Narloch está otimista com a Olimpíada no quintal de casa (foto: Thiago Padovanni/ www.webrun.com.br)
Na tarde desta sexta-feira (02/09) o Comitê Olímpico Internacional anunciou em Copenhague, na Dinamarca, o Rio de Janeiro como cidade sede da Olimpíada de 2016, após disputas com Tóquio, Chicago e Madri. A cidade brasileira recebeu 66 votos contra 32 da cidade espanhola, que passou para a final junto com o Rio.
A maratonista Márcia Narloch, medalha de prata nos Jogos Pan-americanos de 2007 no Rio de Janeiro, relata que ficou muito contente com a escolha. Foi um sonho concretizado, um trabalho feito com muita confiança e dedicação e esperamos que traga muitos benefícios para o esporte. A carioca sabe, porém, que há muito o que ser feito. Temos que trabalhar e buscar um número maior de atletas para conquistarmos mais medalhas.
Apesar da estrutura de um Pan-americano ser menor que a de uma Olimpíada, Narloch acredita que o exemplo dado pelos cariocas em 2007 tem tudo para ser repetido em 2016. Dos últimos três Pans que participei, o Rio foi um exemplo de organização. Mas acredito que é necessário melhorar o transporte, a infraestrutura hoteleira, entre outras coisas.
Apesar de ainda faltarem sete anos para o início das disputas, é necessário acelerar desde já as obras e colocar a mão na massa para evitar surpresas. O pessoal entendeu a complexidade da organização do Pan, mas algumas coisas ficaram para a última hora, então a Olimpíada tem que ser feita a partir de hoje, encerra.
Já o triathleta Juraci Moreira, presente nas três Olimpíadas em que o triathlon entrou como modalidade oficial, já faz planos audaciosos para daqui há sete anos. Eu sonhava em chegar à inédita quarta olimpíada consecutiva, mas agora os planos foram alterados. Quero competir como minha última prova no triathlon numa olimpíada no Brasil. Será, se Deus quiser, minha quinta olimpíada, aos 37 anos de idade e no local onde ganhei a medalha no Pan de 2007.
Medalhista de bronze na ocasião, ele elogia a organização do evento e elogia a escolha para 2016. No Pan, já achei perfeito e com nível olímpico. Desde então, acreditei que o Brasil tinha chances de realizar uma Olimpíada.
Contrapartida – Já para Sérgio Nogueira, diretor do clube de atletismo BM&F Bovespa, o governo precisa se preocupar um pouco mais com o esporte de base antes de pensar em eventos grandiosos como uma Olimpíada. Infelizmente nos últimos 20 a 25 anos não houve nenhuma política ou ação para o esporte na juventude.
Ele comenta que em vez de construir estádios, piscinas e locais de competição, o dinheiro deveria ser investido num trabalho de formação, o que leva bastante tempo e certamente não será visto até 2016. Com exceção de um ou outro atleta que possa ser revelação, a maioria já está treinando para os jogos.
O Brasil concorreu com candidatos de peso e que possuem políticas públicas de incentivo no esporte, seja no âmbito empresarial como o Japão, ou nas escolas e universidades, como faz há muitos anos os Estados Unidos. A única coisa feita nesse governo foi investir no COB, que é alto rendimento.
Segundo o diretor, apenas durante o Regime Militar no Brasil, houve preocupação com o esporte de base. Não estou defendendo os militares, que tiveram seus erros e acertos, mas foram os únicos com essa política no país.
Para Sérgio, os fatores que pesaram na escolha foram as belezas do Rio de Janeiro o fato de nunca ter havido uma Olimpíada na América do Sul, ao contrário da Europa, que terá Londres como sede em 2012. O legado estrutural vai ficar, com aeroportos, hotelaria, comunicação, etc, e é necessário que os governantes se conscientizem que o esporte também é importante, não apenas as obras.
Elogio –Jacques Rogge, Presidente do Comitê Olímpico Internacional, comenta a escolha da cidade sede e tece elogios ao Rio.Gostaria de dar os parabéns à cidade, que apresentou ao Comitê um projeto técnico muito forte, com o intuito de transformar os jogos numa celebração do esporte para os atletas e, ao mesmo tempo, ampliar as aspirações para o futuro. Bem vindo Rio!.
Este texto foi escrito por: Alexandre Koda