tecido, alterações na forma original e redução do conforto. Quando esses sinais aparecem, é recomendável aposentar o tênis para corridas e utilizá-lo para outras atividades, como caminhadas ou academia.
Vale ressaltar que a ideia de revezamento de tênis se baseia mais em estudos sobre os materiais utilizados nos calçados do que em evidências médicas. Até o momento, não existem estudos médicos significativos que comprovem que não revezar o tênis aumenta a incidência de lesões.
“Na literatura médica, não há comprovação de que seja necessário revezar os tênis. Essa recomendação vem das marcas e da indústria de calçados, baseada no material dos tênis, mas não em estudos clínicos que comprovem que a falta de revezamento ou a não substituição do calçado cause lesões”, finaliza Dra. Ana Paula Simões.