Mata fechada castigou corredores (foto: Paulo Gomes#8260; www.webrun.com.br)
Direto de Florianópolis– O circuito do Mountain Do é conhecido por dois aspectos bem característicos: a beleza natural e a dificuldade técnica. Quem se dispõe a fazer a ultramaratona de revezamento pode optar por correr em duplas, quartetos e octetos. E, logicamente, quanto menor o número de pessoas da equipe, mais duro o percalço.
Imagine então para uma dupla que completa a prova em 6h06, como fizeram Giliard Pinheiro e Cleimar Tomazelli, da Companhia dos Cavalos, no Mountain Do Lagoa da Conceição (20/10). Com a marca, eles foram os campeões das duplas masculinas, mas houve até desmaio no caminho até o troféu.
Eu estava bem debilitado, a prova foi bem mais dura do que no ano passado, conta Cleimar, que correu em duplas na Lagoa da Conceição pela quarta vez. Estava muito difícil, um clima pesado, abafado dentro do mato. Tive uma baixa de pressão, lembro que me senti mal e acordei olhando para as árvores, conta, referindo-se aos trechos finais da competição.
Não sei quanto tempo fiquei apagado, mas não passou ninguém por mim, então deve ter sido pouco tempo. Levantei, tomei um gel, bala de sal e segui, relembra. Segundo o corredor, sua resistência foi minada aos poucos. Primeiro, pelas dunas da Joaquina, que estavam muito íngremes, muito fofas. Foi o primeiro trecho que correu na prova e pela primeira vez em todas suas participações, teve que subir engatinhando, cravando as unhas na duna, como ele mesmo ilustra. Depois, pelas trilhas fechadas e, sobretudo, pelo clima.
Clima pesado– Ao contrário de outros atletas, que agradeceram o céu fechado, Cleimar sentiu muito o mormaço da ilha. O clima foi o que tornou tudo mais difícil, estava muito abafado, um mormaço muito grande. Às vezes é pior do que quando o sol está espalhado.
Ainda assim, enaltece a beleza natural de Florianópolis. É um percurso muito lindo e a gente sempre virá para cá. Trouxemos 32 pessoas neste ano e a ideia é aumentar, prova de revezamento é muito melhor para uma equipe porque a confraternização é bem maior, avalia.
Estratégia para a vitória– O mal estar de Cleimar foi fruto da opção estratégica da dupla, de deixá-lo com os pontos mais duros do percurso enquanto Giliard faria os planos. Eu tinha visto a lista dos inscritos e vi que tinham duplas bem fortes, principalmente o Daniel e o André (Vegana/ Master Adventure Sports) lá de Bombinhas (SC), uma dupla bem forte que eu sabia que iria brigar com a gente até o fim.
Pensando nisso, a dupla planejou que Giliard um dos melhores corredores de montanha da América Latina fizesse os trechos com menor variação altimétrica (um, dois, cinco e seis), enquanto Cleimar faria a parte mais pesada (três, quatro, sete e oito). Fiz Joaquina e o morro seguinte, o morro da Praia Mole e a pedreira pura do final, costeando a lagoa no meio do mato trecho em que apagou.
Mesmo apesar de ele ser o melhor corredor de montanha do Brasil e um dos melhores do mundo, a gente parou para pensar: na montanha, como é muito íngreme, não dá para imprimir um ritmo tão forte. A nossa diferença (de tempo) não seria tão grande, explica Cleimar.
Já em trechos planos, de acordo com o corredor, a diferença entre os dois é clara. Eu tenho tempo de dez quilômetros para 36min e ele para 32min. Apesar de eu ficar mais desgastado com essa estratégia, a gente conseguiu estabelecer a vantagem por causa da velocidade dele no plano, encerra.
Este texto foi escrito por: Paulo Gomes